segunda-feira, junho 29, 2009

Sob o véu das aparências

Nem tudo é o que parece,
Nem mesmo o gesto imaculado
Escondido sob a prece
Está livre do malévolo lado.

Nem tudo é o que parece,
Nem mesmo a maior crueldade,
Que da maldade floresce,
Está ausente de alguma bondade.

Nem todo é o que parece,
Aos olhos de quem analisa,
Aquele que nenhum detalhe esquece,
Aquele que sempre se atualiza.

Porque o que já foi bom
Amanhã poderá ser ruim.
Se não usar o tal tom
Pode chegar ao fim.

Dolorosa peregrinação

Tão triste procissão
Buscando esperança.
A corrida pelo pão,
De fé, perseverança.
A tão grande multidão
Que luta, não se cansa.
Percorrem a cidade
Querendo dignidade.

Na mente um desejo,
‘O honesto labutar”.
Esperam tal ensejo
Para a casa sustentar.
Tão humilde desejo
Por apenas trabalhar
Pelo pão de cada dia,
Sem dor ou agonia.

Encontro noturno

O sutil iluminar
Dos traços me seduz.
No momento de amar
As velas dão a luz.
Sob a benção do luar
A paixão se reproduz.
Suspenso anoitecer
Recheado de prazer.

Minha amada amante

É tão bela menina,
É mulher tão sensual.
Amor que desatina
Que me seduz sem igual.

Seus perfeitos contornos
Despertam minha paixão.
Clamo pelo retorno,
Pela sua aparição.

É musa que encontrei,
Que amo todo instante
E para sempre serei
Seu amado amante.

Fogo chamado paixão

Com seu corpo tão belo, me seduz.
Toques, carinhos que enlouquecem.
O contorno perfeito que reluz.
Prazeres que nunca se esquecem.

Do meu corpo é vívido clamor,
Pele com pele, firme contato.
E o gozar provindo do tato.
Da paixão é o intenso calor.

É chama que arde tão ardente,
Que toma por completo a razão,
Que confunde, enlouquece a mente.

São embalados pela vibração,
Explosão de prazer envolvente,
Que nasce da veemente paixão.

A sina de lutar

Eu luto pelo firme acreditar.
Mesmo sem tributo à vitória,
Mesmo sem os louros da história.

Luto quando deveria me retirar.
Mesmo sem chances de vencer,
Sem coisa alguma a temer.

Eu luto até conquistar.
E mesmo quando cair,
Vou sempre persistir.

Então sigo sempre lutando
Pelo orgulho de ser corinthiano.

Amor sincero

É tão forte e profundo,
Capaz de mudar o mundo.
É fonte de inspiração,
É carinho tão sincero,
Sentimento tão singelo
Que arrebata o coração.

Fulminante ou discreto,
Torna o corpo completo.
Existência dividida
Do amar e ser amado.
É permanecer ao lado
É dar sentido da vida.

Transforma o pensamento,
Tão puro sentimento.
Do fundo da alma nasce,
Tão intenso, contagia.
Com eterna alegria
Sempre exposta na face.

A câmera

É caixa com lente
Que guarda lembranças
Da vida da gente
Desde criança
Magia envolvente
Guarda esperança
Viver para sempre
Como criança

A viagem

As malas preparadas,
O rumo decidido.
Atravessa a estrada.
Descanso merecido.
Livra-se da cortina
Que cobre seus dias,
É a tal da rotina
Que toma as alegrias.
Para do comum sair
Parte para viagem.
Para mudar, divertir,
O riso pede passagem.

Atraso

Do imprevisto é vítima.
Já espera impaciente.

Sua chance é a última.
Já mostra face descente.

Corre para o atraso suprir.
Começa a pensar em desistir.

Enfim é chegada a hora.
Sem mais esperar, vai embora.

A hora da despedida

Não há hora no dia
Que traga tanto sofrer.
Tanta dor, agonia,
Faz a lágrima correr.
A cruel separação
A essas gêmeas almas
Faz sangrar o coração.
À tona tantos traumas.
Traz com ela solidão
E rouba toda calma
Essa dor tão latente,
Tão profunda ferida.
Sofrer tão veemente,
Chamado despedida.

O texto do discurso

É fala apontada
Ao destino certo.
Intenções determinadas
Pelo orador esperto,
Diz o que agrada,
Conversa de perto.
Historia inventada
Com o peito aberto.
Discreta comemoração
A cada sorriso da multidão.

