domingo, maio 31, 2009

O pôr do sol

A luz, pouco a pouco, tragada.
O colorido torna-se um tom.

O sol parte para a pousada.
Move-se sem emitir nenhum som.

O dia é sugado pelo monte.
Desaparece ao horizonte.

A falta

As palavras, às vezes, me faltam
E falham a compor qualquer texto.

E o escritor sente-se então,
Um garoto fora do contexto.

Que parece esforçar-se em vão.
Esconde-se atrás do pretexto.

Mais um soneto a ela

Nunca vou me cansa de repetir
Quão grande é meu amor por ela.
Sempre me entristeço ao partir,
Deixar para trás visão tão bela.

Nunca vou abandonar o sorrir
Ao ver o sol entrar pela janela.
Pois sei que em breve poderei ir,
Finalmente, ao encontro dela.

Embriagado por esta paixão
Que rendo-me sem relutar qualquer.
Atiro-me de corpo e alma.

É a musa que me traz a calma.
É tão linda e doce mulher.
É quem embala meu coração.

Soneto de comemoração

Um, dois, três ou outro número qualquer.
Seja década, ano, mês ou dia.
Esteja no lugar que estiver.
Para celebrar a alegria.

Pode ser natal, aniversário
Ou qualquer outra comemoração.
É o sorriso embrionário
Que vem para a vida, emoção.

Tão singelo em face infantil.
Tão raro em rosto mais vivido.
Tão belo é o traço da feição.

Abraços risadas e canção.
O corte do bolo, o pedido.
Felicidade e amigos mil.

Encontro

Tão efêmero é o momento.
Tão intenso é o sentimento.

Tão rara e bela é a visão.
Tão agradável é a sensação.

Simples fato de estar ao lado.
Realiza o sonho dourado.

Jogo de palavras

Brincar com o sentido.
Jogo da semântica.

Em tom mais divertido
Ou forma romântica.

Teor tão irônico,
Postura inocente.

O amor platônico.
Fábula envolvente.

A Confusão

As informações em tal colisão.
Inevitável quiproquó se faz.

Sobe a temperatura então
Perde-se a condição sagaz.

Instala-se assim a discussão
Nasce o sepultamento da paz.

Estilo fugaz

Ao mundo, olhar superficial.
O instantâneo envolvimento.

Desperta sentimento trivial.
A vida toda em um momento.

O viver no eterno balançar.
Sempre entre ter tudo ou nada.

Aos obstáculos, o atropelar.
Sem magia ou contos de fada.

Incompetência

Menor é a de não cumprir,
Pode não ter aprendido.

O grave é não assumir
Qualquer erro cometido.

E assim, tudo transferir.
O ato tão corrompido.

Dádiva da ignorância

O prestígio de não saber
Para alheio manter-se.

É uma maneira de não ver.
Fugir, o não envolver-se.

Quem sabe poderia ser
Modo de não arrepender-se.

Seria mais fácil viver
No escuro, esconder-se.

sábado, maio 30, 2009

Insensível

Sentir com os outros,
Ato impossível.

Agir como poucos,
Não ser insensível.

Gritar feito loucos,
Ficar invisível.

Sairemos roucos.
A dor previsível.

O fino véu

A catarata da humildade,
Sutil véu que cobre a visão,
Que esconde toda a verdade.
Afunda até a imensidão.
Tamanha é a profundidade
Perde por completa a proporção.

Lisonjeiro

O fácil lisonjear
Cobre o puro olhar.
À soberba se render.
O sentido se perder.

A causa se dispersa.
Então insuportável,
Torna-se a conversa
Com o ser venerável.

A grande viagem

Do pássaro, o voo mais alto
De altura estratosférica.
Da vida o mais incrível salto,
Torna-a única, homérica.

Intrépido ato revelador.
Em novos rumos se arremessar.
Transportar-se até o esplendor.
Para a joia rara encontrar.

O teor

Como o vinho, o sabor
Seja seco ou suave.
Seja intenso o teor
Ou leve como uma ave.

É rubro, vibrante, tinto.
É puro, alvo e branco.
Embriaga o que sinto.
Afoga todo o pranto.

Primeiro voo

Das garras, o libertar.
Voar como passarinho
E cortar todo o ar.
Desviar do espinho.
Viver feliz a cantar.
Abandonar o ninho.

Os males do ser racional

Racionalizar a sensação
É diminuir a mente.
Entender o coração
É torná-lo carente.
A mais concreta ilusão
Que engana toda a gente.

Dissertar em poesia

O dissertar em poesia
É tão ingrata missão.
Concretizar a fantasia,
Em uma reles opinião,
É corromper toda magia
Que toma o coração.

Clandestino

Invade a mente sem permissão,
Corroendo todo o pensar.
Perfura o mais forte coração.
Invadindo-o sem perguntar.

Perturba todos os sentimentos,
A tal sensação clandestina.
Que arrebata os desatentos
Em uma dor tão repentina.

Basta um momento de distração,
E ele pode se infiltrar.
Não é permitida desatenção
Deve para sempre vigiar.

A vida em um segundo

A imperceptível revolução.
A mutação momentânea.
A constante transfiguração
Não traz causa instantânea.

O tempo insignificante
Torna-se tão importante.
Não pelo ato isolado
Mas pelo total acumulado.

A cada segundo da vida
Pode renovar por completo.
Mas é caso tão discreto,
Que a mudança não é percebida.

Os medos mais profundos

O temor que rouba a calma,
Em um súbito instante,
Dilacera toda a alma.
Fere com dor berrante.

Extrapola a sanidade
E parte em dois, o coração.
A coragem é raridade
E o lutar torna-se em vão.

Química da paixão

Unir em cada elemento.
O choque das substâncias.

Moléculas em movimento.
Energia em abundância.

Sentimentos em combustão
Organismos atômicos.

Dois corpos, uma sensação
Sem compostos platônicos.

Alquimia dos pensamentos

Dos pesados, turvos e cinzentos,
Transmutados para outra visão.

Transfiguração dos pensamentos
Para sonhos dourados então.

É o alquimista das emoções
Que faz toda quimera existir.

É a transformação das sensações.
Da longevidade, o elixir.

O vibrar da corda

Ao vibrar da corda
Espalha-se a canção.

O amor que acorda,
Toma o coração.

Puro sentimento
Encanta com emoção.

De paz, o momento.
Segundo de apreciação.

Diversão, acalento.
Do amar, declaração.

Auto-avaliação

Espelho avaliador
Corrige a postura.
Rédeas, dominador,
Suave e dura.

Visão do examinador
Olhar para dentro
E reconhecer o sentimento.

Trabalho dominical

O descanso, ignorar.
Ao sétimo dia,
Santidade abandonar.
Ato de rebeldia
Ao recesso labutar.

Escrever

Em palavras exprimir.
Em frases expressar.

Em um papel, resumir.
As emoções, revelar.

Em prosa, poesia
Com o sentido brincar.

Tristeza, alegria
Em um único lugar.

Fala que arrepia.
Faces da vida, mostrar.

Emoções em choque

Dúvidas, incertezas.
Tomado pela insensatez.

Esquece-se da beleza.
O encanto se desfez.

A queda da realeza.
A perda da vez.

Humor

Transfiguração do semblante
Altera os adornos.

O detalhe berrante,
Cobre os contornos.

A alta satisfação
Sofre instantânea mutação.

Dito contraditório

O escrever rebuscado
Gera contradições

O artifício criado
Com predicações,

Sugere ao renomado
Uma série de distinções.

Não convém ser citado
Por suas limitações.

A insensatez

Tamanha insensatez
Toma minha mente.

Pode ser, talvez,
Motivo contundente.

Ou pela escassez
De prova convincente.

Insegurança

Medo constante
Pela mente, contraído.

O fim a cada instante
Pensamento sofrido.

Desconfiança irritante.
O crer, comprometido.

Estado mortificante.
O coração corrompido.

Avenida

Rua comprida
Ou importante.
Histórias de vida
A todo instante.

Pode ser famosa,
Como a paulista,
Toda charmosa
E, às vezes, elitista.

Ou sem grande expressão
Mas da cidade a união.
Mesmo sem tanto porte
Atravessa-a de sul a norte.

Inovações

Protótipos revolucionários.
De tudo a simulação.
Complemento temporário.
Requer inovação.

A todo horário
Clama por renovação.
O uso é secundário.

Para fugir do tédio
O novo é o remédio.

Noite na faculdade

Momento de alimentação
Conversas ao vento
Conhecimento, a aquisição
Distração, divertimento
Atenção atribuída
Ao momento da partida.

sexta-feira, maio 29, 2009

Falência Paterna

- Já para dentro!
- Entre você!

- Quieto por um momento!
- Cale-se você!

- Vai ver pelo atrevimento!
- Pago para ver!

Satisfação pessoal

O gozo de conquistar.
Orgasmo individual.

Ao palco adentrar.
O prêmio sensacional.

O item do relicário.
Sucesso temporário.

