segunda-feira, novembro 24, 2008

Evolução

Para que ocorram transformações significativas acompanhadas de boas perspectivas para o futuro, a sociedade precisa evoluir como um todo. Isso não se resume apenas ao fato das classes menos favorecidas ampliarem seus conhecimentos com relação a seus direitos e comecem a lutar para conquistá-los ou a mudança de postura das pessoas que possuem poder, diminuindo a busca incessante por lucros exorbitantes e ignorando todos os benefícios que suas condições oferecem.

A história comprova que toda e qualquer forma de poder é falha e que a busca por uma solução utilizando fórmulas conhecidas é utópica. O Capitalismo, Socialismo, Anarquismo, Totalitarismo, Neoliberalismo e outros “ismos”, qualquer o sufixo atribuído para formas de administração do estado criadas até hoje não funcionam, pois todas são corrompidas pela ação humana.

O ser humano precisa evoluir ao ponto em que os poderosos não precisem sobrepor suas vontades para conquistar seus objetivos e os menos favorecidos não tenham que agradecer ao conseguir algo que lhes é de direito. Só assim a sociedade pode se aproximar da tão sonhada democracia.

domingo, novembro 23, 2008

A espera

Como é incômodo esperar
Depender de uma decisão
E apenas observar
Sem controlar a situação

Com a espera vem o medo
Que acompanha o desconhecido
Tudo parece um segredo
Sem rumo definido

Muitas vezes não percebemos
Que a espera é uma lição
E quando finalmente aprendemos
Não damos tanta atenção

Esperamos uma resposta incrível
Proporcional à nossa dor
E quando o resultado é incompatível
A espera perde seu valor

Ironias do destino

Como são engraçados, para ser mais exato, irônicos, certos rumos, muitas vezes inesperados, que nossa vida toma, conduzindo nosso destino a situações em que ficamos a mercê de pessoas que prejudicamos de alguma maneira, o que para maioria é algo muito incômodo.

Ninguém está livre disso e podemos comprar isso com o resultado das eleições presidenciais dos Estados Unidos em 2008 que deu a vitória à Barack Obama. Um dos países mais preconceituosos do mundo depende de um negro, representante de uma classe que foi perseguida de modo severo durante anos, para salvá-los de uma das maiores crises da história.

Estes casos, como em outros em que os maltratados dão a volta por cima, fazendo com que os malfeitores dependam deles de alguma maneira, mostram sua grandeza e, ao invés de buscar vingança com essa situação, buscam ajudar e solucionar o problema, beneficiando aquele que o prejudicou em algum momento. Talvez prestar atenção em atitudes como essa seja mais útil que tentar “explodir” aquele que por algum motivo o prejudicou.

Justiça cega

É incrível como a balança da justiça às vezes fica desequilibrada, principalmente quando comparamos um réu que possui muitos recursos financeiros e ocupa um alto posto na sociedade com um que não tem quase nada.

Exemplo disso é o caso do banqueiro, acusado de corrupção e crimes financeiros, e o delegado que estava liderando uma operação da polícia federal e reuniu as provas para incriminá-lo. Até aí uma história policial comum, com o mocinho caçando o bandido.

Porém, devido ao seu poder, o banqueiro e seu corpo de advogados lutam com todas as forças para fugir da punição e com muita habilidade desviam o foco de seu crime virando a mesa e acusando o delegado de obter as informações que incriminavam de maneira ilícita. Não parou por aí, chegou ao ponto de pedir a mudança de juiz que, aparentemente, realizaria uma sentença que não o beneficiaria. Questionando a posição de mocinho e bandido, sugerindo até uma troca de papéis.

O mesmo não acontece quando vemos o julgamento de uma pessoa menos favorecida que realizou um ato, de proporções muito menores, porém ainda sim ilegais. Muitas vezes este cidadão é agredido verbalmente, fisicamente, psicologicamente, sem direito a defesa e, então, jogado em uma prisão e esquecido pela sociedade.

