sexta-feira, agosto 29, 2008

O fantástico mundo do ano eleitoral

O ano de 2008 é mais um ano eleitoral, desta vez iremos escolher nossos representantes municipais, prefeito, vice e vereadores, e como em todos os outros presenciamos fatos e acontecimentos típicos desta época tão fascinante.

O primeiro indício é ser um ano par, pois, além de presenciarmos os maiores eventos esportivos criados pelo ser humano, a copa do mundo e as olimpíadas, a cada dois anos o Brasil realiza eleições diretas para escolher os representantes do povo no governo, fato que chega até ser poético porque em todos os anos pares escolhemos aqueles que serão nossos parceiros e lutaremos, lado a lado, por todos os direitos e interesses da sociedade.

Além dessas coincidências cabalísticas, existem muitas outras, que sempre acontecem neste período. Todos aqueles que se candidatam para ocupar estes cargos tão nobres se tornam figuras presentes em nosso cotidiano, aparecendo em todos os lugares, na televisão, no rádio, nos jornais, nas revistas e em muitos outros meios de comunicação, sejam eles de massa ou não. Ficamos tão próximos que acabamos por ficar íntimos e nos tornamos amigos sazonais, não que nossa relação de amor seja temperada à “Sazon”, mas por se tratar de uma amizade temporária, de fases, de dois em dois anos, o povo e os políticos tem uma relação de cumplicidade, mesmo que momentânea e superficial.

São bons tempos mesmo, nos comunicamos tanto, os candidatos presentes em nossas casas, através da televisão e outros meios de comunicação, e às vezes indo além, aparecendo pessoalmente, porém representado por seus féis escudeiros, os cabos eleitoras, que participam do mesmo partido e compartilham as mesmas crenças e ideais.

Quando as eleições são municipais, nos aproximamos ainda mais, podemos nos encontrar em eventos sociais, andando pelas ruas, sempre são receptivos, atenciosos, ouvem tudo que temos a dizer sem perder nenhum detalhe, às vezes a saudade e a vontade de falar com a gente é tanta, que eles passam dos limites, chegando ao ponto de até deixar mensagens no Orkut.

A cidade fica linda, mais limpa e colorida, enfeitada para festa eleitoral que está por vir, com faixas, panfletos, muros pintados, camisetas temáticas, geralmente com a foto e o número do candidato, o famoso carro de som, porque toda festa que se preze o som tem presença garantida. Com a nova moda da reeleição, além da festa habitual, as ruas da cidade, mais especificamente as principais vias de acesso, aquelas que todo mundo vê e usa, ficam impecáveis, se tornam um verdadeiro um tapete, as obras são concluídas, eventos culturais, atendendo aos mais diversos gostos, acontecem por todo lado com muita música, exposições, peças teatrais e várias outras opções de lazer, até atividades esportivas. Tudo isso vem acompanhado de novas propostas e esperanças de uma vida melhor para todos que vivem ali.

Realmente estes são tempos especiais, todos estão próximos e acessíveis, um amor intenso e recíproco, como aqueles casos de amor de verão, aquela explosão de paixão que não conseguimos nos afastar da pessoa amada. Semelhante a cada troca estação, começa na primavera com os primeiros esboços de flertes, florescendo, até que no verão chega com a força avassaladora e todo aquele calor, depois começa a apagar quando nos afastamos no outono e passamos por um longo período de solidão, durante o inverno, ficam apenas lembranças de todas as promessas que ouvimos naqueles momentos de extrema paixão para aliviar a dor do abandono, e o que resta é a esperança que aqueles dias voltem.

O período de eleições é tão bonito e intenso, cria uma atmosfera de tanta felicidade, um mundo fantástico, tão cheio de esperança de dias melhores que me faz desejar que todo ano seja um ano eleitoral.

quarta-feira, agosto 27, 2008

O ser humano e seus limites

Trabalho, estudo, notícias, esportes, recordes e tudo isso nos leva a pensar, até onde o corpo humano pode chegar e o que pode suportar?

A rotina pode ser fatal, trabalhar por oito, nove, dez horas, depois estudar. Virar a noite no trabalho em busca de uma solução, treinar cada vez mais, para superar os limites do próprio corpo e todos os outros.