A fúria das águas

No céu o negror.
Tormenta celestial.
Espalha o terror
O medo descomunal.

A onda violenta,
Balança furiosa,
Onde bate, arrebenta,
Até a forma rochosa.

As águas em furor
Trazem destruição.
Mas se afogam a dor
Trazem a renovação.

Tomado pela tristeza

A luz se faz ausente
Mergulha na solidão.

Ferida tão latente.
O muro de divisão.

A chuva cai ardente.
A alma em corrosão.

Cai então, carente.
Saída além da visão.

Instinto agressivo

O mal adormecido
No fundo da mente.

Às vezes, esquecido
Inócuo, ausente.

O instinto agressivo
Machuca toda gente.

O ato tão nocivo.
A postura demente.

Palavras jogadas

Impropérios distribuir
Sem a mínima reflexão.

Se vai ofender ou ferir
Não traz qualquer preocupação.

Expressar todo o sentir
Em uma intensa explosão.

Nervos aflorados

Pela pele exposta.
Os arrepios de tensão.

A fúria sem resposta
Em súbita explosão.

Ferir a quem se gosta
Sem nenhuma explicação.

Interação

É, até certo ponto, estranho o desejo de fazer parte de algo. Principalmente, quando este algo dá certo.
A sensação de dever cumprido de quem sequer participou, é tão contraditório. O valor atribuído a um trabalho é tão ilusório, parece valer mais para quem nada, ou quase nada, fez, do que para aquele que, intensamente, se dedicou. Talvez pelo fato de que quem o fez ache ato banal, comum.
Ato realizado é ação consumada, passado, já foi, já aconteceu. E quem nada fez, ao ver o resultado final, surpreende-se ao deparar-se com “tamanho feito”, em sua limitada percepção de ausente participante.
O grito da multidão, mesmo que em sua fantasiosa visão diga o contrário, não faz parte da música. São apenas os músicos que a fazem e ponto. É particularidade deles, desde o semear o trabalho, até a comemoração pelas glórias. É satisfação pessoal e não orgasmo coletivo.

Ato estranho

Sai da normalidade.
Age de outra maneira,
Sem a tal simplicidade
Ou a postura faceira.

Em um ato trivial
Percebe-se a mudança.
Ferimento colossal
Que machuca, cansa.

Os créditos

Uma homenagem prestar

Ao feito realizado.

Pode ser ao encontrar

Ou póstumo publicado.

A gratidão, demonstrar.

Como herói, rotulado.

Mesmo sem acreditar.

Antes de concretizado.

quarta-feira, maio 27, 2009

Ostentar

O ar estratosférico
É escasso, rarefeito.
Pelo ato homérico
Excessivo satisfeito.

Afasta a companhia.
Dissipa qualquer multidão.
Desfaz-se a simpatia.
Assim, nasce a reclusão.

Relatividade das coisas

Um peso, mil medidas.

O tal ponto de vista.

Tamanho das feridas,

Na fala do artista.

O atribuir valor

Muda com a posição.

Quando é minha a dor,

Tremenda imensidão.

Alternância

Do baixo para o alto.

A força de todo fraco.

A vida em grande salto.

Do vidro para o caco.

O claro e o escuro.

Sai a noite, vem o dia.

Horizonte como muro.

A tão triste alegria.

O valor de participar

A parte o todo compõe

O todo depende da parte

Fazer o que se propõe

A mais rara arte

Vale mais a atuação

Do que participar

O canto da multidão

Não faz a banda aumentar.

Sinais de vida

O ar pelo nariz

Sentir a pulsação

O sentimento diz

Se vai viver ou não

Se era muito feliz

Lutará muito então

Se a fé era um triz

O lutar será em vão.

terça-feira, maio 26, 2009

Modo de expressão

O fato é exposto
Próprio entendimento
O outro é deposto
Sem o pronunciamento

É a minha maneira
Vou então me expressar
E a vida inteira
Vou então te magoar.

O melhor da vida

Ao contrário que se diz
O melhor é ser feliz.

Sem posses a ostentar
Ou milhões para contar.

Para ter alegria
É bem simples de fazer.

Envolver-se de magia
Sempre sorrindo, viver.

Esta é a receita,
Basta ser bem feita.

Mente acelerada

Na para...
Só pensa...
Dispara...
Intensa...
E a mil...
Só corre...
Sem cantil...
Fim, morre.

Como nasce um sorriso

O ato gentil
Desperta amor
Agir infantil
Espanta a dor
Alma tomada
Sutil sensação
É renovada
Luz no coração.

Iluminada
A boa viração
E pelas veias
Corre emoção
Pura faceira,
Toma-o então.

O ato de esquecer

Cada passo vou mostrar
Como faz para esquecer.

O da mente apagar.
Ignorar todo sofrer.

Não ligar e relevar.
Só deixar acontecer.

Verdadeiro perdoar.
Deixar tudo para trás.

Toda a dor, enterrar.
Encontrar-ser com a paz.

Alegria

Risos e gargalhadas
Espontâneo vibrar

Sem motivo ou piadas
Para feliz estar.

Sorriso natural
Comemorado sentimento.

Alegria integral
Só por um momento.

Carinhos e carícias

Como seda tocar
Sutil, delicado.

A pele deslizar.
Corpo contornado.

Aos poucos envolver
Desejos despertar.

Estado de prazer.
A mente delirar.

A revolta

Chama no olhar
Labaredas inflamadas

Pela fúria dominar
Lamúrias acentuadas

Derruba constituições
Quebra paradigmas

A semente das revoluções
O fim dos enigmas

O parque

A roda gigante
Pipoca e amendoim
Copo de refrigerante
O rodopio sem fim
De ponta cabeça
O mundo girou
Na última terça
O parque fechou.

Divide bem

Uma parte de um lado
Que parte o todo.

O tal conglomerado
De tão citado engodo.

Cada com sua parcela.
Uma tremenda, muitas singelas.

Tudo bem dividido
Para o mais favorecido.

A arte dos anos dourados

É repleta de ternura
E gestos de inocência.
Movimentos de lisura
Que compõem a sua essência.

A vitória do talento.
Expressão do sentimento.
O auge da qualidade.
A fina habilidade.

O ato, então, singelo.
Criar com tanto esmero.
O olhar é tão sincero.
O cantar sempre tão belo.

Corrida contra o tempo

Só corra
Sem parar
Ou morra
No lugar
A zorra
Acatar
Ou morra
No lugar
Masmorra
Transformar
A forra
Dominar
Só corra
Sem parar
Mas morra
Para lá.

Soneto de declaração de amor

Em palavras não posso traduzir
A imensidão do sentimento.
Dizê-las seria um vão resumir.
Seria, então, jogá-las ao vento.

Ao escrevê-las posso, quem sabe,
Tentar ao menos eternizá-lo.
Mas em um texto não cabe.
Não será capaz de expressá-lo.

Canto em prosa, declamo verso.
E declaro meu amor a ela.
De forma pomposa e singela.

Atravesso todo universo
Em busca da mais bela estrela.
Para, enfim, ao meu lado tê-la.

Degustação do beijo

Toque sereno
De ritmo lento.

Teor ameno
Em acalento.

Sinta a textura
Em suaves deslizes.

Ato de lisura.
Os lábios felizes.

Curto momento

Uma respiração.
Dos olhos, piscar.

Bate coração.
A falta de ar.

A gota no chão.
Vento gelado.

Sutil emoção.
Sente calado.

Suaves colocações

Aceite a questão!
Não me ofenda!

Abandone sua visão!
Comigo aprenda!

Siga minha direção!
Deixe minha oferenda!

Sem discussão,
Me atenda!

A foto vazia

Pessoas em pose.
Sorrisos forçados.
Hipocrisia em close.
Os antes detestados,
Dividem a cena,
Em um retrato animado
Na moldura pequena.

Meias palavras

O sentido literal
Da ofensa contida.
Teor prejudicial.
A dor sentida,
A queda da harmonia,
Impedem que sorria.

Companheirismo

Saber entender
Sem agredir.

Sem pensar ou dizer
Saber ouvir.

Sem nada falar
Para não magoar.

