sexta-feira, agosto 28, 2009

Na calada do véu soturno revelam-se prazeres e dores provindos de tantos amores.
Sob o lúdico toque de torpor a mente desatina singela.
Às vezes o sorriso é um mero ato em meio ao teatro do sentir.

As vozes ao vento

Tantas vozes trazidas ao vento
Como gotas do lúgubre sentir
Que escorrem perdidas no tempo
Derramando o pobre omitir

Uniforme, suspenso, celeste
Caminhando por vales, através
A buscar um motivo terrestre
Que lhe rasgue opróbrio em viés

Sem a mínima dúvida segue
Sem qualquer espetáculo criar
Em silêncio, deixando entregue
As razões pertencentes ao calar

Na calada do véu suntuoso
Que a orla reveste ao final
Ecoando nas horas do gozo
E cessadas no choque trivial

Em um sonho qualquer

Pelo ar se dissipa emoção
Suspensa por um cálice será
Trazida com a casta devoção
Enfim faceiro torpor se fará

Dissolvem os sentidos afinal
Para o gozo súbito nascer
Embebida a pétala vital
Este balé dos olhos, o prazer

Transcende o espaço ao além
E levando consigo assim vai
Os desejos mais vívidos contem
Ante a eles tanto se atrai

Com olor embriaga-se então
Finalmente tragado por ela,
No lúdico brotar da sensação
A mente desatina singela.

Surtos da emoção

Vívido cálice traga a emoção
Despejada na vida em casto tocar,
Réquiem àquela fúnebre estação,
Toda gélida pétala ressuscitar.

Esta adaga desfere, desatina
Os suspiros da alva luz entorpecem
Tórridos cárceres prestes a ruína
Que tomados pelo brio enlouquecem.

Queda à vala profunda se faz real
Quando é finalmente deixada pra trás,
Mostra a falsa majestade afinal
Revelada como a plebe aliás.

terça-feira, agosto 25, 2009

Culpar o destino é fugir dos próprios desatinos.
No limiar entre a loucura e a lucidez encontra-se destino mais incerto.
A vida perde seu rumo quando a chama da paixão já não é mais tão ardente.

O teatro do sentir

Estático então permanece ante,
Ausente de qualquer sentimento enfim,
Seus olhos são agora maré distante,
Cobertos pelas lágrimas de festim
Que jorram pela face tão gotejante,
Manchando o papel como negro nanquim.
Parábola que molda os traços reais,
Teatro do sentir dos atores boçais.

Profundo sofrer

Pela súbita tormenta tragado
Como barco em ondas tão profanas
Tendo todo o coração rasgado
Com navalhas em mentes tão insanas
Este peito que agora perfurado
Já não sente as coisas mais humanas
Cai diante do intenso padecer
Chora tanto por devastar em sofrer

A dona do meu amar

É dona de estonteantes traços
Que embriagam-me completamente
Belo contornos que atraem meus braços
Tragados pelo calor envolvente

No riso faceiro de tua face
Divago sem rumo em desatino
Teu corpo tão belo és meu destino
Morada de onde meu prazer nasce

Ao teu lado a vida és imersa
Nos vívido mares da alegria
Repletos de paixões e magia

Longe de ti a vida és dispersa
Sufocada pela vil solidão
Que devasta tanto meu coração

segunda-feira, agosto 24, 2009

O término do ciclo

Abandono parte de mim
Para a vida prosseguir
Pois todo ciclo tem fim
Quando o desejo é progredir
Este pedaço que deixarei
É o fruto das imperfeições
Que ainda carregarei
Através das minhas ações
Espero um dia conseguir
O completo e sincero corrigir

O vago viver

Este constante drama do viver
Provém desta não compreensão
Do próprio caminho a percorrer
Deste rumar sem qualquer direção
É uma viagem sem destino
Que desperta tanta insegurança
O único sentir é o desatino
Da busca pela tal bonança
E o viver torna-se mistério
Quando seu fim é o cemitério

Busca sem sentido

Um buscar sem sentido às vezes
Que corrompe puros sentimentos
Para flertar com vagos momentos
Tão efêmeros quanto os meses,
Que solitários são passageiros
Ante a secular existência,
Registram apenas os primeiros
E alimentam-se de aparência.

Minha menina

Às vezes menina
Às vezes mulher
Às vezes domina
Às vezes só quer
Entregar-se a mim
E permanecer assim
Menina mulher então
Com o suave sabor
Que brinda meu coração
Com seu vívido amor

O torpor dos olhares dela

Entorpecido por seus olhares
Então divago entre as sensações
Que despertam prazeres milhares
Inflamando as minhas emoções

Nos toques de pele o delírio
Que rouba da mente a lucidez
O corpo só deseja outra vez
Este suave torpor do lírio

Levado pela libido além
Entrego-me a este momento,
Este tão vívido sentimento

Rendo-me completamente a quem
Possui os segredos do meu pensar,
A ela que sempre irei amar.

As gotas do sofrer

As lágrimas que a lamentação semeia
Despejam gotas do sofrer no coração
Fortalecendo toda alma que alteia,
Aquelas que refúgio buscam na canção.
A chama que o interior incendeia
Traga as trevas concedendo a salvação.
São lições da sabedoria provindas
Que esclarecem as idas e as vindas.

As gotas da bonança

Para o tão pleno evoluir
Tantas coisas vamos abandonar
E em frente nós iremos seguir
O para trás, apenas olhar
Como a mais bela lembrança
Que traz as diversas lições
Que regam com suave bonança,
Imergidas nos puros corações.

A conquista da honra

Para a honra preterida
Vivenciamos o prólogo
Que traz tanta vida
Que liberta-nos do monólogo

Transcende as dimensões
Levando até as alturas
Envolvendo os corações
Das belas almas puras

Converte o nosso agir
Para o simples progredir

Expresso celeste

O expresso da salvação
A cada minuto parte.
A entrada é uma ação
Que a alma irá dar-te
Como correta opção,
Da bondade é a arte.
Ele segue à felicidade
Regado pela humildade.

