terça-feira, março 31, 2009

O ser irracional

O orgulho da razão
De intelecto exaltado
Encobre a real condição
Do cérebro mutilado
De ferramentas, manipulador
Ilusório poder detém
Descarrega seu furor
De sua sabedoria aquém
A postura intelectual
De inteligência suposta
No ato irracional
Exibe a resposta
Sua total falência
Determinará o fim da existência
Pois, da natureza é o único ser
Que enxerga na morte, prazer

Maresia

O tal aroma provindo do mar
Por ondas embala vibração
Dissipa-se tragado pelo ar
Objetos levados a corrosão

O suave engodo marinho
É conduzido por toda maré
Hipnótico toque de carinho
Confunde individuo qualquer

A miragem, enganado olhar
Perde-se ante o horizonte
Pelos pensamentos dirigir

O sol sumindo atrás da ponte
Nasce o traço fino do luar
Mais um dia esvai-se pelo monte

O ateu

O então, ateu
Ausente de crenças

Nem católico, nem judeu
Com as religiões desavenças

Aponta os fatos contraditórios
Para sua tese fortalecer

Contra ritos provisórios
Certos casos escarnecer

Porém, confuso ele é
Com contestados atos seus

Pois, diz não possuir fé
Mas crê na inexistência de Deus

Religião

A tal crença pessoal
Agora em comunhão
Antes ato individual
Difundido pela multidão
Objetivo celestial
Objeto de confusão
Diz-se detentor da moral
E o outro pagão
Imagem angelical
Demoníaca opinião
Santo rito dominical
A partir de Segunda, exclusão
Diária atitude bestial
Que envenena o coração

A derrota

O sabor de amargo tom
Desgosto pela caída
Nas lembranças ecoa o som
Da falha concebida
Espalha-se por todo o corpo
A vaidade, então, chocada
O orgulho semi morto
Provindo da atitude errada
Sensação de incompetência
Vergonha que toma o ser
Da capacidade a falência
A descrença em você

Receita

Ingredientes selecionados
Distribuídos em cada porção
Levemente temperados
Ao sabor, qualquer variação
A gosto ou em pitadas
Agridoce ou apimentadas
Pica
Corta
Rala
Em cubos ou rodelas
Teor pesado ou leve
Em fogo brando as panelas
Médio, alto, breve

Soneca, cochilo ou siesta

Das pálpebras o pesar
O cérebro em parafuso
O corpo cambalear
O pensamento confuso
Da mente o descansar
Sonhos, jogos de abstração
Aos olhos fechar
Mudança de dimensão
Na cama ou sentado
O necessário repousar
Vigor recuperado
Após despertar

Reunião

De pessoas, aglomeração
Pelos mais diversos motivos

Seja para espantar a solidão
Ou para traçar objetivos

Posições em choque
Sugestões em debate

Que a vaidade provoque
Das opiniões o embate

De amigos ou familiar
É fria quando empresarial

O convívio enfrentar
Âmbito sério ou informal

O interesse convidar
O pífio evento social

O falso festejar
Desastroso ato bestial

O ensaio

A necessária preparação
Erra, repete, erra, repete
A receita, repetição
A entrega se reflete
Na constante evolução
Que a arte submete
O persistente treinamento
De forte vontade e determinação
Abandonar o abatimento
Da dor a superação
Contra o cansaço se levantar
Mínimos detalhes, atenção
Cada erro, enfim, eliminar
O sonho dourado da perfeição

Palpites

O gesto de interpor
Sugestões ao acaso alheio

A sua vontade impor
Ao fato interveio

Ato típico intrometido
Solução que o orgulho alteia

Só atua se permitido
Com a opinião presenteia

Palpite, fácil resolução
A dor própria é mais forte

Do outro, fraqueza, frouxidão
Vazia tristeza, falta de sorte

Besteiras, boba ilusão
Não é problema seu

O desespero na mesma situação
Se não lhe pertence, esqueceu

Espetáculo circense

As cortinas se separaram
Os olhares se reúnem

Realidade e fantasia dissiparam
Distorcidos, se confundem

Da cartola a ilusão
Do nariz vermelho riso

Homem bala, a explosão
As facas ao alvo, preciso

Belo palco sob a lona
No trapézio, voadores bailarinos

Arte que impressiona
Da confusa admiração

Luzes, fogos e cantoria
Palavras, gritos, empolgação

Terra mágica da alegria
A colorida vibração

O livro

Concentração em páginas do saber
Seja realidade ou ficção
Para estudar ou entreter
Transporta-nos a outra dimensão
Faz alegrar ou a alma doer
Sentimentos envoltos, turbilhão
Alimenta a razão, o compreender
Transfigura olhares, mutação
Intima evolução do perceber
Da mente a transformação
As entrelinhas do mundo, ler

Despedidas

Olhares fixos, marejados
Abraços ternos e intensos

Pela dor, então, tomados
Sentimentos vazios e suspensos

Assim é a dor da partida
O súbito impacto no coração

Mas o encontro é também despedida
Quando desvencilhamo-nos da solidão

Jantar em família

Do convívio a degustação
O brinde, da taça o abraço
Pai, mãe, irmã, irmão
Aos adjacentes, espaço
Os carinhos saborear
Embriagados pelo amor
Entes queridos rodear
À mesa compor
Com o tempo avançar
Diminui a freqüência
E em algum jantar
De um membro a ausência
Genro ou nora acrescentar
Novas formas de convivência
Homenagem aos não presentes
Saudosa reverencia

Inversão

Da postura, alternância
Troca de posição

A própria circunstância
Cria a situação

Muda a instância
Transforma a atuação

A ordem ou relevância
Em estado de inversão

Falta

A dor da ausência
Estremece a solidão

Escorre pela carência
Assombra o coração

Talvez penitência
Ou alguma aflição

Sem a tal decência
Falha na obrigação

Regras em decadência
Atos sem distinção

A queda da paciência
Quebra da legislação

Origem da ausência
A chave da prisão

Promessas

Propor-se a fazer
Conectar-se a um objetivo
Entregar-se, comprometer
Por uma razão ou motivo
Esforço para o cumprimento
Ato de lealdade
Torna-se um tormento
Na ausência de responsabilidade
Passam horas, passam dias
Chegam as preocupações
Transformam-se em alegrias
Quando realizadas ações
Antes prometidas
Sem restrições
A honra respondida

A caixa

Portadora de retratos
Moderna, lata ou papelão

Refúgio dos sapatos
Não importa a coleção

Tampa móvel ou flexível
Esconde o produto

O transporte imperecível
O frágil reduto

Colorida, preto e branco
Em fila, empilhadas

Amontoadas no canto
Quando não utilizadas

Se rasgadas, no entanto
Renascem recicladas

Absurdo

Fato improvável
Surreal
Aceitação inviável
Anormal
História ignorada
Ceticismo
Sem prova revelada
Pessimismo
Fé arenosa
Dissolve
Atitude ardilosa
Envolve
Embalo do acontecimento
Empolgação
Testemunha o momento
Negação