O trabalho em equipe

Este, como na maioria dos grupos, possui suas personagens. Integrantes com funções distintas, umas essenciais, outras “primordiais” para a execução de qualquer trabalho.
O primeiro é o palpiteiro. Citado antes dos outros por justiça, valorizando sua maior qualidade, a sugestão. Sempre o primeiro a falar. Tudo possui um defeito e requer melhorias. O último a trabalhar. Afinal isso é papel dos que não possuem sua visão privilegiada.
A seguir, temos os políticos. Gostam de falar. Porém, diferente dos palpiteiros, não possuem opinião tão firme. Analisa os pontos de vista e segue o que acredita ser o certo. O que, coincidentemente, é a visão vencedora. O aspecto em comum com a classe anterior é a aversão ao trabalho.
Há também os turistas, que estão no grupo a passeio. Não tem grandes preocupações, até porque, a vida pessoal já traz muitas. Sempre muito ocupados, detém um grande poder de improviso. Criam desculpas como ninguém, habilidade que também pertence aos políticos, não citada antes, talvez por acarretar muito trabalho a eles.
Chegamos a um dos casos mais interessantes, os lamentosos. Carregam um grande pesar, a exemplo dos anteriores, não trabalha. Não são tão bons em justificativas, mas isso é superado com grande capacidade dramática. Talvez pelo fato deste seleto grupo sempre estar em prejuízo com algo.
O próximo tipo de integrante, a exemplo dos já citados, gosta muito de falar. No entanto, possui um traço atípico. Eles trabalham. Não tanto quanto deveriam, mas o fazem. São os “reclamões”. Muitos confundem com os palpiteiros, porém, suas reclamações vão além, não se limitam ao projeto em si. Estendem-se aos companheiros de equipe, externos, ou seja, a tudo e a todos.
E finalmente chegamos à classe trabalhadora. Talvez por não possuírem as “capacidades extraordinárias” ou o repertório tão vasto de habilidades dos outros integrantes, ficam com o trabalho. Na verdade a classe trabalhadora, a exemplo dos “reclamões”, tem lamúrias e reclamações a serem feitas, no entanto não exercem essa função, pois estão muito ocupados com atividades menores. Trabalhando.

segunda-feira, maio 25, 2009

Força de expressão

Não é o que foi dito
Muito menos escrito.

É de outra visão,
Outra interpretação.

Para alguns, bendito.
Outros vêem maldição.

Às vezes não acredito
Como é forte uma expressão.

Grupo

A parte do todo
Não compõe a totalidade.

Vale o acordo
Que pede cumplicidade.

Serve de engodo
Para a falsidade.

Finge ser o todo,
Mas é individualidade.

Simplicidade

De tão complexas que são
Geram diversas leituras.

E as palavras então
Os traduzem à altura.

A mais simples expressão
Carregada de lisura

É a interpretação
Mais e sincera e tão pura...

Impulso

O ato, o impulso
Desejo saciado.
Alheio, avulso
Clímax alcançado.
O pudor expulso
Permanece petrificado.

O sono conturbado

De forma rotineira, preparou-se para mais uma noite de sono. Trocou a roupa de trabalho por vestimenta mais confortável. Deitou-se e esperou o sono chegar.
Ao cair das pálpebras começou então a sonhar.
Vira de um lado para o outro, demonstrando medo e desespero. O seu pesado o faz acordar no meio da madrugada. Olha em volta para certificar-se que foi apenas um sonho.
Levanta-se e vai até a cozinha para tomar um copo de água e, assim, se acalmar, na tentativa de esquecer as cenas horríveis que presenciou em seu momento de terror ilusório.
Voltou para o quarto e dirigiu-se até a cama. Ajeitou tudo novamente e deitou-se. Ficou olhando para o teto por alguns minutos. Era o receio que tomava conta de sua mente. Temia que ao adormecer pudesse viver novamente aquelas sensações horríveis.
Olhou para o relógio, o visor exibia a seguinte hora: 03:27. constatou que era muito cedo para manter-se acordado. Pensou, pensou e finalmente chegou a conclusão que era necessário enfrentar seu medo.
Ajeitou-se na cama mais uma vez. Fechou os olhos e ficou esperando o sono chegar e quando menos esperava, adormeceu.

Teorias abstratas

A visão subjetiva
De um mundo abstrato.

A percepção altiva
Em forma de retrato.

Um ponto de vista
Em estado de afirmação.

Sem qualquer pista
Para sua realização.

Soneto do abraço

Envolvê-la toda com os braços.
Demonstrar carinho e proteção.
Do amor o tão intenso laço.
Quando forte, representa paixão.

Os corpos permanecem colados.
Contornos de encaixe perfeito.
Que desejam ficar atrelados.
Unidos sobre sonhado leito.

Clamam então pelo carnal prazer.
O firme toque é pedido.
O rito do amor enfim tecer.

Ceder a vontade da libido.
Nos laços da paixão se envolver.
O clamor da pele atendido.

Cronometrar

Tic, tac...
Avançam os segundos...
Tic, tac...
É preciso correr...
Tic, tac...
O tempo passa...
Tic, tac...
Sem descansar...
Tic, tac...
Sem parar...
Tic, tac...
Sem ar
Tic, tac...
Fim.

Duas semanas

A visão subjetiva
De um mundo abstrato.

A percepção altiva
Em forma de retrato.

Um ponto de vista
Em estado de afirmação.

Sem qualquer pista
Para sua realização.

O casal

Essa é a história de u m casal um pouco diferente. Eles não pertencem a mesma classe, não do ponto vista social, como dominante, emergente ou desfavorecido, mas sim pelo aspecto físico.
Possuíam composições e formas diferentes, porém, completavam-se como poucos. Unidos podiam tudo, compor uma canção, expressar o amor, criar uma distração, mudar a legislação, a arte renovar, o mundo mudar.
De normal, esse casal tem a divisão de gênero, ele o papel, ela a caneta. De peculiar é a forma de relação. Ao contrário do padrão humano é ele quem recebe dela o toque que gera frutos. É ele quem carrega consigo a cria composta no momento de união.
Mas como todo relacionamento pode haver traição com a caneta percorrendo por outros papéis ou o papel recebendo outras canetas. Também pode haver a extinção, quando dela acaba a tinta ou dele termina a extensão.

sexta-feira, maio 22, 2009

A estrela apagada

Perdida lá no céu
Em meio à imensidão.

Sem brilho como véu.
Solitária está então.

O novelo de lã

Estica a linha...
Estica a linha...
Move a agulha de tricô...

Vira e puxa...
Vira e puxa...
O casaco se formou.

Noite conturbada

Sons estridentes
Atravessam o ar.

Passos de gente
Tentam me acordar.

Coro uníssono
Que leva a calma.

Afastam o sono.
Perturbam a alma.

Atribuição de valor

Tenho carro
Tenho avião.

Nunca me amarro.
Escondo o coração.

Carteira recheada
De cifras absurdas.

Humanidade ignorada.
Consciências surdas.

O fim de tarde

Pouco a pouco, o sol daminha rumo ao seu ponto de descanso, lavando consigo, as cores do céu.
O relógio registra: 17h08min. Outro fato que confirma a proximidade do encerramento do período vespertino.
Nos olhos, uma mistura de felicidade e ansiedade, unidas não apenas por sufixos, mas por traduzirem a sensação, os sentimentos que arrebatam o coração.
Pode parecer estranho, pois para muitos a felicidade rima com tranquilidade e ansiedade, por sua vez, é um dos sinônimos de desespero.
A questão é resolvida alterando o ponto de vista. Felicidade e ansiedade rimam com liberdade e são sinônimos de “o amor encontrar”. Resumindo, felicidade pela proximidade da liberdade e por se aproximar do momento de com o amor se deparar.
Ansiedade para a chegada da liberdade e para logo o amor achar.
Tudo muito simples, sem muita complicação. Cada significado muda de acordo com a posição.

Histórias do adormecer

Nascem com os das pálpebras cair.
Das portas da realidade, o fechar.

Para a surreal viagem partir.
Rumo à outra dimensão, se transportar.

Aos contos utópicos se render
De travessias, aventuras, perigos.

Com falsas sensações se entreter.
Mistura medo, coragem, inimigos.

Viver amores, batalhas vencer.
No escuro dos olhos, acham abrigos.

Mentiras

Muitos usam para poupar.
Outros afirmam proteger.

Os fatos alterar.
A realidade distorcer.

O vil artifício.
Da fé o desperdício.

O brincar com a verdade
Começa com baixa idade.

Conversas da meia-noite

Pelo sono, entorpecidos.
Aos risos e gargalhadas.

Com frases sem sentido,
Histórias são contadas.

Momento de descontração.
A singela felicidade.

A paz e a união.
A alegre fugacidade.

Memórias da infância

De rua as brincadeiras.
Histórias para adormecer.

Escalar jabuticabeiras.
O cansaço ao entardecer.

Os jogos de futebol.
As inocentes travessuras.

Mais um nascer do sol.
Repleto de aventuras.

Controle das emoções

O controle dos impulsos é um elemento cada vez mais importante para se estabelecer um bom convívio social.
As pressões dos tempos atuais fazem que o “pavio” torne-se tão curto que basta a mínima faísca para uma explosão de proporção nuclear se instalar.
A queda de uma agulha se transforma em um estrondo quilométrico e a pequena gota no copo, transfigura-se em tempestade, a declaração de um dos amantes enterra o sentimento.
Viver intensamente é importante, com tanto que seja usado corretamente, mergulhando apenas em águas límpidas, de boas vibrações, ignorando as correntes fétidas, provindas dos sofrimentos e decepções.
O costume de se deixar levar pelos maus fluídos resulta na infelicidade. A felicidade, tão desejada, não é um estado constante. Muito pelo contrário, assim como a tristeza, que diversas vezes afirmaram não ter fim, é limitada. O segredo está na seguinte atitude, saber contornar os momentos ruins e aproveitar os bons. Parece solução tão simples na teoria, mas na prática não é tão fácil assim.
Por isso, o domínio dos sentimentos é um fato positivo, pois a linha que divide o amor e a dor é tênue. Sem assim, o esforço é o mesmo, tanto para sofrer quanto para amar, cabe a nós apenas escolher onde iremos destinar nossas forças.