Possui vagas ilimitadas
Não faz distinção social
As únicas coisas cobradas
São atos de amor real
Para as pessoas amadas
E para as outras em igual
Conquista cadeira cativa
Colaboradores de mente altiva
O equilíbrio reside na tênue divisão que há entre os sentimentos e a razão.

A tragédia moderna

Tropeços pela pressa causados
Traduzem estes tempos modernos
Que proíbem o ficar parados
Mantendo movimentos eternos

Cruel e constante obrigação
Deste sempre em primeiro chegar
Alguns dizem ser a evolução
Que os melhores irá selecionar

A tragédia dos dias atuais
Provinda de um sonho dourado
Que possui consequências tão letais
Do acúmulo exacerbado

Esmaga a todos pelo poder
E traga tudo até perecer

O libertar do viver

Fazer a mente elevar
Até atingir as alturas
Transportada pelo pensar
Despejando tantas ternuras
Uma vida pode salvar
Libertando-a das ataduras
Que a sufocam intensamente
Prendendo-a como corrente

O grito de fúria

O grito que rasga o ar
Carrega dores tamanhas
Atravessa terra, céu e mar
Ecoando pelas campanhas

Traduz o sentir interior
Expondo suas sensações
Contendo ódio e amor
Tantas extremas emoções

Traz o alívio imediato
Das costas tira o peso
Pode ser até ingrato
Por agir com tanto desprezo

Vagas afirmações

Pelo ar é alastrada
Propagando seu recado
Sendo às vezes ecoada
Exibindo seu estado

Tente a ser ignorada
Perdendo seu legado
Pode ser tão afirmada
Parecendo um nó atado

Alguns desperta emoção
Tocando-lhes o coração

Os gritos dos instintos

Como rastros espalham-se as migalhas
Despejadas como espectros mortais
Que nos rasgam a pele como navalhas
Tão afiadas quanto presas de animais

São as nossas vãs e fúnebres essências
Que ainda bradam em tantos lampejos
Numa vaga tentativa por clemência
Confundem com remanescentes ensejos

São os fantasmas que a mente habitam
São instintos do velho que viver que gritam

sexta-feira, agosto 21, 2009

Conversão do pensar

A mudança do pensamento
Desperta as dores tamanhas
Como rasgar o envolvimento
Que está preso às entranhas

É a dura peregrinação
Por este vão calvário mental
Esmaga, fere o coração
Desfere o sofrer tão brutal

É o doloroso separar
Do costumeiro mal estar

Crença conveniente

A crença que provém do conforto,
Um mero acordo, conveniência,
Uma garantia para quando morto,
Será agraciado com a clemência

Acreditando no que convém
Molda todo o mundo pessoal
E assim não entrega-se além
Do vão desejo individual

O crer como formalidade
Cria a fantasia da salvação
Não muda a realidade
Não toca em nada o coração

Os encantos

A tal magia dos movimentos
Aos cintilantes olhos encanta
Desperta diversos sentimentos
Às vezes sufoca a garganta

Gera um turbilhão de emoções
Invoca tantas e tantas crenças
Envolvido por intensas paixões
Às vezes com proporções imensas

Entrega-se de corpo e alma
Enfrentando dores do destino
O seu sucesso preso à palma
De tantos amores em desatino

Misterioso sabor

Toque de misterioso sabor
Confunde dos olhos paladar
Que degustam toda cor
Num simples lance de olhar

Desperta entranha sensação
Que o corpo todo contagia
Entrega-se a ela então,
Carinhos que a pele arrepia

Já não sabe o que fazer
Enfim decide aproveitar
Sem o obsessivo compreender
Contenta-se com o apreciar

O solitário olhar

Com apenas um olhar traga
Traga tudo ao seu redor
A todos os detalhes afaga
Desde o grande ao menor

Em seu baú então prende
Todas as cenas, os momentos
Absorve também sentimentos
É tudo que o surpreende

Rouba para sempre ter
Para o solitário apreciar
Tudo que ele pode ver
Aprisiona em seu olhar

Os males da ansiedade

A imprevisibilidade dos fatos
Tortura tanto a vã razão
Aprisionando-nos aos relatos
Expostos na mera descrição
Assim agimos como ingratos
Na vil tentativa de previsão
Enterrando então a inocência
No túmulo da impaciência
A poesia é uma vaga tentativa de aprisionar um momento na lembrança.

O toque de drama

Esse toque de drama
Que a vida tempera
A ferida inflama
E o sofrer impera
Quando a dor é latente
Brota o carma enfim
O existir carente
Traz este pranto sem fim

O rolar do pranto

As pétalas do pranto
Purificam a alma
Que jorra sofrer tanto
Provindo do vil trauma

São pequenas sementes
Que regalam o peito
Carinhos envolventes,
Da cura é o leito

Quando rolam sinceras
Trazem tamanhas lições
Não são mais gotas meras
O sentir dos corações

Abandono

O medo do abandono
Traz tantas alucinações
Rouba a paz do sono
Desperta más emoções
Envenena o confiar
Com o vil vigiar
Faz o outro sofrer
Com a ausência do crer

As mudanças do tempo

O tempo nos traz lições tantas
Às vezes duras de aprender
Às vezes sufocam gargantas
Do orgulho brota o sofrer

O tempo traz sabedoria
Para entendermos afinal
Que todo pranto é opcional
Que o viver possui alegria

O exemplo vem da aurora
O espetáculo diário
Transborda luz mundo afora
Sem encarar como calvário

É na oferenda do sorrir
O melhor caminho a seguir

A queda do caos

Em meio a cenas enlouquecidas
Regadas a toques de embriaguez,
Onde colidem histórias de vidas,
Desejando um gole de lucidez
Para as dores serem esquecidas,
Que o amor possa triunfar outra vez
Contaminando o mundo inteiro
Com este vívido sentir faceiro

quinta-feira, agosto 20, 2009

Às vezes os resquícios de emoções que nos restam são tragados pelas insanidades da razão.