A cidade

Das ruas ao concreto
Carros, ônibus, motos

O ruído inquieto
Dos turistas, as fotos

Esquinas e avenidas
Corre, corre cotidiano

As travessas esquecidas
O guia indicando

Arranha-céu imponente
A porta de vidro

A alma carente
O corpo estendido

Perspectiva exata

O firme traço
Pela régua guiado
Complementa o compasso
Com o detalhe arredondado
O cálculo preciso
De prefeita proporção
O resultado decisivo
Para a boa distribuição
Porta, janela, entrada
Cuidados e ornamentos
A disposição da fachada
Entalhes dos monumentos
A estrutura levantada
Pintura e demais acabamentos
A bela morada
Família e sentimentos

O telefone

Pode ser móvel ou fixo
Ou qualquer região
Dique o prefixo
E realiza a ligação
Detentor da felicidade
Noticia esperada
Invade a privacidade
Em hora inadequada
Com música ou tradicional
O toque te chama
Barulho infernal
Ainda na cama
Grito persistente
Toca, toca, toca
Ecoa pela mente
Reprime, sufoca
Por outro lado
A alegria inesperada
Quando do outro lado
Está a pessoa amada

Passado

Também conhecido como pretérito
Pode ter sido perfeito

Com ou sem mérito
O suposto preceito

Da mente a lembrança
No corpo marcado

A cicatriz de criança
Registro gravado

Tribulação e bonança
Ambíguos tratados

A fé e a esperança
Para trás deixados

Assalto

Mãos ao alto
O grito estridente

Regra do assalto
Ato freqüente

Chaga do asfalto
Dura e latente

Pelo telefone, ligação
O socorro pedido

A abnegação
O furto ocorrido

Torna-se informação
O jornal vendido

A audiência ao então
Crime concebido

A festa

A música, a empolgação
O bolo, a cantoria

Sorrisos intensos, diversão
A profunda alegria

Ignora a sensação
A percepção tardia

Da tal solidão
Presente naquele dia

Conclusão

A porta fechada da sabedoria
O estudo encerrar

Ostentação de alegorias
A evolução, aniquilar

Do tal sábio, a presunção
Crente detentor do conhecimento

Dono da conclusão
Que diz ser o encerramento

quinta-feira, março 26, 2009

A janela da alma

Transparece o sentimento
A luz alva e cristalina
Exibe o que há por dentro
Do revelar, a sina
O encobrir intento
Da janela a cortina
Esconde o pensamento
São menores na China
Mareadas ao tormento
O seu brilho fascina
Suave ao relento
A lágrima fina
Revela o sentimento

(Des)esperança

O momento (des)esperado
Prestes a chegar
E o ato (des)controlado
A vida tende a guiar
O menino (des)animado
Ao lado a brincar
O olhar (des)orientado
Pode o caminho indicar
Dos sonhos, o (des)agrado
Que pode se realizar
O homem (des)preparado
Em sua obra a trabalhar
O caminho (des)encantado
Você escolhe trilhar

Reencontro

O último beijo
A hora da despedida
Permanecer, o desejo
Vontade não atendida
A insatisfação, despejo
A distância dolorida
A falta do gracejo
Da felicidade inserida
No momento em que a vejo
Minutos prolongados
A efêmera alegria
Quando separados
A triste agonia
Ponteiros atracados
Contra o relógio, a rebeldia
O tempo, então, avança
Conta-o ponto a ponto
Cresce, enfim, a esperança
Chega o feliz reencontro

Viagem sem destino

Sem placas nem rotas
Ignorado o rumo
Sem obrigações impostas
Ausência de prumo
Muitas as apostas
Do trajeto, o humo
As alternativas expostas
Da estrada, o insumo
Sem roteiro ou respostas
A queda das forças, o consumo
Ao destino propostas
Da viagem, sumo

Sentimentos perdidos

Vaga pela madrugada
Sucumbe pelo corredor
A cabeça embriagada
Por suplícios e dor
A atitude desordenada
Atmosfera de terror
A força empregada
Para suprir o temor
No meio da encruzilhada
Embalado pelo torpor
De cara fechada
Não aprecia o sabor
Pela consciência proporcionada
Prefere o furor
A solidão destinada
A sina, o ardor
A solução ignorada
Prefere castigos impor
À alma purificada
Regada pelo amor

Silêncio da noite

Sob a luz do luar
Por estrelas, vigiado
O silêncio a entoar
O seu saber sagrado
Olha ao redor
O caminho deserto
Então, teme pelo pior
Ao deparar-se com o incerto
O medo do nada
Persegue a mente
Que desesperada
Não sabe o que sente
E ignora o saber
Da calada da noite
Incapaz de compreender
Confunde-o com açoite

Independência

Não mais depender
Com as conseqüências arcar
A liberdade do fazer
Pode também amargurar
Sem ninguém para deter
Nem dizer como atuar
Perigoso pode ser
Ao não saber se comportar
Quando a batalha vencer
Exceder o comemorar
Então irá se perder
Sem rumo, terá de voltar
A independência desfalecer
Por não saber controlar

Máscaras

A face encobre
O contorno subtraía
Disfarce do nobre
No baile a fantasia
Do herói popular
De grande distinção
A identidade ocultar
Para sua proteção
Esconde a personalidade
O caráter na penumbra
Opõe a realidade
O ignorante deslumbra
A identidade do ser
Sob a máscara escondida
A verdade irá conceder
Após ser destruída

Lamúrias

Da mente, o pranto
Da alma, a fraqueza
Da razão, o espanto
A queda da fortaleza
Abando do encanto
A entrega a tristeza
Chorar, no entanto
Não traz a destreza
Não vale, portanto
Cair sem defesa
Esperar do santo
Solução ou clareza
É tão errado quanto
Render-se a fraqueza

Liderança

A grande responsabilidade
Alguns não entendem o tamanho
São cegados pela vaidade
Ao fim conduzem o rebanho

O poder dado à liderança
O fator decisivo, crucial
Pode ser fonte de esperança
Ou destinar a uma morte brutal

Dele é o dever da cobrança
Do líder, postura desejada
Feita com moderação, avança

Se fronteira é ultrapassada
Com ela esvai a confiança
A queda, então, premeditada

Opinião

Questionada ou atraente
A postura firme apresenta
Pode gerar discussão ardente
Quando unânime, acalenta

Da personalidade, o traço
O reflexo da crença pessoal
Conflito indevido e brutal
Se o argumento é escasso

Do forte vontade, imposição
É pobre quando provém do ego
Então resulta na desunião

A vaidade o torna cego
Forma líder de destruição
Pela opinião me apego

Espelho

De vidro ou cristal
Devolve o reflexo
De ilusão visual
Do formato convexo
Sem padrão tradicional
Simples ou complexo
Imagem corporal
Interpretação do sexo
Exibição individual
Ao contorno anexo
Distorce o normal
Estado perplexo
Para alguns, portal
Da alma, reflexo