Vendo isso surge a questão, para que lado pende a balança da justiça? É melhor a justiça deixar de ser cega e abrir bem os olhos, pelo menos até regular a sua balança. A sociedade agrade.

Até a ganância pode nos levar?

Que tipo de loucuras as pessoas podem cometer por causa da ganância? A notícia publicada esta semana no jornal e em alguns sites da internet sobre um funcionário da bolsa de valores de São Paulo que atirou no próprio peito durante o pregão mostra que algumas pessoas acham que o dinheiro é a coisa mais importante da vida.

Somos guiados pelo mundo monetário e parece que esta é a única razão de nossa existência, acumular cada vez mais bens ao longo da vida. A conseqüência disso é o surgimento de uma crise devastadora, criada por especuladores e manipuladores do mercado financeiro que brincam de multiplicar seus milhões, bilhões, trilhões, e a maioria das pessoas não tem culpa, mas tem que pagar a conta.

Eles criam expectativas de faturamento e apostam em aumentos exorbitantes de seus lucros, usando, na maioria das vezes, dinheiro para comprar dinheiro. Uma cruzada vazia em busca de créditos surreais que quando falha, os trabalhadores, pessoas comuns que lutam para honrar suas dívidas e aumentar seu conforto, são incluídos nessa situação e se vêem obrigados a arcar com mais essa dívida. A única pergunta que fica é, até onde vale a pena se sacrificar por isso?

A meu ver os amigos, a família, os filhos, as outras pessoas que nos rodeiam e até nossa própria existência são muito mais importantes do que qualquer coisa.

quarta-feira, novembro 12, 2008

A rotina de um desempregado

Acorda de manhã, mais ou menos no mesmo horário, como costumava fazer na época em que trabalhava, às vezes meia hora mais cedo ou mais tarde. Toma café da manhã e lê o jornal em busca de notícias e uma esperança qualquer.

Começa a perambular pela casa procurando algo para fazer, arruma uma coisa aqui, ajusta outra coisa ali para matar o tempo, o relógio não costuma andar muito rápido nos últimos tempos. Finalmente chega a hora do almoço, não come muito porque não se desgastou para ter muita fome.

À medida que o dia passa a esperança o acompanha, o telefone que insiste em não tocar, o e-mail que insiste não chegar e os amigos que parecem não lembrar mais da sua situação. Os pensamentos que chegam já não são tão bons, aparecem desordenados, as preocupações aumentam, será que vou arrumar outro emprego? Será que terei dinheiro para saldar minhas dívidas?

Nesse ritmo a noite chega, liga a TV ou sai por aí para um passei despretensioso, tentando esquecer os medos e as angústias. E assim mais um dia termina e o que resta é apenas a esperança de que no próximo tudo será diferente...

Mudanças

O mundo já não é o mesmo e as mudanças ocorrem numa velocidade inacreditável com fatos marcantes que nos levam, aparentemente, para uma realidade melhor.

As vitórias de Lewis Hamilton, campeão mundial de Fórmula 1, e de Barack Obama, novo presidente da maior potência do mundo, não significam apenas o triunfo de homens negros em áreas onde nunca obtiveram êxito, mas também a esperança de uma renovação e evolução do pensamento do ser humano.

Estes acontecimentos são grandes avanços rumo ao sonhado mundo que John Lennon cita em sua música Imagine, “...imagine que não há nenhum país, não é difícil imaginar, nenhum motivo para matar ou morrer e nem religião, também...”. Um lugar sem preconceito pela raça, que segundo alguns estudos científicos recentes não existe, pela crença ou qualquer outro motivo. Um mundo onde todos são iguais e são recompensados por sua capacidade e qualidades, não mais por aparência ou influência.