O clima

Mesmo o quente
Pode ser divisor
Ou então envolvente.

Mesmo o gelado
Pode ter amor
Ou ser fim decretado.

Mesmo o ameno
Pode ter o teor
De um veneno.

O mundo ao redor

Composto por elementos físicos.
Sólidos, frios e concretos.

E por seres de costumes típicos.
Uns escandalosos, uns discretos.

Alguns atos com teores cítricos.
E outros de doçura repletos.

O mundo que é formado ao redor.
Pode ser tanto melhor quanto pior.

Basta um ângulo selecionar.
Para a vista, então apontar.

O cultivo da paciência

A terra árida para alguns.
Para outros, campo abundante.
Os pequenos fatos comuns.
Que arrebatam num instante.

É preciso o coração semear
Com sentimentos provindos do amor.
A mente, então, arar.
Para o ambiente compor.

Propício para brotar.
Tão bela quanto uma flor.
No solo cardíaco gerar.
A paciência do criador.

O preço da irritação

A vida não aproveitar.
O tempo que escapa entre os dedos.

Com intensidade do mar.
Uma raiva que só alimenta o medo.

Bons momentos, abandonar.
Trocar por um melancólico enredo.

O tal destemperar intento
Pode custar um sentimento.

O tempo

Com o tempo dá-se a vida mais valor.
Não é mais frequente o arriscar.
Da adrenalina, diminui-se teor.

Com o tempo ganha-se experiência.
De todo impulso se libertar.
Pensa ao agir, adquire consciência.

Com o tempo quebram-se as todas as grades.
Aprende-se então a voar.
Enxergar beleza em todas as tarde.

Com o tempo compreende-se o viver.
Com a alegria de um olhar,
As mazelas parecem desaparecer.

A tempestade

A chuva que havia começado serena, em algumas horas, transfigurou-se para violenta, de garoa a tormenta. As gotas cortavam os céus e arrebentavam no chão. Acompanhadas por pedras devastadoras, desastrosos raios e inibidores trovões.
Há muito não se via tão violenta tempestade, que sem dó e, muito menos, piedade, arrasavam tudo por onde passava, deixando para trás um rastro de destruição.
Ao voltar para o oceano, além de todos seus elementos, adquiriu novos ventos e as ondas, passou a conduzir. Perdida, no meio das águas, estava a pequena embarcação de pescadores que atiraram-se ao mar em busca do sustento.
Ainda não possuíam grande experiência. Em contra partida, sobrava-lhes petulância. Por isso, encontravam-se em tal circunstância, presos no mar, em meio a tão horrível temporal.
Por ignorar os conselhos dos mais velhos, sábios conhecedores das águas salgadas, seguiram o destino dos arrogantes. Deixaram de lado os avisos por considerarem-se autossuficentes, por não precisarem de ajuda, por sentirem-se inteligentes, por dias perdidos no mar. Enterrados como indigentes em terras tão distantes, pelo simples fato de não aceitar e esperar por alguns instantes.

Viagem marinha

Por águas de puro sal
Trilhar por riscos e aventuras.

O feito tão colossal
Cria histórias e gravuras.

Pelas ondas, embalado.
As difíceis travessias.

Por semanas acordado.
Perder a noção dos dias.

Entre peixes e corais.
Tubarões, golfinhos e baleias.

A vontade se satisfaz
Que chega à areia.

A leitura

As palavras são a passagem
E as frases os caminhos,
Que conduzem a viagem.
Acompanhados ou sozinhos.

Transporta-os a outra dimensão.
Expande todo o saber.
Por entretenimento ou educação,
O importante ato de ler.

O homem e a máquina

Dependência é o estado.
Não mais um mero instrumento.

Agora o posto tomado,
Limita o uso do talento.

O ato não é mais pensado.
Depende do tal elemento.

Maquinário ou eletrônico.
O submisso homem biônico.

Desgaste físico

Queda da resistência.
O baixo rendimento.

Da força, a ausência.
Falha do instrumento.

Desgaste da essência.
Perda do elemento.

A peça principal.
O corpo animal.

quarta-feira, maio 20, 2009

Imposição

A verdade tomada para si.
Veracidade do mundo real.

- O meu certo é melhor para ti.
- Seu errado é fora do normal.

O comportamento controlado.
O ato natural, encerrado.

Constelações

O encontro das estrelas.
Galáxias em festa.
As luas a entretê-las,
Com o brilho que empresta.

Os planetas circulando.
Admirando as comemorações.
De longe, observando,
As mais belas constelações.

Amanhã, outro hoje

O amanhã não existe
A eterna travessia.

Todo hoje se insiste
Em esperar o outro dia.

A história existiu.
O agora já passou.

Sofrer pelo que partiu
Ou pelo que não chegou.

É presente ignorado
Preocupar-se com o futuro.

Sentir pelo passado
É viver no escuro.
No universo da literatura
As letras são estrelas
As palavras, os astros
As frases são galáxias
E o texto, o tecido celeste

Respostas

A dúvida carrega seu preço,
Em todas as perguntas, expresso.

Seja qual for seu endereço.
No medo mais profundo, imerso.

Ilusório pedestal que desço.
A coragem, adorno em verso.

O temor começa a dominar.
Evitá-lo com um aparelho
É o tão sábio fato ignorar:
A resposta está no espelho.

Histórias da meia-noite

O casal de amantes.
O furto no beco.

O luar fascinante.
A taça de vinho seco.

A cidade sonolenta.
O grito do berçário.

Sem carinho que acalenta,
Sofre sempre solitário.

O diálogo

Então ele adentra o quarto e senta-se na beira da cama. Em sua mente mil histórias para contar a ela, sua amada, aquela com quem deseja compartilhar o resto da vida, além do que já foi dividido.
Ela sai do banho e entra no quarto, passa por ele e cumprimenta-o com o olhar. Segue em direção ao armário.
O rapaz começa a contar os fatos empolgantes de seu dia e os relatos deprimentes também. A moça, parada diante do armário, após alguns minutos, vira-se e pergunta ao seu parceiro o que ele havia dito.
Desolado, ele afirma não ser nada de importante, apenas um comentário sobre a opção de roupa para ela. Vai até a companheira. A beija de modo suave e sai do quarto, sai da sala, do apartamento e, quem sabe, da vida dela.

A crise dos 20

Desejar e não encontrar.
O excesso de possibilidades.

Sem roteiros para guiar,
Enfrentar a realidade.

Buscar por uma paixão
Que a vida dê sentido.

Que sirva de inspiração.
Sentir-se menos perdido.

Ambições

Arrecadar, acumular, aumentar.
Dinheiro, riqueza, fortuna.

A qualquer custo embolsar.
Até de forma gatuna.

Cifras, ouro, propriedades.
Sonegar, roubar, matar.

Sim ao eu, não à sociedade.
Com o poder se embriagar.

Um argumento

Não é necessariamente a verdade.
De um ponto de vista a exposição.

É o tentar impor a vontade
Sob qualquer caso ou condição.

Recurso da linguística, a natureza.
Apresentar aspectos e intuitos.

Para o interlocutor ter a certeza
De que o intento foi fortuito.

segunda-feira, maio 18, 2009

A partida

Olhos ligados, momento de mútua atenção. Por um instante o mundo todo perde o sentido e a importância. O universo se resume ao singelo brilho do olhar do outro.
A cidade para, os sons desaparecem. O cenário todo muda de proporção e a sua extensão passa a ter os traços da face. Cada mísero detalhe desta visão merece ser contemplado com máxima admiração.
As pálpebras movem-se lentamente para baixo, trazendo a momentânea escuridão, que se faz virtual, pois o toque e a memória dos contornos transpõem cortinas das janelas da alma e revelam a visão.
Os rostos se aproximam, os lábios se procuram. Ocorre o encontro e o desejado contato torna-se real.
O corpo em êxtase, envolvido pela prazerosa sensação provinda do choque entre as línguas, que traduzem o idioma chamado paixão.
O momento é cessado, os corpos se afastam. Ligados apenas pelo olhar, cada vez mais distante.
A saudade passa a ser sentimento predominante e o único anseio é o novo encontro, mesmo que por um instante.

Carinho mecânico

O toque automatizado
Responde à carícia.

O carinho dissimulado
Na hora propícia.

O falso afeto,
Engana o amante.

Suave e discreto.
O disperso instante.

O desfecho

O final feliz.
O conto de fadas.
Sobreviver por um triz
As batalhas travadas.
A pétala de lis.
A paz roubada.
A melhor resolução
É a que acalenta o coração.