O trem

O fogo alimenta a caldeira
Os eixos começam a mover
Os trilhos cortam a clareira
A estrada que o trem vai percorrer
Os montes e vales, imensidão
O verde da natureza
A fumaça do trem, nuvens de escuridão
O caminho, inocente beleza
Contornando com extrema precisão
O maquinista usa sua destreza
Debaixo da ponte o ribeirão
Carrega saudades e tristeza
Vaga o tronco de solidão
Levado pela correnteza
Segue a rota que os trilhos apontarão
O fim da viagem de intensa riqueza
Concretiza-se na próxima estação

terça-feira, março 24, 2009

Alma de lutador

O adversário encarar
Olhar intenso
A fim de intimidar
Deixá-lo tenso
A confiança desestabilizar
O controle emocional
Saber recuar
Momento crucial
Investidas certeiras
Ataca, esquiva, defende
Protege as trincheiras
A batalha compreende
A alma do lutador
No olhar, a paixão
Ignora a dor
Nobre superação

Consulta

Na sala, entra
Pelo doutor é aguardado
O problema apresenta
Começa a ser avaliado
Questionário imposto
Investiga a situação
Cansado, indisposto
Ou outra sensação
Na maca, posicionado
A roupa ausente
Com estetoscópio gelado
A respiração sente
Ouve o outro lado
Repete sutilmente
Avalia seu caso
Medicamento cedido
Do retorno, o prazo
O resultado obtido

O banco de espera

Apanha a senha, senta
Olha ao redor, multidão
Todo tipo se apresenta
Comum a busca, solução
Dos casos, os mais diversos
Curativos, consultas, medicamentos
Alguns pela angustia, imersos
Desejo de findar o sofrimento
Atadura, gesso, bandagem
Se cirurgia, transferência
Da ambulância, a viagem
Sirene indica a emergência
Conversas sussurradas
Do silêncio, o respeito
Rompido pela dor gritada
Provinda do leito
Exame ou vacina
Da agulha o medo
O calmante, a morfina
O corte no dedo
Os números avançam
Aproxima-se a minha vez
Algumas pessoas se cansam
Cometem insensatez
A fila é quase nula
O último medicado
Enquanto lê a bula
Meu nome, enfim, é chamado

Sonolência

Esgotado, dormente
Sonho, pesadelo, receio
Gracejos da mente
Da razão, o devaneio
Desligamento aparente
O campo de centeio
Do cansaço, o estado
Os olhos se fecham
O corpo pesado
As forças que cessam
Para os espíritos, o chamado
A sua origem regressam
O momento sagrado
Que tanto almejam

Pesadelo

Dos medos, a vitrine
A horrível sensação
Deixar que te domine
É perde a razão
Sentimentos que reprime
Ciúme, ódio, aversão
Segredo que te oprime
A pior emoção
Atos ilícitos, o crime
O receio, a aflição
O seu maior temor
Acidentes, morte, traição
Fruto do sofrimento e dor
As lamúrias do coração

Plágio

Inescrupulosa situação
O ausente bom senso, respeito
Do justo trabalho a extinção
O ato pequeno, o despeito

A incapacidade de criar
A necessidade do plágio
Ou talvez preguiça de pensar
Elemento de grande contágio

A atitude de condenação
Como desculpa, a referência
Ou algum tipo de admiração

O fruto total da displicência
Furto da obra de inspiração
Ato de total indecência

segunda-feira, março 23, 2009

Idéia

Tem idéia que vem de caixa, de penca, de cacho.
Tem pro rapaz, tem pra menina.
Eu vejo idéias por onde passo.
Tem na quitanda ou na esquina.
Em forma de fato, relato ou poesia.
Que vende sonho e fantasia.

Idéia é uma arma de sedução.
Pode ser de um real ou de um milhão.
Mas para sua idéia amadurecer.
O importante é saber o que fazer.

Nascer do sol

O brilho imponente
O raro esplendor
Nasce no oriente
Distribuindo calor
Beleza envolvente
Chamado do labor
O despertar da vida
A terra a iluminar
A noite é escondida
O balé estelar
A energia envolvida
O galo a cantar
Esperanças nutridas
Quando o sol raiar

Superficial

O intitular-se conhecedor
Falsa destreza tende a julgar
Sobre fatos, novo entendedor
Novos rumos, atreve indicar

Nasce, então, o artista boçal
Pois, para todo estudo
É destinado ao reles mortal
Predestinado a saber tudo

Cresce, então, o superficial
Descrença em qualquer evolução
O fruto da ilusão pessoal

Novo sepulcro da revolução
Avança para o artificial
Ser desprovido de renovação

Regras

Para alguns, limite exposto
Para outros a ordem imposta
Desculpa a apoiar, encosto
A fuga da busca da resposta

Todo padrão a ser seguido
Utópica justiça social
Quebra do valor estabelecido
Pelo capricho individual

O desejo das regras superar
Criar novos conceitos, ambição
A outra rota para nos guiar

Presente ignorância, distorção
Para moderno rumo apostar
Conheça o velho com exatidão

Texto livre

A autêntica expressão
De qualquer fato tratar
O termo chulo, palavrão
Exposto sem censurar
O viés da insolência
A livre paródia
Renova a cada tendência
Sem ameaça ou custódia
Da piada ou difamação
O texto pode ser escrito
Compartilhar informação
Sem acesso restrito
Total abstração
A vista para o mar
Liberdade de expressão
Basta saber apontar

Ponto de vista

Própria opinião, o berço da razão
Do gênio, a firme atitude
Da postura vã, a inócua posição
Propensão, extrema amplitude

O passo da individualidade
Cada comportamento pessoal
Mutação com avanço da idade
Índole, transformação parcial

A liberdade dedicada, expressão
A realidade distorcida
A voz provinda da alma, intuição

Às vezes certeza desprovida
O conflito da mente e do coração
Traços estabelecidos, vida

O lado b da razão

Da mente, a interrogação
Ponto difuso, visão
A obtusa aflição
Eterna satisfação
Queda da chula ambição
Dos conceitos, a fusão
Abrangente expansão
A leve imposição
Da ignorância a questão
Dos segundos a fração
Do ato a impulsão
A nova imaginação
A livre abstração
É o lado b da razão

Libido embriagues

O toque, o cheiro
O corpo inebriado
Tomado por inteiro
O ar embriagado
Estímulo faceiro
Desejo ressaltado
Olhar sem paradeiro
O encanto intensificado
O sorriso arteiro
O contorno velado
O traço tateio
O prazer estimado

Ilusionista

Ilude a visão
Engana a mente
O movimento da mão
Convence o descrente
A arte do ilusionista
Fantástico fato
O anel de ametista
Desaparece no ato
Secreta magia
Espetáculo de empolgação
Envolto de fantasia
De fumaças e explosão
Da cartola, o coelho
Sutil aparição
Do truque, o espelho
O mistério da ilusão