quarta-feira, agosto 19, 2009

O desafio do perdão

Para o orgulhoso caráter
Pedir perdão é desafio
Mas esta coragem precisará ter
Para preencher seu ser vazio
Talvez se humilde passar a ser
Possa aproveitar o estio
Talvez encontrar harmonia
E despejar em si alegria

Duras palavras

A intensidade do falar
Pode o peito então ferir
Sem qualquer ofensa entoar
Pode machucar ao proferir
Só faz o outro se afastar
Apenas gera o agredir
Não vale a pena ofender
A quem te deu chance de viver

Verdadeiro amar

O amor torna-se verdadeiro
Quando transcende a pele, o toque
Quando entrega-se por inteiro
Sem as máscaras, sem o retoque
Só amadurece com o tempo
Seja ele quanto for preciso
Para ser o único intento
Amar e amar sem ter juízo

O vil desistir

A lágrima que a face contorna
Desliza como faz a solidão
É o pranto que a dor adorna
Ferida profunda no coração

Enfim seca o sangue nas veias
E o viver torna-se mero fio
Já não enxerga coisas alheias
Gélido em meio ao estio

À dama da foice entrega-se
As intempéries não enfrenta
E assim a desistência nasce
Ante a intransponível tormenta

Suspiros da alma

Suspiros do viver tornam-se escassos
Quando o brilho da alma silencia
Tingindo a face com os novos traços,
Alguns provindos da dura agonia.
E segue o caminho com outros passos
Com a tal esperança de um dia
Seus erros todos sejam então superados
Para que os sorrisos não sejam calados

A razão do amar

Tantas dúvidas trazem o amar
Quanto tenta ser compreendido
Na tentativa de se explicar
O que só deve ser sentido

É o sofrimento tão infantil
Contido na ânsia da razão
Que quer decifrar o anil
Exposto em toda a imensidão

É ter o coração surdo
Para as belezas do absurdo

Mascaradas expressões

Sob o que se expressa
Esconde-se o real sentir
Às vezes quebra a promessa
Do sempre se abrir
Do sincero compartilhar
Com a metade escolhida
Reluta em revelar
As formas da ferida
Será falta de confiança
Ou apego pela bonança

O silêncio do confiar

As questões que assolam a mente
Conduzem-nos a tanta solidão
Deixando o peito tão carente
Perdido em meio à multidão

Sob o silêncio do pensar
Esconde-se o desejo real
Que começa com o vão ocultar,
A fuga deste mundo afinal

Quando o sentir então se cala
Traz ao outro tamanho sofrer
Esvai-se com o vento esse crer
É a confiança que não fala

Nevoeiro da solidão

É neste espesso nevoeiro
Que pode ser a vida perdida
Como o negror do vil tinteiro
Que tinge as letras da partida
Ao tragar a alma por inteiro
Rasga-se o peito sem medida
Inundando-o com a solidão
Para preencher a imensidão

Véu que corrompe o firmamento
Embriagando todo o sentir
E sem lucidez neste momento
Irá o outro assim se ferir
Ante ao oculto pensamento
Sofrerá com tudo sem proferir
No coração afoga mágoas
Ao beber destas inundas águas

Os ocultos sentimentos

Nas profundezas dos sentimentos
Guardam-se tantas questões, temores
Às vezes não revelam intentos
Ocultos sob pétalas de flores
Talvez para preservar momentos,
Não mostrar as feridas das dores
Depreda o sincero entregar
Prometido nas juras do amar
Em meio ao distante horizonte é onde nasce a união.
A necessidade é a verdadeira compositora da realidade.

segunda-feira, agosto 17, 2009

À espera da vida

Enquanto a vida passa, espera
Que sabe por um messias
Que trará a cura das agonias
Que tirará as dores da esfera

Enquanto os anos passam, só reza
Não luta por ideal algum
E todo tentar apenas despreza
Pois o escolhido não deixará nenhum

Enquanto dos dias passam, só pensa
Pensa por que este Deus é cruel
Que ignora todo o pedir ao céu
Assim nasce a tal desavença

Enquanto as horas passam, critica
Desfere contra as alheias soluções
Amargurado o ódio pratica
Ataca as humildes e puras ações

Cárcere imaginário

Nos calabouços da mente
Há labirintos diversos
É a tão dura corrente
A qual seguimos imersos
Traga para tão profunda
Tão amarga e tão cruel
Esta dor que oriunda
De um íntimo menestrel
Que sente tudo ao redor
Absorvendo todo rugir
Fazendo-o então menor
Roubando-lhe o pobre sorrir

Profundas mágoas

Navega pelas espessas águas
Nesta tão frágil embarcação
Às vezes tragada pelas mágoas
Engolem, inundam o coração
Já não sente mais o pesar
Já não sabe mais o sorrir
Agora só pensa em esperar
A solução após o colidir

Impropérios da fé

Sentar e assim esperar
Com os lábios em prece
E as mão a abanar
E das dores esquece
A camuflar problemas
Ignora sua parcela
Ao olhar os dilemas
Encara-os como cela
Aguardando o salvador
Que nunca chegará
Pois o verdadeiro clamor
Para sempre calará

Deslizes da razão

Ante ao emaranhado de emoções
Perde-se em meio a esta tormenta
O gélido manto que cobre as visões
Espessa neblina de febre cinzenta

Vozes deslizam sobre a aparência
Esse amargo toque contorna o sentir
Desfere sua tamanha violência
Irá na profunda solidão imergir

Naufraga ante a esquizofrenia
Que traga-o para o outro estado
Às vezes ungido de tanta agonia
Às vezes temido por todo o fardo

A excessiva liberdade

A vida que tanto liberta
Traz as correntes da dor
Do medo que então desperta
Da liberdade sem pudor
A dúvida da hora certa
Traz a tristeza em penhor
As chamas respingam na vela
Estas gotas da poça amarela