Conto do ponto

Dizem que quem conta um conto acrescente um ponto, mas que raio de ponto seria este? Será pontuação ortográfica, final, exclamação, interrogação Ou será ponto de vista, partida, chegada?
Talvez por destacar os pontos que mais geram empatia, mais próximos das crenças pessoais, enfim, por parecer mais com o interlocutor. Expor o ponto de vista é uma das maiores diversões das pessoas, pois assim podem mostrar o que sentem, pensam, sabem, gostam, acham, tem certeza, acreditam com toda fé, e assim por diante.
Porém tudo parte de um ponto, o de partida, que dá início a toda e qualquer discussão. É o primeiro passo de tudo, passando por tantos outros pontos, como o central ou de ebulição, por exemplo. Até que, finalmente, termina, chegando a uma conclusão, ou seja, o ponto de chegada, embora muitas, ou todas, vezes isso não seja possível, por uma série pontos que surgem ou ainda não foram abordados e podem, assim, interferir direta ou indiretamente no ponto inicia, voltando para o ponto de partida, começando tudo outra vez.
Enfim, é chegada a hora de terminar esse devaneio pontual, sobre os aspectos que envolvem alguns dos diversos pontos, e colocar um ponto final em tudo isso.

quinta-feira, junho 25, 2009

Amanhecer sem sentido

Acorda, olha para os lados,
Procura por algum sentido.
Permanece ali parado
Sem ter rumo, está perdido.
Ele não tem nenhum motivo
Seja pobre, seja altivo.
Então pensa em voltar a dormir
Para quem sabem assim, fugir.

A chuva matinal

São gotas na janela
No lugar da luz solar.
Ao tocar em uma delas
É possível congelar.
Para uns são tão belas
Para o sono são ninar.
Para outro são feras
Que podem até matar.

Solitário escrever

Sem plateia ele trabalha,
Seja grande, seja pequena.
Segue sozinho na batalha
Com o papel e sua pena.
Sem testemunhas para as falhas,
Sem testemunhas para as cenas,
Que conta em suas histórias,
São ficção ou são as memórias?

Excessivo lapidar

Acrescentar muitos ornamentos,
Chegando ao extremo rebuscar.
Expor, colocar todo o talento,
Concentrá-lo em apenas um lugar.
Torná-lo tão pobre pensamento,
Provindo do desejo de humilhar.
Sob a máscara da superação
Age em busca da satisfação.

Saudade

Estou com saudade de você
De sentir seus lábios, o mel.
Estou com vontade de você,
Sem seu toque me perco ao léu.
Quero me agarrar, envolver,
E sentir o sabor do seu mel
E ao seu lado permanecer.
Paraíso particular, meu céu.

O grande prejuízo

Uns perdem milhões,
Milhões perdem um.
Duas situações
Sem traço comum.

Ter menos muito,
Ter menos nada.
Ato fortuito,
Ação errada.

Menos riqueza
E mais pobreza.
Um sem corrida,
Um sem comida.

A cura

Pode ser natural
Ou artificial,
Remédio que cura
A dor tão impura.
Mas só traz solução
Se aprender a lição.

A garota sorridente

É traço presente na face dela
Que expressa tanta alegria.
É traço que a torna mais bela,
Me faz tão feliz, me contagia.

Sincero sorriso ela possui
Que encanta meu coração, olhar.
Basta vê-lo e a dor se dilui
Me faz tão feliz, me faz a amar.

Não existe problema no mundo
Capaz de superar a beleza
Desse sentimento tão profundo.

Que me enche de tanta riqueza,
Esse sentimento oriundo
Desse amar de tanta pureza.

As delícias e as dores do ser

O doce sabor de ser o que é,
Tantos traços de rara beleza
Que moldam a própria natureza,
Regado pela tão vívida fé.

Da essência, o amargo degustar,
Ao ver o âmago rejeitado.
É dor que faz a lágrima sangrar,
Sofrer sozinho, abandonado.

Assim forma a contínua gangorra
Que sempre vai do céu ao inferno,
Do paraíso até a masmorra.

É o constante choque interno,
E não importa o que ocorra,
Viverá em conflito eterno.

Momento feliz

Ao meu lado tê-la
Terno especial,
O brilho da estrela
Que brilha sem igual,
Ao apenas vê-la,
Alegria natural.
Tão feliz momento
Sincero acalento.

terça-feira, junho 23, 2009

Soneto da paixão

É chama que arde tão veemente,
Mexe com o corpo, alma, mente.
Transforma por completo o coração,
Fogo que arde chamado paixão.

O pensamento alucinado,
A intensa loucura do agir.
Pela sensação é dominado,
Profundo sentimento, imergir.

