sábado, fevereiro 28, 2009

25 anos

Vinte e cinco anos
Um quarto de centenário
Com acertos e enganos
Celebro outro aniversário

Da infância me desvio
Dos trinta me aproximei
Mais ou menos arredio
Sem saber o que serei

Aumenta a idade
A cada ano somado
Maior a responsabilidade

Experiência adquirida
Segurança e instabilidade
A trajetória da vida

Festa

Mais um ano completado
De histórias mil
Mais lembranças do passado
De um espírito juvenil

Festa e saudação
Cantos e gritos a entoar
Parabéns e vibração
Para o aniversário comemorar

Afagos, carinhos e abraços
Bolos, velas e presentes
Aguardam os próximos passos

Amigos, vizinhos e parentes
Alegre confraternização
Anos passam ausentes

Tristeza contagiante

Pela tristeza dominada
Ele é tomado pela aflição
O sofrimento da amada
Depreda seu coração

Egoísta é o preocupar
Do sempre querer bem
O sorriso dela ao radiar
Alegra-o também

Libertá-la do problema
Enfim protegê-la
Resolver seu dilema

Partir do clamor
Até a alegria extrema
Em delírios de amor

A casa

De paredes bem postadas
E base firme de concreto
Pode ser térrea ou com escadas
Modelo chamativo ou discreto

A boa localização
É item essencial
Fundo com porão
Ou espaçoso quintal

Bom lugar para morar
Não de precisa de terraço
Ou vista para o mar

Pelo laço envolver
Harmonia no lar
Para vida florescer

Busca por sentido

A busca incessante
Por algum sentido
Não para um instante
Mesmo quando proibido

Porém, é ignorada
A virtude da espera
E a hora aguardada
Torna-se uma quimera

Não pode ser imediata
Tal compreensão
A espera é inata
À nossa condição

Para não tratá-la
Como agonia
E assim valorizá-la
Com sabedoria

Arte de sonhar

Até para sonhar
É necessário empenho
A gana de conquistar
Um desejo ferrenho

O sonho é uma exclusividade
Que poucos conquistam
Pois sonhar sem vaidade
Nem todos arriscam

Para ser verdadeiro
Tem que partir do coração
Para realizá-lo, primeiro
Ouça sua intuição

Para sonhar direito
Precisa de muita vontade
Muito amor no peito
E não parar com a idade

Velha infância

Boneca, carrinho e peão
O futebol é de botão
Mãos e cara pintadas
Com sorrisos e gargalhadas

A terra imaginária
Repleta de ternura
Viagem interplanetária
Com perigos e aventura

Pula, corre e esgueira
Num mundo de fantasia
E eterna brincadeira

A infância é assim
O galho de goiabeira
Alegria sem fim

Dinheiro, Luxúria e Ganância

Dinheiro, eu quero
Com amor e esmero
Construo uma fortuna
Preencho da alma a lacuna

Lucros exorbitantes
Loucura e insensatez
Especulações a todo instante
O horror em liquidez

Torna-me vaidoso
Temeroso e inconseqüente
O gasto é o único gozo
De uma vida incoerente

O acúmulo é o meu tesão
Meu medo é sua ausência
A realidade em distorção
Quando chega a falência

Mitos e lendas

Para acalmar as lendas
Regalias são destinadas
Em forma de oferendas
De pessoas desregradas

Para pedir perdão
Ou algum benefício
De toda ação
Parte um sacrifício

Para saciar um mito
É preciso muita fé
Ao participar do rito

Persistir sem esmorecer
E paz no espírito
Para enfim compreender

Bloco do miudinho

O samba toca para quem
A dança vibra no salão
Eu não vejo ninguém
Que não seja solidão

Em blocos já desfilei
Sambando no sapatinho
Elogios nunca terei
Por isso, sambo sozinho

Se olho com desdém
Para o meio do salão
É por sambarem aquém
No meio da multidão

Pierrô, Arlequim e Colombina
Passam pela avenida
Convivem com a sina
Da dor da partida

Calada da noite

O sol se põe
E a luz se vai
A noite propõe
E o dia sai

As estrelas brilham
Cintilantes pelo ar
Os olhos fascinam
Esplendoroso luar

Os dois namorados
Trocam juras de amor
Sob o céu estrelado

Desprezam o pudor
Coração acelerado
E todo torpor

O abismo

O garoto parou estarrecido
Diante daquela visão
Nunca vira nada parecido
Não fosso nem depressão

Procurou por um fim
Sem nada encontrar
Algo tão fundo assim
Teria como acabar?

Uma pedra arremessou
Para profundidade medir
O som da queda ecoou
Depois de muito cair

Então começou a pensar
Mas que buraco profundo
O será que vai dar
No outro lado do mundo?