Semente do amar

Esta semente tão pequena
Então intitulada amor
Às vezes brota serena
Às vezes em meio à dor
É alimentada pela confiança
Enraizada pouco a pouco
É tempero da bonança
É cura do insano, louco
Cultivado será sincero
Quando for com emoção
Será tratado com esmero
Invadindo todo o coração

Gotas de vida

Em minhas veias corre a melodia
Que entoa seu tão doce torpor
A pele toda ela então arrepia
Embriagando com este alvo olor
Desejando todas sua cândida graça
Como as águas da bela cachoeira
Que leva a vida por onde passa
Enfeitiçando a fina flor da clareira

Os traços de ternura

O tão doce sabor da ternura
Pelos vívidos lábios desliza
Contornando a pele tão lisa
O cintilante toque, lisura

O corpo atravessa, transcende
Ao âmago chegando, profundo
Faísca que na alma ascende
Pelas chamas do amor, inundo

Efêmero momento tão belo
Que rouba-nos a tal sanidade
A aurora do sentir tão singelo

Que só aumenta a cumplicidade
O motivo do amar tão sincero
A instantânea eternidade

Derradeiras palavras

As últimas palavras do dia
Trazem o sabor da despedida
Para alguns é a agonia
Para outros glória obtida
Ao separar-se do momento
Toma outros rumos talvez
Adiando aquele sentimento
Para, quem sabe, outra vez

Viagem ao interior

A viagem ao tão ermo destino
É traçada rumo ao imo ponto
Às vezes nos traz tanto desatino
Provindos do íntimo confronto

Será sempre solitário roteiro
Ou será possível ter companhia
Ao atirar-se ao desfiladeiro
Na procura por essa harmonia

Ao deparar-se com medos tantos
A mente torna-se um mistério
Às vezes sob máscaras de encantos
Da terra do devaneio é império

Lapsos pequenos

Da dura razão são lapsos pequenos
Que traduzem o verdadeiro sentir
São águas onde a alma vai imergir
Para encontrar os carinhos serenos

A mente é composta por belas cenas
Que enrijecem este laço passional
Trazendo puros sentimentos apenas
Será celebrar este amor afinal

A ternura é o impulso intenso
Que contagia tanto estes corações
Tornando-os dispostos, propensos
Às mais doces e tão singelas emoções

O belo estio

Todos os momentos de comunhão,
Hora de entregar-se por completo,
Trazem a luz a esse coração
De alegria fica repleto
Imerge na tão boa emoção
A maré do intenso afeto
Preenche da alma o vazio
Na chegada do belo estio
O efêmero momento tão belo guarda toda a eternidade num instante

Mesquinho choque

O choque das diversas posturas
Às vezes sinuosas, divergentes
Rouba as alegrias tão puras
Trazem essas dores iminentes
Ferem a alma pouco a pouco
O corpo mortifica-se então
O silencioso grito rouco
Ensurdece tanto o coração
O desespero molda as cenas
Das mesquinharias tão pequenas

Quando a força não vem

Em certos momentos da vida
O desânimo nos domina
Abrem a vívida ferida
Que derrama e desatina
E jorra sem qualquer medida
Afogando a dura sina
E tragado pelo tal sofrer
Esforça-se para levantar
Agora pratica esquecer
Para quem sabe então tentar

Revidar

O refletir do ato
É o gesto tão cruel
O agir tão ingrato
O embeber do fel
Que tanto machuca
Que tanto desfere
Cravada na nuca
A faca que fere

Colisão do sentir

Confusão que a mente domina
Traz demasiado sofrimento
Colisão do sentir desatina
É o indomado sentimento
Tormento que traga a alma
Os espinhos que trazem dores
Alimentados pelo trauma
Oculto sob olor das flores

Soturno véu

O soturno véu que abriga
Sob tantos e tantos disfarces
Qualquer palavra que se diga
Atende com suas vãs faces
As tais trincheiras inimigas
Assolam os diversos impasses
Afogam o bom entendimento
Manchando com dor o momento

sexta-feira, agosto 14, 2009

Sina de montagem

Monta outra peça
Cria um artigo
Em toda a pressa
Encontra abrigo
Aperta o pino
Ou o parafuso
Tanto desatino
É ato confuso
Corre, corre, corre
Sem qualquer parada
Cansa, para, morre
Troca de tomada

Os passos das estrelas

As órbitas das estrelas
São muito especiais
É difícil compreendê-las
Porém são tão cruciais
É impossível detê-las
Pois são tão essenciais
A ordem do firmamento
Regem a todo momento

Amanhecer do novo

Quando o novo sol enfim nascer
Trará consigo minha conversão
Trará consigo o outro viver
Será abrigo do meu coração

Quando essa luz a janela rasgar
O céu mostrará seu esplendor
Será então momento de amar
Será enfim o sepulcro da dor

Espero por ele tão ansioso
Para finalmente me libertar
Deste frio cárcere tenebroso
Que a mente insistiu em criar

Porém sua aurora depende
Do esquecer que tanto ofende

Olhar para dentro

Após o mundo todo percorrer
Foi possível enfim meu perceber
Que toda essa minha procura
Tão incessante pela tal lisura
Servia apenas como uma fuga
Como os fatos todos repelir
Como tentar cobrir uma ruga
Como da verdade tentar fugir
Por o que eu tanto procurava
Sempre esteve junto comigo
E no meu interior encontrava
O seu tão seguro abrigo

A arte do escrever

Cada palavra a forma entalha
A esculpir o literário corpo
Sob os cortes da fria navalha
Trazendo vida ao conjunto morto

Esta lâmina que traços contorna
Com o sentido manipula fatos
Como as cores que mancham retratos
Imaginária história adorna

Abre feridas, simula o sofrer
Esse teatro que a vida finge
Tantas sensações encena o viver
Os sentimentos que a alma tinge

Estes retalhos que molda as cenas
Textos refletem os medos apenas
Os sentimentos que tingem a alma são a pura encenação do viver.

quinta-feira, agosto 13, 2009

Soneto de carinho a ela

Seus traços e seus gestos, encanto
Inspiração da casta libido
Esse laço me faz envolvido
Atrai e embriaga-me tanto