Muitos podem considerar isso um sonho impossível ou uma realidade distante, mas é na verdade é algo totalmente possível e para que ele se torne real depende de cada um de nós. Como diz John Lennon no final da música, “Você pode dizer que eu sou um sonhador, mas eu não sou o único. Espero que um dia você junte-se a nós e o mundo será como um só”.

sábado, novembro 08, 2008

Mais uma vez

Fecho os olhos e me perco mais uma vez
Sem saber o que esperar de você

Esperando te encontrar mais uma vez
E dizer tudo o que sinto por você

Mas palavras, pobres palavras
Não podem entender
Tudo o que sinto por você

E se perdem, se confundem
E põem tudo a perder
E você não entende o que quero dizer

Mais uma vez, sem você...

Acontecimentos

Certas coisas acontecem porque têm que acontecer, mesmo que às vezes não seja possível compreender.

Desejos

Chegou a hora de parar de sonhar
Cansei dessa vida que levei
Agora é hora de realizar

Mas como é difícil realizar
Sem ter onde se apoiar
Seria bom ter um lugar para me esconder
Mas é melhor seguir em frente
Pois, sei que isso eu não posso ter

Como eles conseguem?
Chegam tão longe
Enfrentam tudo e a todos
Nada consegue pará-los

Todos os meus ídolos são assim
Talvez por isso sejam meus ídolos
Inabaláveis, decididos, prontos
Como ser igual a eles?

Ainda mais eu...
Que para estar pronto falta muito ainda
Onde sobra segurança, falta certeza
Onde surge a força, só resta fraqueza

Não sei. Isso é tudo que sei.

Lamentações

Não sei o que pode ser feito
Mas espero acordar logo
Para minha vida corre direito
Quem sabe encontrar o sossego

A vida é tão complicada
E quem pode me ajudar?
Todas minhas decisões parecem erradas
Onde as respostas podem estar?

Tudo gira em torno do dinheiro
E as pessoas esqueceram o ser
Só querem o ter, o primeiro
Cada vez mais poder

Todos querendo ter fama
Fama para quê?
O que você sabe fazer?
Ah nada, eu só queria aparecer!

Fazer

O que fazer quando só se pode olhar e esperar acontecer.
Estar ali impotente diante de tudo.
Sozinho amarrado e mudo.
Acorrentado em seus pensamentos e preso em alguns sentimentos.
O que procurar quando não se sabe ao certo o que se quer achar.
Onde esperar quando só se pode sonhar.
Olhar e aguardar o momento certo chegar.
E o que fazer quando ele estiver ai.
E você sem ter pra onde ir.

A crise

Vejo um grande temor por todos os lados aquilo que já foi uma possibilidade e atualmente se tornou realidade, uma crise de proporções globais que se espalha no diversos setores da sociedade.

O medo está estampado no olhar da maior parte das pessoas, resultando num receio excessivo. Somos bombardeados de informações e previsões pessimistas pelos meios de comunicação que nos trazem as notícias sobre a temida crise e suas conseqüências arrasadoras e, assim, levados a nos esconder e esperar calados o fim do caos. É uma espécie de lavagem cerebral que deixa a população paralisada e ninguém consegue refletir e analisar o significado da crise e talvez por isso todos tentam fugir.

Sempre que pensamos na palavra crise associamos a acontecimentos catastróficos, obstáculos insuperáveis e grandes riscos, porém mesmo estas situações de perigo, que parecem ser tão ameaçadoras, podem se transforma em oportunidades promissoras.

Os orientais encaram a crise como uma chance de superar limites e encontrar novos caminhos, uma forma de evolução. Várias pessoas enxergam nestes períodos possibilidades de sucesso, pois conseguem entender a beleza da lei da destruição, que prega a necessidade de destruir algo para que então possa renascer ou regenerar, voltando mais forte e preparado para encarar os novos desafios, como a fênix que retorna de suas cinzas, mais bela e poderosa.