Momento de agonia

Pelo desespero é agarrado
Com laços de grande extensão.

Fortes nós são atados.
A instantânea prisão.

As firmes correntes.
Compõem as barreiras.

Que tornam as mentes
E as mazelas, parceiras.

O ócio

A mente estagnada
Desperta maus devaneios.
Do diabo a morada.
O gélido veraneio.
Imaginação desocupada.
Do inferno o seio.
Cria a vil realidade.
A pessimista possibilidade.

quinta-feira, maio 14, 2009

Desacerto de vontades

Para um o melhor é ficar.
Mas o outro deseja partir.

A vontade de se misturar.
A necessidade de sumir.

Observar as ondas do mar.
Admirar a neve cair.

Certos pontos se desencontram.
Para divergentes caminhos, apontam.

O choro

A lágrima que desliza pela face,
Líquido de sabor marejado.
Do sofrer, às vezes, estampado
Por gotas, o disfarce.

Para muitos a dor expressa.
Lago penoso de extensão imersa.
Simplória analogia, dispersa
Pois é quando o pranto cessa,
Após tanto padecer,
Enxerga-se a profundidade do sofrer.

Luz da manhã

Atravessa a porta aberta
E tudo que era escuro, se ilumina.

A vontade adormecida desperta.
Afasta a lamentação vespertina.

Engana o noturno receio.
Traz o brilho a elucidação.

O brio renascido hasteio.
Do ânimo a injeção.

A expectativa criada

A finalidade dele, às vezes, não condiz com a que ela valoriza. Como também pode ocorrer ao contrário. Os pontos de vista divergentes se colidem e machucam os corações.
Apesar de traços parecidos, em alguns pontos, surgem contradições. Ele gosta da solidão, estar sempre com ela em comunhão. A garota prefere a multidão, amigos e afins, em união.
O rapaz tem certas inseguranças, a moça também.
Ele não consegue conter seu descontentamento. Já ela, nesse aspecto, demonstra um pouco mais de talento.
O fato é a expectativa, que criada sem comunicar. Ficar sozinho com a amada, esquivar-se da multidão. Ela o espera em sua casa para espantar a própria solidão.
Quando o desejo não é atendido, quebrada é a expectativa. Gera raiva, desperta ira e fere o coração, que ferido não quer sofrer sozinho e agride o outro então.
Os dois brigam e a dor é mútua. A divergência de opinião é um caso de difícil solução.

O pão ao circo

Não é só comida que ser quer
Para o indivíduo viver.

Precisa de distração qualquer.
O momento para o lazer.

E quando homem ou mulher
Não tem o que comer?

Quando vazia está a colher
O que devemos fazer?

Cinco minutos

Trezentos são os segundos.
Um doze avos de hora.
Podem ser profundos.
Num instante ir embora.

O momento inatingível
Quando se está com pressa.
O prazo inconcebível
Quando é o que resta.

O instante ou a eternidade,
Dependendo da necessidade.

Aproveitar o material

Ter algo em mente
Para o que se tem em mãos.

Acrescentar o ingrediente.
Aproveitar a informação.

A peça certa, encaixar.
Criar uma nova linguagem.

Pode-se então reaproveitar.
A arte da reciclagem.

Uso correto do material.
Seja raro ou trivial.

Senso comum

A opinião coletiva.
Pode se consagração.

Pode ser o que motiva.
O querer da multidão.

Considerada unanimidade.
Que já foi chamada de burra.

Da maioria, a realidade.
Por qualquer razão, urra.

A natureza morta

A aceitação do fracasso é um traço constante na vida das pessoas, que demonstram um estranho prazer ao se deparar com ele. É difícil dizer se o pessimismo faz parte da criação ou faz parte da essência de algumas pessoas. O fato é que a satisfação de ver alguém errar e dizer “eu avisei que não daria certo” parece ser maior até que o prazer de uma conquista pessoal.
Às vezes, cuidar da vida do outro parece mais interessante, pois é, aparentemente, mais fácil comemorar o fracasso alheio que o próprio sucesso. Isso se dá pelo fato que lutar para obter algo é muito mais penoso do que ficar parado, torcendo pela falha do outro.
Quando questionado sobre o fracasso pessoal a culpa é sempre de algo, alguém ou alguma coisa, o governo, a crise, a televisão, o vizinho, entre outros “obstáculos” que a vida apresenta.
Ao deparar-se com estes vilões, que sugam as energias e impedem as realizações, brota um agrado, um estranho brilho no olhar, quase que doente, pois isso pode justificar o estágio estagnado que se encontra. A desculpa desejada, o bode expiatório, o culpado pelas falhas.
Assim, permanece parado, estático, quase enquadrado em uma obra de natureza morta. Aparentemente o estado desejado, a realização do sonho de contemplar a própria desgraça, aliviada pelo fracasso alheio.

Seleção natural

A propícia conexão
De palavras semelhantes.

Que traduzem emoção
Com formas empolgantes.

A sutil indagação.
As ligações vibrantes.

Do sentido a união.
Os corações ofegantes.

quarta-feira, maio 13, 2009

Escudo

A barreira contra o impacto.
A valorosa proteção.

Mantém a salvo, intacto.
Sem sofre qualquer lesão.

Ao mais fraco, amparo.
Dos ataques se livrar.

Defesa contra o disparo.
A sobrevivência conquistar.

Suave canção

Toca no fundo da alma.
Desperta singelo sentimento.

O coração acalma
Em melódico acalento.

A doce harmonia
Percorre pelo ar.

A bela sinfonia.
O sutil empolgar.

Embala as emoções
Em suaves vibrações.

A mais bela

Desperta em meu olhar
A intensa satisfação.
Que me faz procurar
Tão inspiradora visão.

O prazer encontrar
Com a bela aparição.
Que despeja pelo ar
O charme, a vibração.
Agradeço por enxergar
A cada nova aparição.

Ir além

Por fronteiras avançar.
Longínquo é o trajeto.

Percorrer, atravessar.
Ser transitivo direto.

Os limites superar.
Derrubar cada objeto.

A barreira formar.
O caminho completo.

Ir além da condição.
Do corpo, alma ou coração.

A procura

Duas almas, um desejo:
Juntas permanecer.
O apropriado ensejo
Esperam aparecer.

Dois corpos, um clamor:
Do toque, a carícia.
O momento de amor,
Carinho e malícia.

Dois amantes, um pedido:
A eterna união.
O compromisso prometido:
Completar o coração.

O caminho da vitória

Às vezes duro e tortuoso.
Exige empenho, disposição.
O seu fim é glorioso.
Quando feito de coração.

Entregar-se por inteiro.
Sem temer ou tripudiar.
Obstáculos e espinheiros,
Transpor sem relutar.

A força desconhecida
Lá dentro encontrar.
A motivação escondida.
Os limites, superar.

O amor que você dá

Com a mesma intensidade
Que seja o seu amar.
Será a quantidade
Que irá encontrar.

Basta ser o coração
A nascente do sentimento.
Seguir a intuição.
O carinho ser intento.

Ser mais feliz.
Sentir-se completo.
Como que sempre quis.
De amor, repleto.

Um novo estilo

Um novo modo de fazer.
Por muitos já utilizado.
Inexperiente, pode agir errado
Quando desejar aplicá-lo.
Agindo sem segurança,
A falha se faz presente.
O primor ainda ausente.
Permanece a procurá-lo.

O estilo que conheceu
Muitos já consagrou.
Porém, ele nunca tentou
Arriscar-se em tal inovação.
Pode cair equivocado
Sem possuir certeza.
Sem entender com clareza
A base da nova lição.

Tenta usar a prática
Como forma de aprender.
E, quem sabe, compreender.
Assim, encontrar evolução
Naquilo que mais gosta.
Que faz por apreciar.
Mesmo que sem remunerar.
Para a própria satisfação.

A rodoviária

O ponto de encontro escolhido para a viagem foi a própria rodoviária. Ele chegou um pouco antes, tinha a intenção de conferir o horário do ônibus.
Após certificar-se de quando sairia a condução dirigiu-se ao ponto de encontro. Sentado, começou a observar o movimento enquanto esperava a chegada de sua namorada.
Um homem magro, de pele escura, encontrou um amigo, mais baixo e pele clara. Ambos carregavam uma bolsa de atleta. Ao ouvir a conversa deles, percebeu que estava a caminho de um torneio de futebol.
Caminhando pela rodoviária, ele não tinha o costume de esperar sentado, observou uma senhora agitada. Andava de um lado para o outro, demonstrando preocupação. Também esperava por alguém, era o filho, ainda garoto, que vinha com as passagens.
Com saída de um dos ônibus, o silêncio foi cortado, não pelo barulho do motor, mas por uma voz clamando pelo motorista e um garoto correndo, calado, com as passagens nas mãos, acenando, com a esperança que alguém o visse.
A voz que se dissipava pelo ar não pertencia a ele, até porque não combinaria com seu biótipo, pois se tratava de voz feminina. Era de uma mulher, provavelmente estava com ele. Juntos, perderam o horário de saída do ônibus, mas por sorte, conseguiram embarcar.
Ao observar os demais bancos, encontrava gente de todo tipo. O homem de paletó, provável empresário, a mulher com muitas malas e crianças, seria para visitar algum parente? A família, com pai, mãe e dois filhos com pouca bagagem, talvez um simples passeio ou não possuíssem muito para preenchê-las.
O choque de histórias. Rumos e objetivos distintos, dividindo, mesmo que por alguns instantes, as mesmas sensações, ansiedade e expectativa pela chegada da condução que os levará até os respectivos destinos.
Em meio a tantos devaneios, o rapaz foi surpreendido pela chegada dela. Ao beijá-la, alegrou-se novamente, e seguiram juntos para outra viagem diária, desta vez para outra cidade.