Seu canto adormece sereno
Meu ouvido o berço, recinto
Recebe o esplendor ameno
Do cantar tão suave, tão tinto

Seus olhos arrepiam o meu ser
E tocar-te alegra meu corpo
Que pede outras doses de você

A figura mais bela do horto
Que deixo minha vida à mercê
É meu belo refúgio, meu porto

Minha musa

A musa de minhas ações
Traz tanto amor, carinho
Embala-me com inspirações
Não faz sentir-me sozinho
Não há no mundo traduções
Tudo é tão mesquinho
Perante a sua beleza tanta
Que me alegra, me encanta

Lições da vida

As duras barreiras transpostas
São fontes tão belas da lição
À mente traz tantas respostas
O berço da pura evolução
Ensina com suas apostas
O preço de cada opção
O erro, o cruel professor
Que às vezes traz tanta dor

Intempéries do tempo

Ferido por cada segundo
Que agride o peito tanto
O golpe tão duro, profundo
O berço do súbito pranto
Concentra as dores do mundo
Imerso nos gritos, espanto
O tempo carrasco tão duro
Que fere o corpo tão puro

O encanto da canção

O límpido e cristalino som
Provindo da cintilante melodia
Desperta para esse sonho bom
Repleto de envolvente alegria
Do frio cárcere se liberta
Por muitos chamado de concreta razão
Estio trágico que desperta
Do peito súbito toque da canção

quarta-feira, agosto 12, 2009

Dura insônia

Velado descanso que parte
Sem deixar vestígio algum
Destino confuso da arte
Que foge de todos, nenhum
Estaca tão dura que fere
Mas deixa sempre sofredor
Ferindo a pele desfere
As duras marcas da dor

5 horas da manhã

Esta quinta badalada
Seca, dura, solitária
Torna sono a cilada
Desta fúria temporária
Toda calma abalada
Faz da noite arbitrária
Berço frio, envolvente,
Mata sempre tanta gente

As garras da solidão

Tamanha solidão carrega a dor
Pois apenas o sorrir é coletivo
A cruel cela que priva do amor
É chave de todo sofrer, motivo
Sob triste vigilância encarcera
Com suas grades tão resistentes
Que a alegria não tolera
Que gera as chagas tão latentes

A gota de tinta

Quando a tinta escorre no papel
Como lágrima que rola do olhar
Carrega consigo todo o fel
Que traga a alma como o mar
É grito que sufoca a garganta
Vociferando pelas linhas tortas
É o sinônimo de dor tanta
É sepulcro das promessas mortas

O alimento da solidão

A ação egoísta alheia
Da ardente solidão é chama
Que seca todo sangue da veia
Que tanta dor na pele inflama
Fere o peito, rasga a alma
A distância ao coração impõe
Esmagando aos poucos a calma
À união do sentir se opõe
São os pequenos atos que esculpem as grandes consequências.
O grito que sufoca a garganta sepulta as frágeis esperanças.

terça-feira, agosto 11, 2009

As razões dos sentimentos emanam das controvérsias do coração.

Os encantos do amar

É luz que emana emoções tantas,
Que traduz o sentimento d’alma,
Que em canção rasga as gargantas,
Acalento do corpo que acalma.

É intensa razão do meu viver,
E ao seu lado encontro enfim
O verdadeiro amor presente em mim,
É chama que sempre irá arder.

As dores que trazem as demoras
Nos momentos que estamos distantes,
Que ferem tanto nossos corações.

A bela alquimista das horas
Que transforma eras em instantes
Em nossas prazerosas uniões.

Gélida brisa

Esta tão gélida brisa
Que a pele tanto fere
Afiada então desliza
E tamanha dor difere
Fazendo o sangue rolar
Quase que petrificado
Pelo frio a congelar
O corpo mortificado

O véu soturno

Negro manto que cobre o anil
Que finda o radiante brilhar
A luz emana de modo sutil
Em pequenos pontos a cintilar
O berço dos devaneios tantos
Exala olores embriagantes
Traz à tona diversos encantos
Momento propício dos amantes
Libertam-se dos tolos pudores
Entregam-se ao canto das flores

Rainha noturna

A bailar pelo celeste salão
Por suas amas acompanhada
Desfila por toda imensidão
Sob o ritmo da balada
Com sua casta luz a brilhar
Do negror é a bela clareira
É musa dos versos e do amar
A tão bela rainha faceira

O fim

A morte é o sussurro gentil
É o fim da carnal existência
O grande mistério brota sutil
Desafia a nossa vã ciência
O berço de tantas divagações
Onde brotam temores diversos
Tornando-se tema de orações
De filosofias, obras, versos
É a tal viagem sem destino
A fria badalada do sino

segunda-feira, agosto 10, 2009

É pelas cinzas da alma que o teor das palavras ressoa.

Amor para vida inteira

Este amor que minha alma completa
Traz a felicidade pura, intensa,
Fruto da paixão que é tão imensa
De magia tanta se faz repleta.

Ilumina meu coração com encantos,
As suas vívidas batidas embalam,
Despertando os belos momentos tantos
Que as coisas ao redor então se calam.

É alva emoção, sublime, faceira,
Que outra igual jamais irá existir,
Ardente, vigorosa chama da paixão

Desperta a mais perfeita sensação,
Como do mais saboroso elixir
Chamado amor para vida inteira.