E nada consegue satisfazer,
Nada supre tal necessidade,
Tomado por apenas um querer.

Perde aos poucos a sanidade
Em busca do almejado prazer,
Da musa que traz felicidade.

Migração

Mudar o ambiente
Tornar diferente
Sair do lugar
Ato derradeiro
Assim transformar
Todo o roteiro

Chegada do inverno

Coberto pela brancura,
A pureza da neve.
A queda da temperatura
No acalento tão breve,
Que ilustra a gravura
De traço tão leve.
Com aparência gelada,
A cena é gravada.

Amanhecer a dois

Por todo anoitecer,
A paixão se concretiza.
Deitados, permanecer,
Desejo se realiza.
A luz do amanhecer
Pelos contornos, desliza.
É o toque de pele,
O prazer que desfere.

Soneto da entrega

Domínio das vontades, perde-se,
Apenas deixa-se enfeitiçar.
É desejo intenso que cresce,
É levar-se pelo alucinar.

Já não possui próprio raciocínio,
É o corpo quem aponta a regra,
Assim, por completo se entrega
Ao seu libidinoso fascínio.

Tomado por clamor veemente,
A pele que grita pelo toque,
Contato enérgico, ardente,

O instinto faz com que invoque
O súbito impulso tão quente,
Qualquer pensamento que provoque.

Regras do soneto

Para um bom soneto construir
Algumas regras deve respeitar,
Alguns pequenos passo seguir,
Para as ideias estruturar.

Em dois quartetos e dois tercetos,
É um modelo para divisão,
Ou três quartetos e um dueto,
Figura como outra expressão.

Decassílaba, métrica opção,
Heróico, sáfico são dois lados.
Com dodecassílaba construção,

Alexandrino também chamado,
São as regras para a composição,
De qualquer soneto aclamado.

Amor em soneto

Desperta como o sol, tão brilhante.
Tem como fruto a atração do olhar
E assim tornam-se dois amantes.
É o primeiro quarteto do amar.

Confiança torna-se tão forte,
Unidos como verso em soneto,
Jurando amor até a morte,
Formando o segundo quarteto.

E os filhos estendem os laços,
Que traduzem esse sentimento,
Em sinceros e grandes abraços.

Da maturidade o momento,
Como poema, eterno traço
Do intenso carinho intento.

Sete pecados

O viver de luxúria
Só desperta lamúria.
Se a gula é razão
Então sofre-se tanto,
Com ira no coração
Desperta-se o pranto.
A preguiça de ser
Só cria ausência.
Da inveja o tecer,
Querer com veemência.
À vaidade ceder
É dor da aparência.
Orgulho como guia
Sofre-se todo dia.
Sem pecados viver
Diminui-se o sofrer.

Prepotência

É tão vil teor
De pobre expressão.
O ar superior,
Outra submissão.
Preso ao temor
Da humilhação.
A prepotência
Pede clemência.

Direito à dor

Quero ser livre para sofrer
E não viver de aparências.

Sem máscaras para esconder
Ou encobrir minha carência

E poder transparecer
O sofrimento em vigência.

Apenas deixar a dor doer,
Sem medo de vis exigências.

Sem falsa felicidade,
Do meu sentir, liberdade.

segunda-feira, junho 22, 2009

Amadurecimento

Não importa tanto esperar,
O ímpeto mais controlado.
Já pensa antes de atirar,
O impulso está domado.
Não age de acordo com o mar,
Sabe quando ficar parado.
Primeiros passos da ciência,
Provindos da experiência.

À margem

É o não banhar-se,
Molhar os pés apenas.
Do profundo, afastar-se,
São mentes tão pequenas.
Ignorância que nasce
Das estúpidas cenas.
Do vago escolher,
À margem permanecer.

“Emburrecimento” coletivo

Deixar de evoluir,
Reacionário estagnar.
Às trevas imergir,
Conhecimento abandonar.
O social regredir.
É o aborto do pensar.
Retrato da demência,
Viver de aparência.

Soneto de esperança

Viva chama que tanto cativa,
Que sobrevive à escuridão.
Inspiração tão bela, altiva.
Brilho que reacende o coração.

Luz que o espírito ilumina
Em momentos de tanta aflição,
Aponta o caminho, ensina,
Alimenta, dá força à paixão.

É a tão bela musa a nos guiar,
Impulso para quando se cansa,
Sempre pronta para nos ajudar.

É sutil, sincera na criança
O apoio para se levantar,
Conhecido como esperança.

Mistérios do mar

A onda ao quebrar
Traz tantos mistérios.
Além do olhar,
Esconde impérios.
A vislumbrar
Mais que os minérios.
Tamanha beleza
De sua grandeza.