Gestos de amor

Cada um tem seu jeito
De demonstrar o que tem no peito.

Uns são mais explícitos.
Outros preferem ser solícitos.

Tem os que são escandalosos.
Há o caso dos recatados.

Os intensos e calorosos.
Os calmos e controlados.

Não importa a possibilidade
Desde que se respeite a personalidade.

terça-feira, maio 12, 2009

A metrópole

As proporções expandidas
A superiores dimensões.

Pressões e corridas.
Mais probabilidades e opções.

A terra prometida
Para ambas as situações.

O conhecimento, o lazer
E a dor ao entardecer.

Área vip

Ostentar o poder.
Demonstrar mais valor.
Área exclusiva preencher.
Do ego o clamor.

Local mais caro.
Separação monetária.
Presentear o “raro”
Da sociedade precária.

Mesmo quando público.
Surge a tal influência.
Separados da plebe, súditos
Que lhes devem reverência.

Agenda

Marca o dia.
Marca a hora.

Das tarefas, o guia
De amanhã ou agora.

De papel pode ser
Ou também eletrônica.

Para preencher
Com chamada telefônica.

Os compromissos anotar
Para nunca faltar.

A vontade

O intenso desejo
Que surge num instante.

O súbito lampejo
Rasante, inebriante.

Do corpo a enérgica vontade
Que toma toda sanidade.

Ligação

Do telefone a chamada.
Da voz a transmissão.

A presença gravada.
Com o som do coração.

Ou duas almas ligadas
Que dividem a vida então.

Sentir por ela

A felicidade não é completa
Se ela não está bem.

Sem que de alegria esteja repleta
Se o carinho está aquém.

Cai em súbita desgraça
Com a ausência do sorriso.

E qualquer coisa que faça
Não é capaz de recuperar o juízo.

Só recobra a sanidade
Ao recuperada vê-la.

Para ver sua felicidade
Traria a mais distante estrela.

Reunião musical

O ritmo com a bateria
Do contrabaixo, a linha de condução
Dizendo se é tristeza ou alegria
Que vai embalar a canção
Para conduzir os sentimentos
A guitarra e sua melodia
Suave, pesado ou violento
O som que a alma arrepia
A voz traduz em pensamentos
A mensagem da harmonia
Sob o comando magistral
Torna-se um encontro musical

A chegada da cegueira

A luz começou a perder o brilho e a penumbra passou a dominar a paisagem. A visão era cada vez mais turva, sem tanta vivacidade e definição.
Pouco a pouco, a ausência das cores tornou-se regra e a vida rendeu-se à constante escuridão. Não via mais nada, apenas ouvia, sentia e, assim, imaginava a cena, criava o ambiente com os olhos da recordação de quando era vidente.
O sofrimento o consumia, passando a tudo temer. A confiança abalada, não conseguia crer em mais nada. A cegueira parecia ser a extensão da solidão, pois já não era possível ver quem o seu amor destinava.
Com o passar do tempo, os instintos se desenvolveram, ampliando a percepção. Embora possa parecer contraditório, com a chegada da cegueira o sua visão em relação ao mundo foi intensificada, passando a enxergá-lo de verdade, não mais com os olhos de carne, mas com o do coração.
Tudo passou a ser mais belo e sincero, a confiança crescia a cada dia e a fé, tornou-se, quase que totalmente, inabalável.
Assim, chegou à conclusão que sempre foi cego, não da física visão, mas sim dos olhos do coração.

O sítio

Quando era criança, costumava passar algumas de minhas férias num sítio, uma pequena propriedade de um tio.
Ele já morava há anos naquele lugar e sempre que ia à casa de meus pais, convidava-nos a fazer uma visita.
O pequeno sítio não possuía muitas terras. Tinha uma casa posicionada no centro, cercada por poucas, porém belas, árvores frutíferas.
Logo na entrada, após atravessar a portinhola sob a placa, já era possível visualizar a fachada, com uma cadeira de balanço à direita e uma grande roda de carroça do outro lado para enfeitar. Atrás da singela edificação havia uma pequena horta, com alguns tipos de verduras e legumes.
O interessante destas vistas era a possibilidade de sentir por alguns dias, mesmo que de forma ilusória, como seria viver no campo. Acordar de manhã e colher algumas frutas para o desjejum, passeios em torno da propriedade, cuidar do pomar e da horta, pescar em um lago que ficava a poucos quilômetros da casa, entre outras atividades.
A partir de meados de minha adolescência, deixei de visitá-lo em sua propriedade. Porém, às vezes ainda me pergunto como andam as coisas para meu tio e seu sítio.
Na verdade, há muito tempo, não recebo notícias nem de um ou do outro. A recordação mais forte que tenho dessas visitas era comentário, em tom de lamento, que meu tio fazia:
- Sabe, a vida no campo é boa, mas nada se compara a agitação e a variedade que temos vivendo cidade.
O que me faz pensar que nunca conseguimos obter a satisfação em seu estado pleno, pois ao conquistar aquilo que desejamos passamos a sonhar como que não possuímos.

Noite em família

Eram cinco pessoas, que apesar de viver sob o mesmo teto, consideravam-se estranhos. Em outro momento fora diferente, eram unidos, dividiam os pensamentos.
Porém, com o passar dos anos os elos foram enfraquecendo. Talvez pela correria do cotidiano ou pelas estações avançar, o fato é que se afastaram em busca de interesses pessoais.
Já haviam ensaiado uma aproximação, mas sempre sem sucesso. A briga era sempre o resultado das tentativas de união. Então, uma estranha forma de harmonia foi adotada, cada um no seu canto e, assim, ninguém se incomodava.
Aquela noite parecia ser normal. Todos se preparavam para deixar a pequena casa para aproveitar o fim do dia, seguindo a própria vontade. Mas, uma tempestade sem igual instalou-se na cidade. Tão forte e violenta que por onde passava, tudo levava.
O rádio, a televisão e os outros meios, enquanto funcionavam, aconselhavam a permanência no lar, até porque, mesmo que alguém quisesse sair não conseguiria devido à força do dilúvio.
A primeira impressão foi o choque. Calados, entreolharam-se. O gesto inicial levou à discussão, o costume familiar. Começaram então, um ao outro culpar pela situação atual.
Até que algo aconteceu. O pai, de coração frágil, desmaiou. Todos entraram em pânico, procurando alternativas para ajudá-lo.
O conflito foi a esperada reação. Porém, após um curto período de bate-boca, todos se calaram e no silêncio, passaram a agir sob a voz do coração e assim, curaram o pai. Aquela que parecia ser uma trágica noite, eles reaprenderam o verdadeiro significado da palavra união.

segunda-feira, maio 11, 2009

O truque

Desviar a atenção
E conduzir o pensamento.

Ponto de intervenção.
O espanto intento.

Da flor a aparição.
Desejo de acalento.

O pedido de perdão
Pelo mau comportamento.

Ilusionismo

A mente enganar.
De mágica, o passe.
A visão embaralhar.
O espanto na face.
Fazer sumir.
Voltar a aparecer.
A platéia aplaudir.
O suave entorpecer.

Ato impensado

É a resposta ao instinto.
Dominado pela emoção.

O raciocinar extinto.
O ato sem avaliação.

É confuso o labirinto
Que parte impulso e razão.

É a mente não intervir
Um novo meio de agir.

Impulsos

O clamor do corpo entorpecido.
Pela pele, desejo exalado.

Considerado ato atrevido.
Quando um tabu é quebrado.

Em um instante, enfim saciá-lo.
Aos instintos, primitiva resposta

No mesmo momento, sem intervalo.
Esse tal impulso, assim se mostra.

A busca da forma

Pode ser luxúria pela estética.
Mas é da técnica a perseguição.

Encontrar a melhor forma, fonética.
Preencher a vazia inspiração.

Aplicar sonoridade e métrica
Em rimas sem vibração.

A verdadeira arte encontrar.
E a vida em poesia, transformar.

sexta-feira, maio 08, 2009

Nascer do dia

Enfim a aurora.
Os raios de luz.
E a penumbra vai embora.
A manhã nos conduz.
Ilumina todo céu.
Do negror para o anil.
Da noite cai o véu
Que por horas encobriu.
As estrelas e o luar
Dão lugar ao astro solar.