O próximo passo

Ao desconhecido é o rumo
Que assusta tantos e tantos
É necessário muito aprumo
Para combater estes espantos
Que afastam às vezes da direção
Fazendo a coragem recuar
Fugindo do próprio coração
Em sua ânsia de avançar
Os mistérios do próximo passo
Tornam o valente tão escasso

O mundo das palavras

O mundo das palavras puras
Às vezes é tão distante
Detentor de tantas lisuras
Despertadas num instante
Leva a alma às alturas
Tem teor embriagante
Faz a mente então voar
Ao longe a faz viajar

O segredo das palavras

As mesmas palavras podem ferir ou curar
Trazendo à tona dor ou amor
Podem também afastar ou aproximar
Perfume ou veneno como olor
Podem ser a mais bela dádiva divina
Oferecendo fé, esperança
Ou tornarem-se a dura e cruel sina
Serem vil sepulcro da bonança
A sabedoria para manipulá-las
Será o antídoto para as balas

Carta de amor

Dentro de uma carta de amor
Escondem-se sentimentos tantos
Que transparecem todo o calor
Contido na paixão, nos encantos
Traduzindo em palavras belas
O que alimenta o coração
São demonstrações tão singelas
Que mostram a sincera emoção
É tão sublime, é tão faceira,
É amor para vida inteira.

Nuances da mente

Acorrentado às nuances do ego
Segundo as explicações freudianas
Aos meus medos e delírios me apego
E tantas outras limitações humanas
Que as diversas análises apontam,
Psíquicos distúrbios que moldam traços,
Onde virtudes e erros se encontram,
Sob lapsos de sanidade tão escassos.
O clássico dilema do ser ou não ser
Nas cinzas da alma irá desfalecer.

Fuga equívoca

Das sensações todas anestesiado
Para fugir dos mundanos sofrimentos
Encontra apenas prazer fabricado
Estímulos virtuais, falsos momentos
Uma fantasiosa história vive
Desviando das necessárias dores
Acha assim estar para sempre livre
Dos espinhos contidos nas belas flores

Dependência imediata

A tal imediata solução
É o vívido sonho dourado
Vivem a buscar sempre em vão,
Dos prazeres o mais almejado.
Natural ciclo então ignorar
Pois as egoístas dores clamam
E não suportam qualquer esperar,
Brados de tanto sofrer emanam,
Querendo a cura no agora
Chama pelo direito de sorrir
Mesmo o merecer muito embora
Esteja bem longe de conseguir

Os goles de vida

Traga como a vil bebida
Que rasga a frágil garganta
O sagrado gole de vida,
Das dádivas a mais santa.
Com o sofrer se embriaga
Em tão demasiadas doses
Assim, para sempre divaga
Sem ver o sentido das vozes,
Sem ter começo, fim ou meio,
Consola-se com erro alheio

Despertar para o belo viver

Tantos mistérios do universo
Contidos na melodia bela
Nos embalos de um simples verso
Na faísca que salta da vela
Em mitos e fábulas imergem
Sob arbítrio do artista vagam
Se unem, colidem e divergem
A realidade das mentes tragam
Transportando à mágica vida
Que permanecia adormecida

Discurso sagrado

O discurso imaculado
Que prega paz, união
Às vezes é deturpado
Trazendo dor e solidão
Aproveitadores que enganam
Aproveitam-se da fé alheia
Palavras sagradas profanam
Coibindo o que a vida alteia

A arte sem acúmulo

Ao corpo traz fome apenas
À alma a pura realização

Talvez seguir as visões pequenas
E ignorar seja a solução

Deixar de lado sonhos castos
E procurar lucro, acúmulo

Explorar os recursos vastos
E levá-los, quem sabe, ao túmulo

Pífia arte

Uma produção tão vazia
Sem ter qualquer sentimento
A pele que não arrepia
Ao toque do vívido momento
A alma ignora o fato
Imóvel, imutável, inodoro
As flores daquele retrato
Que todos os dias ignoro
São como esta pífia arte
Que valor algum contém
Não vale nem como encarte
Não pode emocionar ninguém

Postura

Será talento oculto
Ou incompetência exposta?

À inteligência insulto
Ou da ignorância resposta?

Será esforço tanto sem valor?
Será a hora de desistir?

Será o momento de impor
Para finalmente conseguir?

O avançar do tempo

Avança o dia e a hora
O implacável tempo que se vai
A juventude que vai embora
A sabedoria que sobressai
Como corda sufocando tanto
Asfixia oportunidades
Rouba todo o brilho do pranto
Condena as inutilidades
Com idade, sem experiência
Padece sob véu da paciência

Fio de esperança

É tamanha a tal imensidão
Contida num fio de esperança
Que carrega junto da solidão
A envolvente luz da bonança
Num último suspiro comporta
As chances da vida de um homem
Mesmo quando a fé já é morta
E todas as perspectivas somem
Faz o coração enfim reviver
O sonho da melhora faz nascer

sexta-feira, agosto 07, 2009

Sob a sina do tempo

Os ponteiros crucificados
Estão imóveis, estáticos
Com desespero são cravados
Tornando o tempo intacto
Não retorna e nem avança
Nem a culpa é entorpecida
Morte ao sonho, esperança,
Condenados a vaga vida

A hora do encontro

A felicidade é despejada
Em proporções absurdas, imensas
Coração bate em disparada
Em velocidades tão intensas
Chega a hora tão esperada
Libertar-se das duras sentenças
Da triste despedida provinda
O momento de tamanho amar
Quando a cruel espera finda
E o meu amor posso encontrar

A dolorosa distância

A distância o sofrimento traz,
As horas em eras convertidas,
E nada neste mundo satisfaz,
Estas separações doloridas
Rasgam o peito sem piedade
Entorpecidas as almas tragam
Para longe da realidade
Os pobres corações se esmagam
Tomados pelo tamanho sofrer
Que essa distância veio trazer

Amor profundo

Voa alto, além do firmamento
Voa longe, atravessa todo ar
É tão leve, tão casto sentimento
Como as mais límpidas águas do mar
Carregando o carinho intento,
O sublime gesto do puro amar
Brota da alma, o ponto mais fundo
Jorra dos olhos o amor profundo

Melodia do olhar

A pura melodia do olhar
Ao encontrar carinho intento
Dentro de outros olhos a brilhar
Degustando precioso momento
Composto pelos prazeres tantos
Anil fonte de felicidade
Jorra água com seus belos cantos
Como a benção da santidade
É o elo do brilho provindo
Chama que queima nunca extinguindo
Aquece corpo, alma, coração
É fogo que arde em paixão

A magia do beijo

Dos lábios o encontro desejado
É sacramento da pura paixão
O elixir do amor despejado
Encontra o descanso no coração
Alimentando este sentimento
Que une tantos e tantos casais
Os amantes de todo momento
Consumam o amor com elos carnais
Existem tantas emoções contidas em um único fio de esperança.