Fonte seca

O abandono da irrigação
Ausente tipo de alimento
Causa lamúria, insatisfação
Expande todo o sofrimento

Abandono das forças, fraqueza
Sem específica inspiração
Busca ilusória, riqueza
Fonte seca, morte da criação

Árvores morrem, as folhas caem
Raridade, frutos escassos
As raízes rasas, se escavem

Fome que condiciona os passos
As idéias férteis já não saem
Mente oca, inúteis espaços

Acúmulo

Preguiça, o berço do acúmulo
Obrigações deixadas de lado
Toda negligência ao cúmulo
Todo trabalho condenado

Cada objetivo desmorona
Peso sobre as costas, ruína
Recluso sentimento, a sina
Ao fundo do poço, carona

A atitude inoportuna
O deslize, a calamidade
A cegueira, causa da fortuna

Desprezar qualquer atividade
Tanto diária quanto noturna
O declínio, a conformidade

Comportamento confuso

Atitude aleatória
Comportamento difuso
Modificam a história
Discurso confuso
Reanimar a memória
Negação ao escuso
Do rumo, a trajetória
Formato obtuso
Na busca pela glória
A paixão, recuso

Minha pedra

A pedra no caminho
Alheia condição
A queda do moinho
Causa desolação
O sabor do vinho
Dissolve a solidão
A espera por carinho
Pode causar irritação
A chegada do carinho
O toque, a tentação
O brindar do vinho
Acalenta o coração
Reconstruir o moinho
Inspira a utilização
Das pedras do caminho

Chance

De ficar a espreita
Pela oportunidade sonhada
Surge a receita
De esperança dilacerada
Da fé, a colheita
Pela mente regada
A alma sujeita
A chance desperdiçada
Passagem estreita
Barreira delicada
O corpo se deita
Preguiça indomada
Ao ego deleita
Pela cegueira postada
Após render-se, aceita

Compromissos

Obrigação do responsável
Abnegação do omisso
E espera intolerável
A displicência do compromisso
Por prazer ou rentável
Da puta ou do noviço
A promessa irrefutável
O reprovável sumiço
O cumprimento notável
Não é ato submisso
Dívida incalculável
Credibilidade, desperdiço
Comportamento deplorável
Não cumprir o compromisso
Chaga incontrolável

Atraso

O tempo escasso
Os ponteiros acelerados
Em ritmo devasso
Por horas, manipulados
Encurtado o espaço
Momentos truncados
O largo passo
Disparos desesperados
Não sei o que faço
Com minutos esgotados
O peso de aço
Pelas costas, carregado
Justificativas eu caço
Nos encontros atrasados

sexta-feira, março 20, 2009

Atropelamento

Do carro o motor
Pela rua a britadeira
Sobrepõe o trator
Exposto em prateleira
No trânsito a buzina
No céu o avião
Para a mente a benzina
Entorpece a audição
Caminhão, moto, furadeira
Do transeunte a distração
A freada derradeira
O contato, a colisão
Ambulâncias abrem barreira
Tentativa de salvação

O artesão

Da habilidade notável
Domínio das mãos
De arte invejável
Pelos simples cidadãos
Na matéria bruta dá a forma
Da ferramenta o entalhe
A vida se transforma
Ajustando cada detalhe
O amor pelo ofício
Reluz na criação
Seu maior artifício
A pureza do coração
A noite seu suplício
A prece pela inspiração

Teatro da vida

De enredos e temas, erupção
Suspense, ficção, comédia, drama
Entre gêneros, variação
Intrigas no desatar da trama

Os mutantes palcos, situações
Arte do diário improviso
Caem as cortinas das emoções
O pranto ao relento, o riso

As ausentes falas decoradas
O improvável ato, condição
Entre reações inesperadas

A sinceridade da sensação
Interpretações abandonadas
A realidade da expressão

A tempestade

De forma insana, devastação
Insone furor provindo do céu
A então inóspita região
Sobre a terra despejo do fel

Da natureza a renovação
Pelo ar, estrondos luminosos
Queda do velho, nova geração
Das nuvens, caminhos sinuosos

O toque violento ao solo
Mostra-se frágil edificação
Poça abriga gota, o colo

Cai por terra toda armação
No breve desespero, imploro
Sem ter teto aguardo salvação

Acender

Originária do simples toque
Provoca alvoroço, união
O primeiro estágio ativar
Vínculo efetivo, conexão

Percorre por toda a extensão
A energia vai a todo vapor
E assim, despertar a vibração
Espalha-se, então, todo calor

Os impulsos firmes e intensos
Em instantânea velocidade
Para atividades, propensos

Estimulo da capacidade
O arder em estado imenso
O torpedo de vivacidade

O olhar

O brilho embriagante
Carrega o seu olhar
Vistoso e aconchegante
Rendo-me ao admirar
É firme e marcante
Profundo como o mar
Belo e estonteante
Rendo-me ao admirar
A luz cintilante
Provém do seu olhar
Perco-me por um instante
Começo a voar
O mais belo diamante
Rendo-me ao admirar

Encontrar

A doce e suave voz que tens
Canto sublime aos ouvidos
A felicidade, os parabéns
Por minha alma, jamais sentidos

O instante diário de prazer
Do dia, momento mais esperado
Coração acelerado ao ver
Toque corpóreo tão desejado

Extasiado, entorpecido
Ao intenso amor me dedico
O sentimento enaltecido

Ao te encontrar me purifico
O maior problema esquecido
Todo meu amor intensifico

Rebeldia Anacrônica

A roupa que o corpo esconde
Atos que a mente apresenta
Barão, dono, ditador, visconde
Seres que a história sustenta

Comportamento retroativo
A herança dos antepassados
O ato de ausente motivo
Os pensamentos ultrapassados

A falha, o desentendimento
Todos os direitos deturpados
É o enganado movimento

O trabalho que é ignorado
Liberdade sem entendimento
O espetáculo desejado

Anacrônica Revolução

Atualmente nos deparamos com reivindicações e ações que não condizem com a era vivida no presente momento da sociedade. Uma visão deturpada dos fatos, inflamada por argumentos retrógrados e desapropriados para a realidade atual.

Infelizmente o ser humano ainda não evoluiu o suficiente para arcar com os próprios erros, devia o foco das verdadeiras chagas sociais e faltas humanas, sempre atrás de desculpas, como num simples exemplo da queda de um avião, devido a falha mecânica, ignorando o ato de negligência do mecânico, que deu aval para o vôo, o responsável pelas compras, que queria economizar e não comprou as peças apropriadas ou trocou o avião, ou até o presidente da empresa, que deseja o lucro a qualquer custo.

Transferimos a responsabilidade a fictícias ameaças, que a cada ano recebem novos pseudônimos, ALCA, Estados Unidos, Afeganistão, Capitalismo, Nazismo, Ditadura, Crise, entre outros fatos que a história nos oferece como justificativa para esconder o motivo real, a ganância, fruto do egoísmo e do orgulho.