A competitividade aumenta a cada dia e em todas as áreas, com isso a necessidade de ser melhor que outro se torna vital para que possa sobreviver, a lei do mais forte, como diria Darwin. O mais informado, o mais rápido, o mais forte, o mais controlado, o mais impulsivo. O maior, o melhor, só estes adjetivos interessam.

A necessidade de criar soluções definitivas para os problemas do dia-a-dia de sua profissão, ler, assistir televisão, ouvir rádio, processar milhões de informações, até onde o cérebro vai suportar?

segunda-feira, agosto 25, 2008

O medo

Será que é normal ter medo da felicidade?
Sabe quando você está próximo de chegar onde sempre quis estar, a coisa que queria muito fazer pode acontecer a qualquer momento, resumindo, a oportunidade que estava esperando por tanto tempo chega a sua porta, mas não chega com leves batidinhas, derruba tudo e entra com tudo, cai de para quedas, sem pedir licença, sem fazer cerimônia.

E você lá, vivendo sua vidinha, lutando, às vezes até se superando, para que o tão sonhado lugar ao sol possa um dia chegar, e quando menos espera, ele aparece ali na sua frente, só te esperando. Coisas mudando rapidamente, a solidão se vai com a chegada do amor tão aguardado, a habilidade para o trabalho cresce com a repetição e o estudo intenso, procurando evoluir cada vez mais, para quem sabe um dia estar à altura daqueles que admira tanto, os heróis em quem se espelha para fazer qualquer coisa. Ah esses heróis, será que um dia eles passaram pelas angustias que passo, as dúvidas, será que fiz a escolha certa? Será que sou bom o suficiente para exercer a profissão que desejo tanto seguir? Será que vou conseguir me destacar? Será que vou conseguir realizar um trabalho que será reconhecido?

As coisas seguem um curso, tudo parece estar certo, da casa para o trabalho, do trabalho para a faculdade, da faculdade para os braços da namorada e de lá pra casa, dormir e começar tudo de novo. De repente tudo muda. O trabalho pode mudar e você tem a chance de ser “o cara”, do jeito que queria, com a chance de realizar algo grande, significativo, não só você, aquela que está ao seu lado também tem a chance de fazer algo grande, mas isso pode custar o peso da distância. E o que me resta agora é encarar a tudo, mesmo sem ter a base necessária, tendo que superar tudo, inclusive o medo, de quem sabe acabar sozinho novamente.

domingo, agosto 24, 2008

As olimpíadas da revelação

Algum tempo atrás estava assistindo televisão, prestes a adormecer, quando um destes jornais de fim de noite que trazem o resumo de tudo que aconteceu durante o dia, uma notícia me chamou a atenção, mesmo após ter visto os gols da rodada e aqueles fatos que, de certo modo, tornaram-se corriqueiros e não impressionam tanto, como escândalos políticos e corrupção, pequenas ou grandes crises econômicas, violência, alta ou baixa dos juros, etc.

A matéria exibida no jornal falava sobre as olimpíadas de Pequim, mais especificamente a respeito da festa de abertura. Dizia que vazaram imagens de ensaios para a cerimônia que daria início aos jogos olímpicos. A princípio parece uma notícia sem importância, mas reflete nitidamente o que acontece nos dias atuais, essa busca intensa em transformar tudo em um grande furo jornalístico e a privacidade, aos poucos vai se tornando um artigo de luxo.

Muitos acontecimentos retratam esta realidade, a banda Los Hermanos, por exemplo, na fase final de mixagem do seu terceiro álbum, Ventura, todas as músicas foram distribuídas pela internet, filmes, como o Tropa de Elite, muito antes de estrear nos cinemas já havia sido visto por milhares de pessoas. Até em outros assuntos, como no futebol, com câmeras e microfones por todos os lados, em certos momentos atrapalhando os jogadores, que tropeçam em fios, atropelam câmeras, repórteres invadindo o campo, me lembro de um jogo do Palmeiras, irônico um corinthiano se lembrar justo de um jogo do arqui-rival, na volta para o segundo tempo do jogo, o técnico Vanderlei Luxemburgo discutia com o árbitro da partida alguns lances duvidosos que ocorreram na primeira etapa cercado por repórteres, captando e julgando cada palavra que os dois diziam, gerando uma pressão desnecessária que poderia comprometer o resultado da partida. Qual será o próximo passo da imprensa nesse caso? Será que cada jogador terá um repórter e um câmera ou fotógrafo correndo ao seu lado durante as partidas?