Na verdade este é o verdadeiro significado de crise, um momento de renovação, uma oportunidade para evoluir e olhar o mundo de um novo ponto de vista, nunca antes percebido. O momento de tensão é a chance de mudar, agora se vai ser para melhor ou pior dependerá da forma como cada um vai encará-lo.

quinta-feira, novembro 06, 2008

Quanto vale um sonho?

Quando fé na possibilidade de melhora se vai, você fica vazia e sem perspectivas de sucesso, não consegue ver nada que está a sua volta, a única coisa que te chama atenção é o nada.

Tudo perde a graça e até aquilo que deveria animá-lo ou fazê-lo feliz parece não ser suficiente, por mais que tente nada consegue satisfazê-lo. Neste momento a felicidade se transforma em uma pequena ilha, cercada de insatisfação. Ficamos condenados a poucos minutos de alegria em meio a horas de insatisfação e tristeza.

O sentimento que prevalece é o de inutilidade, impotência, medo de não conseguir conquistar aquilo que sempre sonhou ou desejou. Então sonhar perde o sentido, pois, de que adianta o sonho se a realidade é cruel e fria e não está nem um pouco preocupada se vai agradar alguém, ela é o que é.

Às vezes parece que você chegou ao fundo do poço, não dá para chegar mais fundo, exatamente neste instante alguém aparece com algum tipo de comentário ou ação para jogá-lo ainda mais fundo e você se pergunta o que eu fiz para chegar até aqui? Será que aquilo tudo em que acreditei estar certo na verdade era uma grande mentira? Por que se preocupar quando é muito mais fácil apenas viver e deixar as coisas acontecerem? Tudo sempre foi assim, por que surge este desejo de mudar o que aparentemente está bom para todos?

Ao longo da minha vida me deparei com diversas pessoas que tinham um enorme talento, mas não conseguiram chegar ao estrelato, mesmo sendo fazendo muito bem o que faziam, ainda sim não conseguiam convencer os outros, pois utilizavam seu talento da forma como acreditavam, com amor e então eram capazes de feitos maravilhosos, porém nem um pouco valorizados. Eu sempre acreditei que as coisas deveriam ser levadas como estas pessoas faziam, com prazer, por amor, não apenas pra vender ou ganhar dinheiro. Sempre achei errada e vazia esta atitude comercial, de trabalhar apenas por dinheiro, por fama ou realização material e procurei fazer diferente e, a exemplo dessas pessoas que conheci, não consegui construir nada.

Até agora acreditei que estas pessoas que agiam com o coração e eu estávamos certos em acreditar nisso e aqueles que agiam por agir sem se preocupar em fazer por amor ou prazer, apenas por fazer e enriquecer, não. Hoje já não tanta certeza assim...

quarta-feira, novembro 05, 2008

Conto da truta

Em um desses dias ensolarados peguei minhas coisas, coloquei no barco e fui até o lago pescar. Estava preparado, peguei as iscas, anzol, muita linha e a melhor vara. Remei até encontrar um bom local, parei e lancei a isca esperando que fosse fisgada. Após alguns minutos a ausência de movimento na água começou a me irritar.

De repente senti uma forte fisgada, a única coisa que dava para ver era uma enorme silhueta sob as águas, uns dois metros aproximadamente. No início aquilo me assustou, mas permaneci firme e enfrentei meu rival. Foi uma batalha dura, me apoiava na beira do barco e por várias vezes quase fui puxado para fora, mas depois de muita luta achei que finalmente havia vencido. A truta, que de tão grande mais parecia um tubarão ou uma baleia, estava cansada e enfim se rendeu. Comecei puxá-la para o barco, mas não havia como colocá-la para dentro porque ela ocuparia todo o espaço, a única solução foi rebocá-la até a margem.

Segui até a beira do lago e quando estava prestes a puxá-la, ela escapou. Antes de partir colocou a cara para fora da água, caçoando de mim e antes de ir para o fundo e desaparecer definitivamente, olhou mais uma vez com aquele olhar de deboche como se me convidasse a voltar para travarmos outras batalhas.