Três simples palavras que justificam todos os atos bárbaros e cruéis, que visam um único objetivo, o poder, que na maioria das vezes é ilusório. É hipocrisia negar que o combate a fantasmas como o da ditadura não teve importância, as arbitrariedades causadas por essa circunstância deveriam ser combatidas, porém, vivemos em outros tempos e o fato de pessoas que nunca viveram este período esconderem-se atrás disso e usá-lo como justificativa para situações contrárias à sua vontade é um desrespeito com quem deu a vida para derrubá-lo.

Assim como certas barreiras caíram, os tempos mudaram e a mentalidade precisa acompanhar este processo e evoluir, não estamos na era de colisões, essa etapa já foi superada, a liberdade já foi conquistada, vivemos na era do trabalho e os responsáveis naturais pelas mudanças, ou seja, os jovens, abdicaram dessa atividade e preferem o sonho revolucionário, gritar aos quatro ventos suas lamúrias e quando discordadas, clama pela ditadura, realidade que apenas conheceram por livros, nunca sentiram na pele.

É muito bonito aparecer em noticiários, carregando faixas, dizendo-se vítima da neo ditadura, neo nazismo, neo liberalismo ou outro neo da moda, porque trabalhar em busca de soluções, procurando novos caminhos e criando novos projetos, concretos, com soluções úteis a sociedade, não para benefício próprio ou satisfação de desejos íntimos, com correções aos diversos erros que o mundo apresenta é um trabalho muito grande, porém, é o caminho correto, pois existem pessoas dispostas a ouvir e apoiar essas projetos e terem algo para lutar e assim, deixar de ser mais um rebelde sem causa.

Carícias

Face com face
Os lábios se tocam
O sutil enlace
Carinhos se trocam
A paixão ardente
A chama intensa
O brilho incandescente
A amplitude extensa
Artifício da sedução
O suave tocar
A desejada sensação
O prazer do amar
A bela emoção
A alma entregar
O corpo e o coração
Ao prazer de amar

quinta-feira, março 19, 2009

O número de ouro

Da natureza vem a perfeição
Pelo homem, enfim, descoberta
A incrível forma de proporção
Dada por Deus, sagrada oferta

Berço harmonioso, base das artes
Dos Arquitetos, Escultores, Pintores
Distribuição simétrica das partes
Organização das formas e das cores

Razão sagrada, tesouro do céu
Mistério, o enigma numeral
Vaga no tempo, suspenso ao léu

Traços exatos, o contorno natural
Homem Vitruviano nasce do pincel
O segredo difuso, irracional

O sorriso dela

No mundo inteiro
Não há coisa mais bela
Do que o faceiro
Sorriso dela
Nem o cancioneiro
Tem palavras para ela
Perdido sem paradeiro
Ante a forma singela
Tão vivaz e arteiro
Cura qualquer mazela
Afasta o nevoeiro
Das figuras, a mais bela
O momento derradeiro
Ao sorriso dela
Entrego-me por inteiro

Reconciliação

Os laços restabelecer
O mais belo sentimento
Ao amor se render
Finito o sofrimento
O defeito compreender
Queda do ressentimento
A paixão crescer
O prazer do momento
A chama arder
Da libido, o incremento
Então a dor morrer
Sufocada pelo carinho intento
O suave toque a envolver
Da alma, o casamento
Felizes a viver

Discrepância solúvel

A discrepância do hiato solúvel
A tolerância ao ato volúvel
A militância ao fato horrível
A circunstância de nato solvível

Eu dato grato o lato jato da infância

Incompreensão

Do orgulho a incompreensão
Para a mente, a porta fechada
Do diálogo para discussão
A paz então é abandonada

O conflito é predominante
Da origem, o motivo banal
A dor, estado contagiante
Harmonia, estágio final

Toda ira quando disparada
Tende a atingir inocentes
A conseqüência é respingada

Provém de atos inconseqüentes
Glória, a conquista alcançada
Gera os sofrimentos latentes

Poema das Rosas

A todo poeta que se preze
O tema rosa se faz presente
A capacidade menospreze
Na obra de pétala ausente

Os traços de beleza da forma
Sublime teor, a inspiração
Arte, incompleta se transforma
Ignorando nobre vegetação

Quando roubada, maior o valor
Do belo jardim, então, retirada
Na cor beleza, no espinho a dor

Por artistas, imortalizada
Sinônimo singelo do amor
O presentear a sua amada

Ato Falho

Parte do instinto errático
Intrínseca atitude falha
Nasce epicentro traumático
Por todo caráter se espalha

Cada impulso do interior
Os sentimentos em ebulição
Mínimo gesto que gera a dor
Explosão, fulminante sensação

Todo estigma reencarnado
Toda automática combustão
Defeito, estático estado

Ausência de luz no coração
O espírito mal educado
Descontrole total da emoção

Pressa

Princípios então ignorados
Passo em falso, precipitação
Pelo tempo são encurralados
O cobiçado ato, a conclusão

O sepulcro de toda a espera
Agonia e ansiedade
Dominam toda sociedade
Momento de pausa não tolera

Engodo utópico da pressa
Ilusória velocidade
Os sentimentos, não mais expressa

A falência da atividade
A decadência então começa
Falha, indisponibilidade

segunda-feira, março 16, 2009

Nau flutuante

Navega sob o guia estelar
Com as velas abertas, içadas
No ritmo dos ventos, embaladas
Eterno companheiro o luar

Ondas do mar ditam a vibração
Imprevisível balé das águas
Nuvens do mar impõem a condição
Tempestades afogam mágoas

O horizonte inalcançável
Suave toque da brisa marinha
O furor marítimo indomável

O desvio da rota, alinha
Fé na chegada inabalável
A visão do porto, fim da linha

A folha em branco

Folha em branco, mar de opções
O palco dos contos fabulosos
Poesias, romances e canções
Viagens, compassos sinuosos

É para a mente semeada
O terreno da fertilidade
Espera por sementes, arada
Regada de subjetividade

Brotam as letras, nascem os versos
Encanto das palavras, magia
Pela imaginação, dispersos

O brilho do olhar irradia
Em várias dimensões imersos
Sonho, esperança, fantasia

O termo técnico

Do mecânico a peça
Do advogado a legislação
A forma expressa
Confusa codificação

O conhecimento aparente
Esconde a insegurança
Não parecer inteligente
Não despertar confiança

A comunicação retalha
Da explicação à confusão
O medo da falha

O velho médico do sertão
A resposta simplória
É “furunco” no dedão

Divagar

Da mente, efêmero brinquedo
Nasce do sorriso subjetivo
Entrelinhas oculto, segredo
Subliminar e alternativo

Suspenso no ar, divagando sem nexo
Expressão verdadeira, gesto sincero
A arte do prazer exposto, o sexo
Feito com amor, carinho e esmero