Corinthians

De emoções um turbilhão
Corinthians, time idolatrado
Movido por uma nação
De coração apaixonado

Por tradições e glórias mil
Por muitos, invejado
Ilustre retrato do Brasil
Jamais será superado

Mesmo a bola não entrando
E a vitória não chegar
Seremos loucos do bando
Para nunca te abandonar

Corinthianos de amor verdadeiro
Não importa perder ou ganhar
Atravessando o mundo inteiro
Pelo prazer de te ver jogar

Paciência

Para alguns uma virtude
Para outros, objetivo
Desafio de magnitude
Do coração arredio

Na face transparece
Quando está ausente
A alma estremece
No desespero latente

É preciso esforço
Para conquistá-la
Pouco alvoroço
Pode aproximá-la

A vida nos ensina
Aumenta na experiência
Ignorando o que fascina
Aprendemos a paciência

O Dia

Pode ser tão dolorido
Até parecer penoso
Ou ser colorido
E muito prazeroso

Confusa é sua divisão
Às vezes eterno
Como um inferno
De espera e solidão

Em outros momentos
Torna-se um instante
De paixão e sentimentos
Que embalam os amantes

De sol, chuvoso ou nublado
Não importa o clima
Se há alguém especial ao lado
Nosso dia se anima

segunda-feira, fevereiro 23, 2009

Silhueta da paixão

Percorre todo o contorno
Deslizando-o suavemente
Valorizando cada adorno
Tocando-os suavemente

Sutis e intensos movimentos
Estimulam as sensações
Aquecem os sentimentos
Guiados pelas vibrações

Com os instintos aguçados
E a vitalidade latente
O prazer é alcançado

Transpondo os sentidos
O clímax enérgico e envolvente
Satisfaz-se a libido

A dúvida

Quando a dúvida nos domina
O peso de uma opção
Na mente masculina ou feminina
Torna-se uma aflição

Com tantos caminhos a seguir
Somos tomados pela incerteza
E o medo de nos ferir
Impede de ver com clareza

Porém, há uma solução
Ter o coração como guia
Para superar essa situação

Se para a alma olhar
A resposta se esguia
Pronta para se encontrar

A chuva

Águas de origem celeste
A maior alegria do agreste
Chuva de gotas cristalinas
Tudo que toca ilumina

As árvores dançam
Anunciando sua chegada
E o som trovão
Entoa a balada

Toque celeste sagrado
Que toda natureza acalma
Espalha vida por todo lado
E purifica nossa alma

Vem em forma de tempestade
Com força e vontade
Ou pode ser chuvinha
Bem fina e calminha

A última hora

Olha para o relógio 16:59:59, 17:00:00. Enfim ela chegou, a última hora, falta pouco, apenas uma hora, sessenta minutos. Concentra-se em suas atividades para que o tempo passe mais rápido, finaliza tudo e começa pensar “Agora falta pouco”, olha para o relógio, 17:08:35 parece que o tempo não quer passar. Começa a buscar novas alternativas para ocupar o tempo, toma um café, vai ao banheiro, olha o movimento, adianta o trabalho do próximo dia, 17:16:25, o relógio parece estar de brincadeira, deve ter quebrado ou com a bateria fraca, melhor conferir em outro, 17:17:02, definitivamente o tempo desistiu de andar.

As tentativas partem para novos horizontes, tenta conversar com as pessoas ao seu redor, realiza todas as atividades que o local lhe proporciona, chega ao extremo de pedir ao céu, Deus, ou qualquer um que possa ajudar. 17:34:53, a hora avança, falta pouco mais de vinte minutos, a espera se aproxima do fim, um sorriso surge no rosto, a liberdade está próxima.

17:42:23, já não sabe mais o que fazer para se distrair, anda de um lado para o outro, 17:44:46, os minutos se tornam horas, e os dez minutos finais assemelham-se ao total de horas que está prestes a superar, como se fosse os últimos passos de um maratonista, perto da linha de chegada, pesados e lentos. 17:58:00, a ansiedade começa dominar sua mente. 17:59:00, o último minuto, os últimos sessenta segundos, os outros não pareciam ser tão longos. 17:59:45, falta muito pouco, 17:59:50, começa a contagem regressiva, 17:59:51, 17:59:52, 17:59:53, 17:59:54, 17:59:55, 17:59:56, 17:59:57, 17:59:58, 17:59:59, o esforço final do relógio para mudar a hora, 18:00:00.

sábado, fevereiro 21, 2009

Amanhecer

Um som estridente corta o silêncio que predominava no quarto. Abre os olhos e observa tudo ao seu redor, a luz do sol, ainda meio fraca, atravessa timidamente a fresta da janela.

O relógio marca 07h15min, assim começa mais uma batalha contra a preguiça. Pensa em ficar mais cinco ou dez minutos na cama, vira para um lado, vira para o outro, talvez por procurando forças para enfrentar mais uma batalha diária. Começa avaliar as conseqüências causadas por mais dez minutos de sono. Após uma análise rápida chega a conclusão que é necessário superar a preguiça e levantar-se para começar mais uma vez a sua eterna busca por sonhos que talvez nunca possam ser alcançados.