Pré-julgamento

Avaliação precipitada.
Afirmar sem conhecer.
A certeza atrapalhada,
Pelo ar vai se perder.
Dizer não gostar
Sem olhar no espelho.
Como faço ao criticar
Sem ler Paulo Coelho.

O horóscopo

O guia do zodíaco que inspira muitas pessoas apontando traços da personalidade de acordo com a posição dos astros no momento do nascimento. Separados, cuidadosamente, em grupos de 12 espécies, acompanhando os meses do ano, evitando reclamação de determinado mês por ter ficado sem nenhum signo.
Desde o surgimento até hoje, nunca surgiu nenhum indício de desentendimento entre qualquer mês e os signos. Mesmo pelo fato do cada signo estar dividido entre dois meses, ocupando a metade final de um e o início do outro, a harmonia é mantida. Até porque este conflito seria algo, no mínimo, estranho e geraria uma tremenda confusão no mundo astrológico.
Imagine se determinado mês se zangasse e dissesse que não queria aquele “signozinho de uma figa” ocupando seus dias. As pessoas, coitadas, que nascessem naquele período seriam o que? Sem signos? Será que elas perderiam os traços da personalidade, tornando-se ocas?
Por outro lado, isso abriria novas possibilidades. Tanta gente afirma que seus defeitos são frutos dos traços atribuídos ao seu signo. Elas poderiam mudar e se livrar destas imperfeições. Ou melhor, poderiam pegar o que há de melhor em cada um e criar um novo signo.
Aliás, isso poderia resultar num conflito maior e aumentar a discórdia entre os meses e os signos. Então as pessoas, pobres pessoas, não teriam como justificar seus impulsos e falhas, pois não haveria quem culpar.

Soneto de estudo

Importante lição de um poeta.
Ensinar qual a forma correta
De se expressar em poesia.
Sentimentos, decepção ou magia.

Em qualquer direção que aponte.
Seja o céu, a lua ou o amar.
Encarar a vida como fonte.
A inspiração dela, retirar.

Buscar um tema por todo lado.
Manter o desejo de escrever.
O poema perfeito, perseguir.

Retrabalhar e sempre insistir.
E de maneira alguma perder.
O olhar, sempre apaixonado.

O dia para comemorar

A data especial.
O grande momento.
O valor monumental.
Motivo de contentamento.
O dia a ser celebrado
Não apenas pelo feito passado,
Aniversário ou feriado,
Mas por estar acordado.

O ângulo

Pelos graus diverge.
Confunde o ponto de vista.
Na opinião imerge.
O gol do artista.
Da rua, a dobra.
Da área, o canto.
O seu é o que sobra.
Às vezes, causa espanto.

Semente da discórdia

Plantada no coração.
Pelo rancor, semeada.
Seu fruto é a discussão.
Pelo ódio, alimentada.
A essência do sofrer.
Pelo orgulho, padecer.

O dia que os dicionários perderam os significados

De extrema confusão foi esta ocasião. Um dia confuso que gerou muita discussão. Os dicionários perderam o sentido e não dava mais explicação. Alguns ainda mantiveram a forma das palavras, mostrando a grafia correta.
As pessoas não sabiam o que fazer quando começavam a escrever, temiam o momento da dúvida, onde buscar a resposta? E assim, cada um resolveu atribuir significados próprios às suas palavras, tanto para falar quanto para escrever.
O resultado foi catastrófico. A comunicação tornou-se caótica, sem compreensão os conflitos começaram a nascer um a um. Brigas e discussões alimentadas pelo desejo das pessoas de provar a todo instante que o sentido que atribuía às coisas era o correto.
Ninguém queria admitir o erro. Queriam sim era impor a vontade, empurrar goela abaixo a sua definição destinada a cada termo. E assim seguiu o dia até o fim, até que os significados voltaram ao local de onde nunca deveriam ter saído.
Mas, pensando bem, esse dia não foi tão anormal assim.

O dia errado para brigar

Nunca irá chegar.
Nunca é o momento.

Para então brigar
E ferir o sentimento.

Ruim contra o inimigo.
Pecado contra o amor.

Ressentimento antigo
Que alimenta a dor.

O correto é perdoar.
O outro compreender.

Nunca é a hora para brigar.
Sempre é o momento de entender.

A comemoração

A singela festividade
O momento especial
Move toda a cidade
Ou apenas um casal
O dia importante
O mês festivo
Comemorar cada instante
Mesmo sem ter motivo

quinta-feira, maio 07, 2009

Quando o sono parte

Quando os olhos não se fecham
E desejam permanecer abertos.
Mesmo quando cansaço expressam
Com a preocupação flerto.
Ao descanso não regresso.
Sem sonhos ou devaneios.
A vontade de dormir cesso.
Dominado por receios.

O respeito

O ato de compreender
Sem querer mudar
Ao fato se submeter
A diferença aceitar
Acolher sem desmerecer
A regra acatar
O outro entender
Um gesto de amar.

A fuga

O garoto decidiu que não queria mais viver ao lado de seus pais. Não tinha mais condições, eles não me entendem, pensava o pequeno. E assim, ao elaborar seu plano, tinha a certeza de ter encontrado a solução, vou fugir de casa.
Preparou aquilo que seria sua mala, a bola que usava para escola. Colocou tudo que mais importava, os brinquedos prediletos, um pacote de bolacha, para o caso da fome chegar, e uma blusa, lembrando-se do aviso de sua mãe, pode esfriar.
Com seus pertences em mãos, seguiu o plano. Esperou por um momento de distração e caminhou até o portão.
Quanto mais se aproximava da rua, o frio que vinha dela aumentava. Olhou, pelas grades do portão, o céu negro que se formava, acompanhado de gotas, que caiam cada vez mais fortes, cada vez mais geladas. O vento, impiedoso, congelava tudo que tocava e os raios de luz cortavam as nuvens, embalados pelos estrondos dos trovões.
Neste momento, com sua grande bondade, o garoto pensou, eles sentirão a minha falta. Foi assim, em um ato de grandeza, que ele adiou seu plano para dar outra oportunidade aos seus pais.

Aproveitar o momento

Nenhum segundo desperdiçar
Não se entregar à tristeza
O melhor da vida aproveitar
Gozar de sua beleza
Não perder tempo com medos
Encarar os fatos de peito aberto
Sempre mudar os enredos
Até encontrar os temas certos
Ao encontrá-lo, ignore o temor
Entregue-se sem pensar ao amor.

A troca de estações

Mudam as estações.
Muda a temperatura.

Nascem novas sensações.
Nasce a ternura.

Do calor do verão
Para as cores da primavera.

Que embalam o coração
Onde a alegria impera.

No outono o amadurecimento
De sutis sentimentos.

O inverno a confirmação
O momento de união.

Detalhes

Um ponto insignificante
Para algumas pessoas
Mas é o fator determinante
Que difere as ruins das boas
Separa o vencer do perder
Algo que o outro não fez
E há quem insista em dizer
Em um ato de insensatez
Que os detalhes não decidem
São apenas cenas que coincidem

Limites

Para muitos a divisão
Algo inalcançável.

Para outros a razão
Desejo inabalável.

Dizem que deve ser mantido
O que desperta o prazer
De vê-lo rompido
E poder dizer:
-Consegui derrubá-lo
Sem medo de encará-lo.

O primeiro dia

Dos dias o mais esquisito. Por mais habituado e experiente, por mais íntimo que seja com a sua atividade, ainda sim, por um instante, por 24 horas, tudo parece estranho, renasce o olhar do iniciante.
O ato que antes era natural torna-se inimaginável, impossível de ser realizado. Talvez o nervosismo, o medo de errar, querer provar ou desejar concentrar todo o conhecimento em um movimento. Até o cenário, composto por novas pessoas, novo prédio, novo espaço, pode inibir.
O fato é que a novidade assusta. Estar em meio a desconhecidos faz com que todas as ações sejam contidas e o ato, mesmo que mil vezes repetido, seja tão pensado.
É a beleza da estréia, fascínio pelo novo, que estimula a busca incessante pela renovação.

O sol que corta a janela

A fresta da janela
O raio solar
Insistente sentinela
Pronto para me acordar
Sobre os olhos a luz
Que o sono reduz
Sem outra opção
Abando a ilusão

O dia e a noite

A dança celestial
Que os astros embala
A regência gravitacional
Não toca, nem resvala
Seguem a condução
O ritmo do compasso
A sublime perfeição
Sem errar nenhum passo
Sai o sol, entra a lua
O cenário e os figurantes
Apresentação nua e crua
Sem efeitos inebriantes
A privilegiada beleza
Espetáculo da natureza

quarta-feira, maio 06, 2009

Novas lições

Uma nova postura
Outras atitudes tomar.

Agir com lisura
Sem medo de errar.

Ouvir a canção
Que embala o coração.

E se surpreender
Como que vai acontecer.