O divagar, sublime ou banal
O devaneio, o eco fugaz
Disposição pela obra cabal

Do esforço ferrenho, semblante tenaz
Abandono das nuvens, atitude fatal
O encanto da magia se desfaz

Música

A sonoridade expandida
Todo ritmo que vaga disperso
Toda pluralidade perdida
Da harmonia, o universo

O compasso rege a vibração
Reverberar das ondas, difusor
Amplitude e equalização
Metrônomo, do tempo condutor

A maestria, orquestra sinfônica
Alma do conjunto, encontro musical
Simples, complexa ou dodecafônica

Espírito transcende, viagem astral
Artística manifestação sônica
Da audição a satisfação trivial

Química

Da pelo o toque é a sina
Do corpo o encontro, sintonia
O desejo pelo contato predomina
A química da libido, a harmonia

Pelo contorno sinuoso desliza
Conduz as mãos, caminho
O Saciar do instinto realiza
O suave e intento carinho

A sincronia dos movimentos
O impulso atende
A explosão dos sentimentos

A flama que acende
Do prazer, os momentos
A carícia que transcende

A lágrima do palhaço

Do rosto alegre, sempre sorridente
Nasce a lágrima jamais percebida
Sob a maquiagem escondida
Percorre a face sutilmente

Desaparece em meio ao torpor
Espetáculo, fantasia criada
Encobre o fruto da dor
Pela alma, recriminada

A triste sina do palhaço
Nunca expressar o sofrimento
De riso nunca escasso

Ludibriar o sentimento
Ignorar a aflição, rechaço
Falso gargalhar intento

Palco abandonado

As cortinas caem
O palco vazio
As emoções esvaem
Acalenta o estio

Luzes apagadas
Ausente empolgação
Sem choros nem risadas
Silêncio em propagação

O olhar solitário
Vislumbra a escuridão
Em estado orbitário

Na lembrança, sensação
O aplauso ordinário
Recebe sem empolgação

Antenas

Postadas no alto, imponentes
Captam sinais, transformam em ação
De idéias, fonte de transmissão
Informações que conduzem as mentes

Dos satélites artificiais
De argumentos, as receptoras
De novas expressões, mananciais
Ideologias opressoras

Reforma opiniões, dialéticas
A internet, o rádio, a televisão
Estabelecem os padrões, estéticas

As fronteiras, as comunicações
Seja educativa ou patética
Sempre promovem múltiplas revoluções

Glória transitória

Conquista, vitória vislumbrante
A batalha, a intensidade
Honraria alva, cintilante
Força, extrema habilidade

Homérico ato, corajoso, puro
Esforço sobre-humano, superação
O adversário inabalável, duro
Persistência irretocável, convicção

A glória permanente, raro esplendor
Provinda da alma, inocente paixão
Alegra o peito, o ato de amor

Glória transitória, nasce da dor
Ignorada a voz do coração
O abandono de qualquer valor

Explicação

Nasce da dúvida, intriga a mente
Face da curiosidade, encanto
A excitação da busca, atraente
Transpõe o esclarecimento, espanto

Para a questão é a resposta
Para o sentido, o literal
O fenômeno, sobrenatural
A queda da barreira imposta

Magazine, revista, semanal
Do ofício, gratas ferramentas
Um livro, artigo ou edital

Desperta, criatividade fomenta
Da luz divina para o brilho mental
Para ação, premeditação, intenta

Simetria

A paridade presente nos detalhes
Compõe a peça de rara harmonia
A atitude exposta em entalhes
Resultado, aplicação, simetria

Formas de regulares proporções
Busca do ideal, estética
Estimula o uso, sensações
Impulso sonoro, fonética

O embrião fecundo nas artes
Característica estática
A similaridade das partes

Originária da matemática
A perfeição áurea e transcendente
Explora o princípio, temática

Semana

Domingo dia de encanto
O almoço familiar
Na segunda nasce o pranto
Começo do labutar

Terça, a semana avança
Quarta a esperança impera
A metade da andança
A agonia da espera

Quinta, o ritmo desacelera
Sexta intensa e inquieta
Explosão de alegria sincera

Sábado, êxtase, agitação
Mais sete dias supera
Reinicio da superstição

sexta-feira, março 13, 2009

Momentâneo Lapso da Razão

Das regras, o libertar
Paradoxos serão superados
Quando a mente, devagar
Quebrar os cadeados

Dogmas, tabus e preconceitos
Percepções obsoletas da sociedade
Visão pequena, caminhos estreitos
Deixaremos para antiguidade

O desenvolvimento da habilidade
Da sabedoria, a revolução
Ignorando a experiência ou a idade

Encontrar, enfim, a desejada abstração
Desconectar-se da realidade
O momentâneo lapso da razão

Fogo da paixão

A paixão em estado incandescente
Promove a união de duas almas
O carinho sutil e envolvente
O toque das mãos, as palmas

Os corpos extasiados aproximam-se
Clamam por intensos contatos
Adrenalina aumenta, animam-se
Estimulam novos atos

O encaixe dos contornos
Pele com pele, harmonia
Das sensações, o adorno

A mais perfeita simetria
Libido expande em torno
Da insaciável fantasia

Emoções artificiais

Do coração feito de plástico
Peitos e músculos de silicone
Braços de borracha, elásticos
Do espírito, apenas o clone

De outra dimensão
A inteligência virtual
Com emoção artificial
De rasa extensão

Os contatos instantâneos
O lapso dos sentimentos
Dos relacionamentos momentâneos

O superficial envolvimento
A distância, o estranho
A vida em detrimento

Possibilidades

A presteza da teoria
Aplicada com sucesso
Da intensa sintonia
Afasta o regresso

Se amanhã descobrir
Que não era assim
Pode progredir
Chegando ao fim

Observar com clareza
O rumo a ser trilhado
E lidar com destreza

A chegada da certeza
Não tem tempo estimado
Da conquista, a beleza

O medo

A perseguição do medo
Às vezes, ofusca a visão
O sofrimento em segredo
Leva-nos a solidão

Ações por necessidade
Com capricho confundem-se
Confiando na capacidade
As dúvidas extinguem-se

A prece ao anoitecer
Acalenta e fortalece
Faz a vontade prevalecer

Da dor se esquece
Da obrigação, o prazer
Enfim, a solução aparece

Política

A política monetária
O ato inescrupuloso
Condição reacionária
Círculo vicioso

Desvio de dinheiro
Liberdade banida
Conquista retraída
Desconhecido paradeiro

Transporte clandestino
Direitos banalizados
Caminhos sem destino

Controle desajustado
Completo desatino
Do povo desorganizado

Exaltação monetária

Sem fazer distinção
Ou valor destinado
Vale a dedicação
No trabalho realizado

Filho do desleixo
Fruto do desdenhar
Para o ato, o desfecho
Que deixa a desejar

O custo monetário
O lucro obtido
Pensamento retardatário

O prazer esquecido
O luxo ordinário
O dinheiro enaltecido

O desleixo

O tamanho da distância
Pode ser crucial
Criar uma circunstância
Para alguns, fatal