Com casos mais polêmicos, como o assassinato da menina Isabela que tomou proporções fora do comum, parou o país e não dava sossego para os envolvidos no caso. A mãe, o pai e a madrasta, avós, policias, advogados, promotor, juízes, júri e os demais envolvidos, não tinham paz para seguir com suas vidas por causa das especulações que transformaram um drama familiar, uma tragédia para a sociedade, em um romance policial chulo e mórbido. Todos estes fatos deixam a seguinte reflexão, até onde a imprensa pode chegar? A vida de pessoas que se tornaram conhecidas, por qualquer que seja o motivo, também é de domínio público? Será que esse é o preço por se destacar em algo que saiba fazer?

Cada vez mais a sensação gostosa da ansiedade que precede a descoberta, a emoção e os medos da primeira vez, a poesia existente na insegurança, acompanhadas de muitas outras sensações, começam a se perder e serem substituídos por sentimentos enlatados, pré-fabricados. Até o sexo, explícito em todo o lugar, na televisão, jornal, revista e etc, apagam a sensualidade e o desejo de ver aquilo que está escondido, que só aparece pouco a pouco, mostrando pequenas partes, a curiosidade de saber o que está escondido debaixo do pano, a expectativa de saber o que vai acontecer no próximo capítulo de uma novela ou um seriado e dormir pensando nisso, o proibido, ter que fazer coisas escondido, sem que ninguém perceba, todas estas e outras situações estão desaparecendo, morrendo. Tudo está jogado por aí, a qualquer hora e lugar, para qualquer um ver a hora que quiser e parece que as pessoas adoram isso, sentem um prazer incrível e indescritível em aparecer e se mostrar de diversas maneiras com vídeos no Youtube, blog, flogs e qualquer outro tipo de site pela internet, mostrando tudo de sua vida, sem se preocupar ou valorizar sua privacidade.

Se as coisas continuarem neste ritmo, em pouco tempo o mundo todo será um brande Big Brother e todos nós estaremos cercados por câmeras, que poderão ler até nossos pensamentos mais íntimos e as pessoas poderão se deliciar, vivendo a vida do outro e deixando a própria história vazia, deixando de fazer a coisa mais bela e importante de todas, viver.

O tudo e o nada

Ao redor do tudo está o nada
Onde posso encontrar o infinito
Mesmo a mais longa jornada
Pode acabar com apenas um grito

sábado, agosto 09, 2008

De volta às aulas, de volta ao trânsito

Na última segunda-feira a maioria das escolas, universidades e outras instituições de ensino voltaram à atividade e junto com elas volta outra personagem típica desta época, o trânsito.

Todo mundo na rua, no mesmo horário e com o mesmo destino, reflexo do primeiro dia, um dos mais movimentados, tomando como base a Uniso, local onde estudo. Quase todos os alunos comparecem para ver o que o novo semestre irá oferecer, saber se algo mudou ou simplesmente conhecer a universidade no caso dos calouros. Mas um dos motivos mais fortes que atrai os “veteranos” é o fato de poder matar a saudade dos amigos, que em alguns casos só se encontram durante as aulas.

Voltando ao trânsito, que nesta época em especial, nos acompanha por todos os lados, na saída da casa ou do trabalho, rumo à faculdade ou escola e afins, passando pela entrada, alguns lugares com catraca, outros com filas no estacionamento, muita gente nos corredores, cantinas, pátios, etc.

Quem se acostumou com sossego e tranqüilidade durante as férias, estranha e demora um pouco para acostumar novamente com esse ritmo acelerado, mas ao mesmo tempo se sente bem porque as filas ou trombadas pelos corredores até tem o seu charme e quando as aulas e o trânsito se vão, de um jeito ou de outro, deixam saudade.

sexta-feira, agosto 08, 2008

Sombras

As bombas mais potentes
A guerra, a tacada certa
O crime mais latente
O mundo de boca aberta

As pessoas vão sofrendo
Os foguetes decolando
A arte está morrendo
E ninguém ouve o que eu estou falando

Todos procuram o novo salvador
Parados olhando tudo
Estáticos, esperando o milagre
Cegos, surdos e mudos

O computador mais veloz
A violência mais feroz
O gênio criador de bombas
O artista vivendo nas sombras