As rosas do caminho

Estas pétalas que cobrem a escada
Exalam tantos olores cintilantes
E entorpecem a lágrima rolada
Que brota dos olhos inebriantes
Materializam sufocante visão
Que cobre o caminho por inteiro
Contaminando toda sua extensão
Com tão fúnebre e púrpuro cheiro

Expresso da ilusão

Lugar algum é o seu destino
Nunca é a hora da partida
Os seus trilhos são o desatino
Da sanidade é despedida
Rumo ao horizonte ele segue
Sem passado, sem futuro se vai
Sem qualquer afirmação que negue
Sua passagem a ilusão atrai

Estrela guia

Procuro pela estrela a brilhar
Perdida entre tantas constelações
Refletidas pelo tão límpido mar
Conduzindo a diversas emoções
Dizem o hábil artista inspirar
Para a prima de suas criações
Será lenda ou será verdade?
Será dona de tal habilidade?

Para muitos é a celeste guia
Detentora de um véu envolvente
Que traz à alma intensa magia
Dos sentidos todos, entorpecente
A inspiração ela contagia
Com seu encanto veemente
Será realidade ou ilusão?
Será ela deusa da inspiração?

Os olhos dela

Como luzes embriagantes
Que tragam todo o meu ser,
Séculos tornam-se instantes,
Fazem tudo desaparecer,
São estes olhos fascinantes
Que roubam a minha visão
Como ondas estonteantes,
Quebram ante a imensidão
Destes olhos tão atraentes
Que vívidas sensações despertam
E quando estão ausentes
Com o sofrer meus olhos flertam

Encarar-se

Disparates do dia a dia
São os benévolos testes
Para saber o que contagia
Para que o eu se manifeste
Assim o autoconhecimento
Torna-se real, possível
O verdadeiro sentimento
Será bondoso ou terrível?

Renovar

Tudo que para trás ficou
Não traz ação qualquer
Pois o passado já passou
Haja o que houver
Se o depois é chance
O agora é o momento
É o instante, o relance
De praticar o intento
O desejo tão positivo
Mirando o lugar altivo

quarta-feira, agosto 05, 2009

A arte é a modesta expressão da obscura ciência da alma.

Súbita insatisfação

Uma intensa insatisfação me domina,
Um súbito desgosto sem saber
A origem desta dor que desatina,
Que rouba a identidade do meu ser.
Talvez desilusão seja comigo mesmo,
Com minhas inutilidades, limitações,
Que obrigam-me sofrer a esmo,
Sem com conhecer as reais razões.

Paranóia coletiva

Assim o pandemônio nasce
Em meio à pandemia coletiva
São os medos sem disfarce
Revelações da dor tão furtiva
Dominados pelo vão temor
Geram então o caos social
A comunidade em torpor
Em estado de origem, animal
A pandemia da insanidade
Em uma surreal realidade

A sina

As várias faces da morte
Atingem a todas as pessoas
Desde o fraco até o forte
Sejam elas más ou boas
É fato tão inevitável
Muitos tentam adiá-lo
Mas ninguém é invulnerável
Todos irão encontrá-lo
O chamado juízo final
Cumprindo sua sina mortal

Moléstia

Pelo sangue viaja a vil tormenta
Que pelas entranhas todas espalha-se
Cobrindo a extensão de forma lenta
Exibindo a sua obra na face

Corrói o corpo e a mente aos poucos
Trazendo dor, desespero e solidão
Transformando todos os seres em loucos
Fugindo dessa cruel moléstia em vão

Obsessão pela cura é regra nova
Enquanto uns lutam pela proteção
Os outros esperam por alguma prova
Seja de amor ou ao menos compaixão

Pequenas alegrias

Os lírios da vida plena
Possuem uma cor tão doce
Tão intensa, tão serena
A alegria que trouxe
Faz o brilho da estrela
Parece algo tão banal
Ante ao falto de tê-la
Um ato tão especial

Os males solitários

Tão sólida solidão que corrói
Rasgando os rastros de calma
Espalhando-se pela alma que dói
Despertando os gritos do trauma
Protegido pela companhia
Quando esta se faz presente
Afunda em tão funda agonia
No momento do carinho ausente
Desmatamento da esperança
Cegando-nos com tanta pujança

A fé na melodia

A canção tão entoada
Carrega amores tantos
É tão bela balada
Recheada de encantos
Com sua harmonia
Inspira os corações
A pele se arrepia
Em meio às ilusões
Crença que contagia
Traga todas multidões
Que cantam todo dia
Estas singelas canções

Mártir da inspiração

Da composição perfeita é segredo,
Mas não essa aclamada inspiração.
É de tamanhas fantasias enredo
Que escondem os anos de dedicação.

Talvez desculpa seja do ser incapaz,
Por não possuir a virtude singela
De tanto estudo humilde que se faz,
Dedicando a vida à arte bela

Todos os percalços então diminuir,
Reduzindo-os a fantasias pequenas.
Valoroso artista em mero mártir,
Um escravo da inspiração apenas.

A magia da cura

Essa tal quinta essência
Que todos os males cura
De tanta experiência
Essa tão tola procura
Por milagroso elixir
Tão infantil fantasia
Pois para total corrigir
É preciso todo dia
Ser uma luta constante
A completa melhoria
Não nasce em um instante

Terra longínqua

Dos limites correntes partidas
Elevando aos mais altos locais
Onde as paixões são permitidas
A todos com as parcelas iguais

O único limite imposto
Até onde vai a imaginação
O criar tão livre, tão disposto
Sob regência do próprio coração

Será uma terra tão distante?
Será uma terra existente?
Nossa liberdade em instante
Poderá ser enfim permanente?