O laço pode se estender
Como também arrebentar
A mente pode compreender
Mas o coração, dilacerar

O valor da individualidade
O preço do desleixo
A conquista da liberdade

Se do amor esqueço
Perco a credulidade
A solidão, então, favoreço

Crescer

Os anos avançam incessantemente
As crianças crescem
Evoluímos paulatinamente
Laços intensos se fortalecem

O menino torna-se homem
Sem se dar conta
As ingenuidades somem
Os obstáculos, encontra

Deixar de lado a travessura
É perder a essência
Abandonar a ternura

Gera medo e carência
Perde-se a aventura
Aprende a desobediência

Fúria instantânea

Os olhos mudam de direção
Transforma-se o semblante
A ira toma o coração
Desperta, intensa e incessante

A alma repleta de impurezas
A mente incendeia
O sangue ferve na veia
Confusões, incertezas

Comportamento violento
Atitudes desesperadas
Sem controle, tormento

Palavras impensadas
Confundem o sentimento
Depois de lançadas

Epopéias

De sagas memoráveis
Na antiguidade, vividas
Histórias inacreditáveis
Conquistas e partidas

Fortes e honrados
Lutadores por natureza
Os limites superados
Com extrema destreza

Homens virtuosos
Semi-Deuses, lendas
Caminhos tortuosos

Batalhas horrendas
Contos fantasiosos
Vitórias e oferendas

Inspiração

Deusa que ilumina a mente
Musa de rara beleza
Forte, intensa e ardente
De sutil pureza

O artista por ela visitado
Vive epopéias momentâneas
Criações de brilho encantado
De simplicidade espontânea

Desperta a criatividade
A outro nível elevá-la
Conduz a habilidade

Poucos conseguem encontrá-la
Para conquistar tal divindade
É necessário enfeitiçá-la

Mãe

Definir esta mulher, determinação
Acordada, trabalha com carinho
É totalmente guiada pelo coração
Sempre segue seu caminho

Os filhos são a maior satisfação
O tempo todo disposta a amá-los
As felicidades, realização
Da melhor maneira criá-los

Abraço forte e seguro
Protege com emoção
O sentimento mais puro

Alimento do seio materno
Carícias e dedicação
O amor pelos filhos, eterno

Expansão

A encenação da poesia
Encanta a alma plena
O mundo de magia
Eleva até a mente pequena

Viagem proporcionada
O devaneio como transporte
A palavra dilacerada
Da ignorância, a morte

A luz provém da sabedoria
Compartilhada leva a evolução
A realidade vira fantasia

O conhecimento, a imensidão
A sociedade em harmonia
O intelecto em ebulição

O namoro

Com ele vem a experiência
Para o casal apaixonado
Entraves e prazeres da convivência
De um amor concretizado

Traz consigo a maturidade
Ensina os sentimentos domar
Desperta a serenidade
Necessária para amar

Entre carinhos e desentendimentos
Aprendemos várias lições
Da vida, os melhores momentos

Carícias e intensas relações
Bem querer intento
Que une dois corações

Musicalidade

A percepção sonora
Faz-se então presente
Para alguns, embora
Esteja tão ausente

A música como essência
O ritmo ditado pela palpitação
Da alegria ou da carência
Orquestrada pelo coração

A fala e os movimentos
Em constante harmonia
Composta pelos sentimentos

A amada acaricia
Com carinhos intentos
A mais bela melodia

Harmonia

Da mente, provém a inspiração
As armadilhas da pressa
Que atrapalham a produção
Anunciadas no início, expressa

Dos ângulos, a proporção
Da forma, a beleza
Da obra, a perfeição
Da sabedoria, a natureza

A harmonia conquistada
Pelo artesão de destreza
A arte, enfim, domada

A batalha vistosa
Das mãos treinadas
E da alma briosa

Despertar

Perde-se o sentido na ausência
Encontra-se perdido, calado
N’alma completa carência
Distância, sofrimento esperado

O brilho que desperta no olhar
A chama que incendeia o coração
Contagia o sorriso, alegrar
Náufrago nessa imensidão

O ritmo começa a acelerar
Intenso e disparado
O tempo quer voar

Alegria em estado elevado
Para estar feliz
Basta estar ao lado

Números

Múltiplos, divisíveis
Soma e subtração
Concretos e infalíveis
Símbolos de exatidão

Cálculos precisos
Resultados inesperados
Números concisos
Grandes, exagerados

Duplos, codificados
Triplos, milímetros
Seqüências, organizados

Segundos, milésimos
Primeiros, únicos
Tempo, centésimos

Calabouço Mental

Acorda pela manhã, sentia-se acorrentado. O tédio da rotina para ele parecia mais uma prisão sem janelas e, resistentes, portas trancafiadas.

Com o passar do tempo, começou a deixar tudo de lado e, aos poucos, foi entregando-se àquela condição. Já não valoriza suas aptidões e deixou de sonhar, o princípio do fim.

Porém, quando tudo parecia perdido e sem solução, uma súbita inspiração domina a mente dele e reascende o coração, que até então, estava cansado e partido, e, finalmente, compreende que em sua alma encontra-se a chave para sair de qualquer prisão.

Múltipla Sensação

Regula a vibração
Acerta esse tom
Múltipla sensação
Da cor ou do som

A bela canção
Em ré entoada
Quadro em exposição
Paisagem avermelhada

A policromia
Do conjunto,
A harmonia

A bela sintonia
Da visão e audição
Da arte, a magia

Encontro Marcado

Deixa tudo de lado
Que a alma regala
O momento esperado
Enfim encontrá-la

Beleza de raro esplendor
Emanam da essência dela
A sensualidade e o pudor
Criam uma realidade paralela

Longe, tudo perde o sentido
Um mundo sem importância
Ausente a alegria, o colorido

A felicidade começa incendiar
Pelo simples fato
Do singelo brilho no olhar

Gangorra

Sentir-se amado
Sorrisos, satisfação
Deixar de lado
Tristeza, solidão

Promessa cumprida
Dor momentânea
Promessa estendida
Queda instantânea

O ímpeto calar
Esforço coletivo?
Ela pretende mudar?

Resistir e lutar
Movido por um motivo
Até quando agüentar?