Preparado para lutar

No jogo da vida
A sorte é lançada.

A força restabelecida.
Segurança reforçada.

Habilidade expandida,
Pronta para ser testada.

O modo de descobrir
Se é a hora de agir.

Vida do interior

Num distante lugar, sem algumas comodidades da “civilização moderna”, como televisão, computador, celular ou avião, vivem pessoas que do mundo tem outra visão.
O despertador canta para celebrar o raiar do dia, os primeiros feixes de luz que começam a colorir o céu, tingindo o negror da noite.
Sem crises financeiras ou convergência digital, sua preocupação é com a trepadeira que invadiu o quintal. Da terra tira o sustento, o alimento natural, sem qualquer conservante ou química para ser consumido.
Do relógio não são escravos, sabem a hora certa pelos raios de sol que atravessam a porta aberta. Esse é a gente do interior, que para vida tem outros olhos e outro modo de sentir o amor.

O amadurecimento

Atitudes agora pensadas
Avaliação das consequências
Sem ações guiadas
Pelo calor das experiências
A decisão tomada
Com total consciência
A paz conservada
Agir com paciência

Soneto à minha amada

Das figuras todas, a mais bela
Seu sorriso, o mais encantador
Perco-me diante dos contornos dela
Rendo-me ao seu intenso amor

Seus lindos traços tomam-me a razão
O fruto de todo meu desejo
Meus lábios sedentos querem seu beijo
Anseiam pela prazerosa sensação

O toque que desperta a libido
Do meu corpo o maior pedido
O libertar da alegria contida

Todo carinho, amor e prazer
Que me incentivam sempre dizer
Essa é a mulher da minha vida

terça-feira, maio 05, 2009

Em tempos assim

Um novo viver
Aprender o amor

Chance de vencer
O intenso temor

Fazer por merecer
Dedicar-se ao labor

E enfim superar.
Um estágio avançar.

Despertador

Chama, grita, berra
Rasga o silêncio matinal
A pasmaceira encerra
Eletrônico ou oral.

Contra o sono, em guerra
Pode ser musical.
O galo já foi usado.
Do dia o chamado.

O piano que queria cantar

Estava farto de sua condição de piano tocado. Queria usar novos talentos, nunca antes explorados, nem sequer notados.
Decidiu que suas teclas não iria mais mover, independente do som, fosse ruim ou bom, recusava-se a tocar. Não aguentava mais a parceria de pianista e piano, ser um mero instrumento na mão de um ser humano. Seu desejo era carreira solo e, por isso, resolveu segui-la cantando.
Alertaram-no sobre o fato de não possuir cordas vocais, mas ele protestava, dizendo que possuía cordas, só que de outros materiais. Eu posso adaptá-las. Segui com sua nova ideia. Cantaria sozinho e ecantaria a plateia, como faziam os grandes solistas.
Tanto insistiu que aprendeu a cantar, porém seu estilo era tão peculiar, que o público não se sentia atraído a apreciar. Sua voz metálica e martelada não fazia nenhum sucesso.
Não compreendia o porquê da recusa de sua nova condição. Ao delírio foi levado por seu desejo de ilusório de glória individual. Assim, atingiu o fundo do poço e caiu na miséria total.
Como uma roda, a vida dá voltas. Mesmo esquecido ele encontrou sua essência no momento que foi induzido a uma nova parceria. Numa humilde residência, acompanhando uma pequenina menina em suas aulas de música, compreendeu a importância e reviveu o orgulho de ser um piano.

A existência do invisível

O toque do vento
O contágio da doença

O alheio sentimento
O que a mente pensa

E tantas outras magias
Que ignoramos todos os dias

O infinito em um olhar

A imensidão do mar
Extenso é o firmamento

O brilho solar
Intensidade do sentimento

Da areia a quantidade
Do amor, a profundidade

segunda-feira, maio 04, 2009

O caos do desespero

Não é possível raciocinar
Quando a aposta é a sobrevivência.

O modo de atuar
Não conta com paciência.

Não é possível explicar,
Nem mesmo com a ciência.

A maneira de agir
Ou o que irá decidir.

O simpósio do futebol

Numa sala foram postos
Literatos, filósofos, comentaristas
E outros estudiosos dispostos
Completaram a longa lista.

Era uma única a missão:
O futebol racionalizar.
Meses de discussão
Sem resposta encontrar
Para tal questão.
Pelo fato de alimentar
Uma intensa paixão.

Na contra mão da obsolescência

Não quero mais trivialidades.
Quero relacionamento duradouro.
Digo não às banalidades.
Lapido o verdadeiro tesouro.
Guio-me pela emoção
De corpo, alma e coração.

Obsolescência forçada

O abando proposital.
A perda do valor.
É o ciclo mortal,
Sem piedade ou pudor.
O rompimento dos laços
Relacionamentos devassos.

Ciclo obsoleto

Atitudes ultrapassadas,
De envolvimento pífio,
Pela pressa, atropeladas.
Do tempo, desperdício.
Deixar de se prender
A fugacidade se render.

O devorador de livros

Havia, em uma cidadezinha do interior, um garoto que devorava livros, pelo menos era isso que diziam.
Porém, o fato curioso deste caso não era a degustação das obras, como se fosse um doce, por parte do pequeno faminto. O que chamava a atenção mesmo era que ao terminar sua refeição literária, o menino absorvia todo o conteúdo, não como alimento e sim como conhecimento.
Ele não sabia ler nem escrever, para adquirir informação comia livros, folha por folha. Quando não entendia a mensagem engolida, sofria com a indigestão.
Para se expressar, além da voz, ou seja, a palavra falada, ele utilizava também as palavras escritas. Agora você me pergunta, mas como se antes foi dito que ele não sabia ler ou escrever? Muito simples, o processo de escrita era assim, o garoto pegava uma folha de papel e começava a vomitar as palavras, letra por letra, desta maneira conseguia compor textos do mais diversos gêneros. As pessoas no início se assustavam, mas aos poucos, adaptavam-se ao método peculiar de estudo do pequeno.
Conforme os anos passavam a sua fome de conhecimento crescia, desvairadamente. Isso gerou uma crise na pequena cidade, pois os livros começaram a ficar escassos. Era necessária uma atitude drástica.
Após muita discussão, uma professorinha encontrou a solução. Se o menino aprender a ler pode saciar sua fome de outra maneira. E assim foi feito. Depois de um período de estudos, o pequeno devorador de livros aprendeu a ler e passou a degustar as palavras não mais com a boca, mas sim com os olhos.

Por que quero ser prefeito?

Por quero ser prefeito
Se Raul dizia que não queria?

Talvez para fazer direito
Ou ato de rebeldia.

O posto sem preceito.
Do cargo a magia.

As obras sem precedentes
E os discursos envolventes.

Os tipos de chuva

Pingos grossos e separados,
Intensa, típica do verão.
Em pouco tempo, encharcados.
De curta duração.

Gotas finas e unidas,
Garoa sua denominação.
A cidade é envolvida
Por dias, sem interrupção.

Com pingos finos e dispersos,
Sua forma é passageira.
De aparecimentos diversos,
Será dessa maneira.

Ainda existem outras variações
Que não vem ao caso.
Até porque as previsões
Sempre erram o prazo.

Nasceu hoje, morreu amanhã, foi um ontem

O dia passou
E algo aconteceu.

Se hoje mudou,
Amanhã morreu.

O de ontem
Não é o presente.

Por isso não tem
Qualquer procedente.

Lida poesia

Outro olhar para a vida,
Talvez com mais emoção.

Com a face comovida
Ou talvez não.

Mensagem extrovertida
Gera empolgação.

Complicada e comedida
Causa interrogação.

Se nunca mais lida,
Palavras em vão.

O Corinthians e a ressurreição

O dia 3 de maio do ano de 2009 coroou a volta de um sentimento que havia renascido há algum tempo, o espírito corinthiano.
Superando adversidades, dúvidas e críticas, que para ele, Corinthians, sempre são mais pesadas, neste dia, mais uma vez, calou os críticos, céticos e oposicionistas, sagrando-se Campeão Paulista INVICTO, ou seja, em nenhum momento da competição time algum conseguiu superá-lo, derrubá-lo, derrotá-lo.
Muitos tentarão desvalorizar os feitos desse time, pois, se subiu da Segunda Divisão do Campeonato Brasileiro com extrema facilidade, ao contrário dos rivais que trilharam caminho semelhante, era pela fragilidade dos adversários. Agora, com a conquista do título estadual, muitos dirão que não vale nada, não leva a lugar algum, que o mais importante é outro.
Mas isso serve de incentivo para esse time de lutadores, que souberam honrar as tradições do manto que vestem, encontrar forças para alçar voos mais altos e assim calar mais uma vez a outra metade de torcedores que vibram contra o Corinthians.
O fato é, Corinthians Campeão Paulista INVICTO. Feito para se comemorar e ter a certeza que, para atrair mais conquistas basta acreditar, lutar e não parar, não parar, não parar...