Deusa profana

De todas as deusas a mais profana
Com os seus sortilégios diversos
Tamanhas mentiras ela emana
Pelo ar medos tantos dispersos

Por muitos chamada de fonte bela
Que transborda os sonhos, a ilusão
Aprisionando em fria cela
Com falso codinome, inspiração

Acorrenta os artistas tantos
Sob a tal liberdade deturpada
Atraídos por seus vis encantos
Condenados à arte limitada

terça-feira, agosto 04, 2009

Talvez a incessante busca por tendências seja um meio de tentar calar o vazio das aparências.

segunda-feira, agosto 03, 2009

Minhas tolas palavras

As pobres palavras não podem traduzir,
Com suas traduções tão simples, pequenas,
O quanto é grande, intenso meu sentir,
Talvez até possam simular, apenas.

As frases, com suas vãs interpretações,
Com todos os seus significados banais
Não compreendem as profundas sensações,
São vulgares gestos, linguagens triviais

Guardam dentro delas sinônimos tantos,
Não são capazes do meu amor expressar
Com seus sonoros carinhos, seus encantos,
Que viajam tão serenos em pleno ar

O meu sentimento que a alma transcende
Meu simples vocabulário não compreende

Ciclos

Da vida o ciclo perspicaz
Sem ter começo, sem ter final
Seu caminho nunca se desfaz
Contínuo e irracional

Não tem barreiras ou fronteiras
Espalha-se no universo
Sem equívocos ou besteiras
Em seu objetivo imerso

Viagem interior

O fúnebre tocar de piano
Em púrpuras notas a ressoar
Expressa dias, horas ou ano
Tão embriagante quanto o mar
Transporta a alma sem direção
Viagem ao próprio interior
Imerge, tamanha imensidão
Aprecia o peculiar sabor
Composto de vertentes diversas
O delírio intenso, constante
Em tantas consciências imersas,
Misturando-se a todo instante

Caminho do coração

Nem tão distante da visão
Nem tão próximo alcance
Perdido na imensidão
Seu brilho é o relance
Do sonho tão almejado
Do desejo veemente
Caminho a ser trilhado
Com o coração ardente

As falas do corpo

Palavras que o coração acalenta
Suaves toques de tanta carícia
Que deslizam, contornam de forma lenta
Aos diversos prazeres, é tão propícia
Esta hora que o corpo enfim fala
Em sua vívida linguagem de sinais
Que a razão então se rende, se cala
Os sabores dos delírios tornam-se iguais
Destas palavras do corpo são tradução
Conectam-se em perfeita harmonia
Instante em que a pele arrepia
O puro significado da emoção.

Ato mecânico

O costume absorvido em ação
Já responde sem autonomia
São atos que agem em vão
Próprio, apenas fantasia
Que um dia será o padrão
Da particular alegria
Aos poucos mecânico ser
Robotizando sem perceber

Intolerância da dor

A dor em discrepância
Gera tanta discussão
Túmulo da tolerância
Que rasga o coração
Ignora alheio sofrer
Para o próprio reflexo
Enfim satisfazer
O outro então perplexo
Sem qualquer piedade
Sem qualquer sanidade

O mundo dentro de nós

Dentro de nós há um mundo
Um mundo de curvas tantas
Tão intenso, tão profundo
Que viaja pelas gargantas
É terra de fantasia
Dos sonhos é o reinado
É dor em hemorragia
Sentimento deturpado
Onde vivem aventuras
Onde vivem nossos medos
Onde encontramos cura
Onde sepultam segredos
É nossa pura tradução
Com sentenças em colisão

Nascente

Tingido todo o fúnebre véu
Este manto que o mundo cora
Espetáculo mais doce que mel
Tão vívido quanto a aurora
Que resplandece no límpido céu
Levando a solidão embora
Neste compasso de tantas cores
Que ao peito traz tantos amores

Luz obscura

Que a retina rasga é a luz
Tamanha sua intensidade
Às vezes a loucura nos induz
Cegando a nossa sanidade
Num jogo que a alma se reduz
Mero objeto de castidade
Deturpando a real essência
Desta mundana experiência

A migração

Migrar para o sul ou ao norte
Como as tão sábias aves fazem
Buscar estio, fuga da morte
Em busca da bela paisagem

Abandonar a gélida face
E do astro rei os passos seguir
Encontrar solo que germinasse
As castas sementes do progredir

Rumar ao tão fértil ambiente
Onde tudo planta, tudo nasce
Neste rubro solo sorridente
O próprio sustento retirasse

É o fértil solo prometido
A quem mantém coração garrido

Pirotecnia do sentir

Os estardalhaços tantos causar
Com extremistas respostas sempre
É tão exagerado expressar
Criar os tamanhos choque entre
Os sentimentos para se dizer
O que se navega pela mente
Gerar grandes tormentas e perder
A paz típica do ambiente
Por tão pouco às vezes explodir
Seja por boa ou por má razão
Golpe que faz harmonia ruir
Descontrole total da emoção

As dores do ofício

Qual será correta opção
Ter trabalho como sustento
Ou pelo trabalho viver em função?
Entregar-se sem julgamento
A esta tão intensa atividade
Sem descanso, sem distração
Nada que tome a produtividade
Destinar corpo, alma, coração
Vender-se em totalidade
Para assim viver em vão
Tendo o acumular como vício
Tornar doloroso o belo ofício

Recaída

Da repugnada loucura
Está agora envolto
Perdido entre a ternura
Ou o delírio solto
Que toma-lhe a razão
Que cega-lhe o olhar
Sem saber a direção
Que agora deve trilhar

Dilemas

Da vida moderna é o tema
Pelas correntes do acúmulo
Ditado em tão cruel dilema
Da esperança é o túmulo
A profunda vala que enterra
Mais um bloco de carne vazio
Que ao desespero tanto berra
Antes de ser tragado pelo frio
Contra a correnteza remar tentou
Mas na miséria então afundou