Jornada diária

As ruas movimentadas
Horário de pico
Conversões tumultuadas
O tempo, sacrifico

Corrida interminável
Dia após dia
Estado impecável
A jornada extravia

Evitar o conflito
Batalha cotidiana
Impetuoso, aflito

Provável anulação
Voz do orgulho?
Ou do coração?

quinta-feira, março 12, 2009

Teoria da abstração

Expandir a mente
Romper barreiras
Fazer diferente
Cruzar fronteiras

Mudar atitudes
Novos comportamentos
Superar vicissitudes
Transformar todo momento

Sempre mudar
Buscando o melhor
Nunca parar

Estimular a abstração
Eterno estudar
Conquistar a evolução

Recomeço

Se é difícil começar
Com obstáculos e desconfiança
Depois de muito lutar
E quase perder a esperança

Então tudo se transforma
O passado não vale nada
É realizada a reforma
Reiniciada a jornada

Isso é o recomeço
Com trilhas parecidas
E desvios que desconheço

Nunca cair ou fraquejar
Das dores, me esqueço
Assim, aprendo a recomeçar

Assim é o amor

Chama que aquece a alma
Mesmo nos difíceis momentos
Espírito atormentado se acalma
Afastando os sofrimentos

Fonte de inspiração
De alegria e torpor
Acende o coração
Assim é o amor

O fogo da paixão
Febril e intenso
De profunda imensidão

O brilho do olhar
Ofusca a escuridão
Assim é o amar

Vontade de Vencer

A sede insaciável
Vontade de vencer
A fé inabalável
Avança sem esmorecer

A verdadeira vitória
Parte do coração
Abdica-se da glória
Só luta por paixão

O espírito do lutador
Forte, viril e persistente
Não se abate com a dor
Sua alma é incandescente

Olhos em chama
Corpo em ebulição
Por conquistas ele clama
O prazer da superação

Súbita tristeza

Súbita e intensa tristeza
Toma minh’alma
Desperta a incerteza
Afasta a calma

Chama que desperta
Já não é incandescente
A dúvida encoberta
O ato displicente

Abandono é o terror
Pesadelo constante
O medo da dor

Tudo parece distante
O que pode iluminar
Apaga num instante

Insônia

A noite comprida
A cama desconfortável
Fadiga reprimida
Espera interminável

O sono ausente
Em círculos é o andar
Angústia latente
Impossível o relaxar

Procura por distração
Olhar para o teto
Alternativa, televisão

O sol começa a raiar
O corpo, indisposição
Cansaço, sem saciar

Rotina

Da repetição constante
Nasce a rotina
O tédio incessante
A cabeça desanima

Igual nos acontecimentos
Ato nosso de cada dia
Intenso envolvimento
Que a alma repudia

Cada detalhe previsível
Deja vu ou mais do mesmo
Da empolgação invisível

O sorriso pontual
Cotidiano irrepreensível
Ou cópia casual

A poesia incompleta

Poesia incompleta
Desânimo e cansaço
Do pseudo poeta
De repertório escasso

Por solução espera
Atitude arrojada
Prece sincera
Medida desesperada

De dias parecidos
Forma-se a rotina
Os apelos esquecidos

Uns chamam de expiação
Outros até de sina
Só clamam resolução

Os Habitantes da Noite

O intenso ar soturno
Desperta os habitantes
Do habitat noturno
Sob olhares intrigantes

Os garotos desorientados
Perdidos, sem direção
O casal de namorados
Aproveita a escuridão

Criaturas de aspecto peculiar
Atrás da própria luz
Residem sob o luar

O primeiro feixe reluz
A fagulha solar
Aos aposentos os conduz

O relógio

Do tempo, a divisão
Em horas cheias
Para alguns, a prisão
Contenção de vidas alheias

Ponteiros, três funções
Horas, minutos e segundos
Controlam as ações
Não respeitam os vagabundos

Chega depois, atrasado
Junto, em ponto
À frente, adiantado

Analógico ou digital
De água ou de sol
O momento crucial

Realidade Deturpada

Os valores corrompidos
Em uma realidade deturpada
Com horrores escondidos
De felicidade controlada

Por relógios escravizados
De compensação relativa
Em escritórios aprisionados
Buscam satisfação alternativa

A importância dedica
As conquistas banais
A vida explorada

A posse nos engana
O único desejo é mais
E a ganância reina soberana

A nobreza do ofício

Independente da posição
De igual importância
Que sofre discriminação
Devido à ignorância

Atividades sagradas
Questionável é o valor
De prioridades contrariadas
Ao recompensar o labor

Arte fictícia de premiar
E destinar crédito
Pelo ofício realizar

Impondo respeito e admiração
Ao vazio de idealizar
A incapacidade de distinção

Trabalho

Atividade cumprida diariamente
Denominada ofício
Quando comprida é aparente
Torna-se sacrifício

Sua função primordial,
Trazer o sustento
Físico e mental
Estimular o desenvolvimento

Inerente à humanidade
Necessita a todo o momento
Testar a capacidade

Quando falha em inspirar
Sufoca a criatividade
Passa então a transtornar

Minha própria prisão

Minha prisão temporária
Calabouço de solidão
Sufocante e reacionária
Sem paredes ou portão

De pessoas, rodeado
Não coincide no pensamento
O solitário lamento
De grito sufocado

Estado inconveniente
Traz consigo lições
Aprendidas duramente

Momento de resignação
E bravura latente
Levam a superação

Caminhada Noturna

À noite o caminhar
É parecido com o dia
Mas é possível olhar
O que a luz escondia

O brilho da lua
Ilumina sutilmente
Encena pela rua
De modo diferente

A silhueta da forma
Que provém da escuridão
Paisagem transforma

A calmaria noturna
Contradiz a agitação
Cotidiana e típica diurna

Praça Oriental

Distante da terra natal
Arte cheia de graça
Cada detalhe ornamental
Presente naquela praça

Iluminação enfeitada
Com tema do oriente
A pátria do sol nascente
De localização privilegiada

Fantasiosa e encanta
De tradição milenar
Pelo mundo, respeitada

Pedaço do outro lado
Contemplado pela harmonia
Com destaque conquistado

Família

Brigas, amor e carinhos
Marcam sua existência
Com eles não estamos sozinhos
Aprendemos a convivência

Não importa a formação
Pai, mãe e irmão
De sangue ou adotado
Ou outro agregado

Algumas são enormes
Outras nem tanto
Os mesmos sobrenomes

Laços de união
Que atravessam os anosLigados ao coração

Sexto Sentido

A forte percepção
Também chamada de intuição
Além dos cinco sentidos
Por poucos percebidos

Intensa sensação
De algo que está por vir
Mensagem do guardião
Para ajudar e prevenir

Certeza inexplicável
Pressentimento que acalma
De fé inabalável

Visão mais apurada
Que provém da alma
Anuncia hora aguardada

Futebol

O drible desconcertante
A arquibancada contagia
A cena empolgante
De rara magia

Gol, o maior momento
De placa ou sem querer
O craque, o talento
Faz a torcida enlouquecer

No duelo o esquadrão
De heróis do gramado
Que despertam adoração

Amor incondicional
Pelo esporte bretão
A paixão nacional

Nuvem

A silhueta do leão
Pelo ar, desfila
Em forma de algodão
Rumo ao céu, destila

Quando branca
Desenhos apresenta
Quando cinza
Carrega a tormenta

De gotículas é composta
Cristais d’água gasosos
No alto, exposta

O contorno especial
Unido com o azul
Compõe a arte celestial