Festa junina

Dançar ao redor da fogueira
Vinho quente, pipoca, quentão
Quadrilha que anda em fileira
Vai subindo, subindo o balão
Criança sorrido, arteira
O feliz festejar São João
É todo Brasil a envolver
Ao coração, sutil aquecer.

Carícias à meia luz

Sob o véu da penumbra,
Trocam toques, carinhos
Libido que vislumbra,
Regada ao doce vinho.
A carícia à meia luz,
Sutil gesto que seduz.
Desejo pelo prazer,
A paixão em chama arder.

O pedido à meia noite

A prece à beira da cama
A todos os santos proclama.

Invoca tão divino amor,
Provindo do anjo protetor.

Pede por tranquila noite,
Sem pesadelos medonhos,

Cruéis, soturnos açoites,
Pede apenas bons sonhos.

Estado de choque

Pasmo, estático,
Não sabe como agir.

Sempre enfático,
Agora está a cair.

Senso tão prático,
Começa a ruir

Do temor o toque,
O estado de choque.

Soneto de carícia

O vívido toque à meia luz
Que percorre por todo o contorno,
É intento gesto que seduz,
Do carinho, o mais belo adorno.

São atos que despertam o querer,
São chamas que inflamam tantas paixões.
Desejo pelo intenso prazer,
Do gozo, clama pelas sensações.

É afago de sutil malícia,
Que enlouquece corpo e mente
A cada toque, cada carícia,

A cada gesto tão envolvente.
Da satisfação, hora propícia,
Entregar-se ao fogo tão ardente.

Amor e ódio

Dois lados, uma moeda.
Tênue linha que divide.

Um é alto outro, queda,
Um afaga, um agride.

Um estende outro, veda,
Sentimento que progride.

O ódio é amor
Repleto de rancor.

Soneto da menina que adormeceu

No colo, ela enfim adormeceu
Envolvida pelos laços de amor,
Repletos de afago, protetor.
Recanto de descanso todo seu.

A face se mostra sorridente,
Traços que exprimem satisfação.
É sentimento tão envolvente,
É o ninar em singela canção.

E sonha um sonho carinhoso
Que narra uma intensa paixão,
Vívido momento prazeroso.

A tão bela e sincera emoção,
Num sono de almejado gozo,
Proporcionado pelo coração.

sexta-feira, junho 19, 2009

Soneto do amor sem fim

Arrebata minha alma sedenta,
Gravada na mente a sua imagem.
O toque suave que acalenta,
Cravado na pele, tatuagem.

De silhueta estonteante
Que inspira minha poesia.
Para sempre serei seu amante,
A viver em eterna alegria.

Fulminante e intensa paixão
Que desperta-me sincero sorrir,
Despeja felicidade em mim.

Tomou-me por completo o coração
Que agora só pensa em sentir
A presença do seu amor sem fim.

Falsa percepção

Da externa observação,
Não enxerga o processo
Que revela cada ação,
A ilusão de progresso.
É exposta outra versão,
Do caminho ao sucesso.
Na postura, conquistador.
Atitude de um ator.

Instante de sucesso

É brilho instantâneo
Resposta, consagração.
Sutil e momentâneo
Que gera empolgação.
Sucesso espontâneo
Que mostra dedicação.
O prêmio por trabalhar,
Percalços a superar.

Preocupação

De um lado ao outro, caminha.
Na mente, um fixo pensamento.

- Carrego essa culpa, é minha.
Dor que gera tanto sofrimento.

Nas costas, leva seu grande pesar
Que insiste em atormentá-lo.

Essa voz que nunca irá calar
- Diante desse pesar, me calo.

Fatalidades

Tão triste tribulação
Que tritura por dentro.
O pesar do coração,
Tão duro sofrimento.
Destrói toda atenção
Intenso é o tormento.
Cruel fatalidade
Expõe fragilidade.

A culpa

Na mente ecoa a sina,
A culpa, vou carregá-la.
É dor que me desatina.
É gesto que me abala.
É minha fala cretina
Na prece pronunciada.
Pois ao invés de proteger,
Ontem, eu a fiz sofrer.

A pior das dores

A dor que ela sente
Me dói muito mais.
E ao vê-la carente
Sofro ainda mais.

A do que ela sente
Rouba-me a paz.
Ao vê-la carente
Perco minha paz.

A queda

O controle se vai
Tão veloz.

O corpo então cai
Chão, algoz.

E pela dor esvai
Cala voz.

Pede para o pai
Vela nós.

O secar da caneta

Escreve, escreve, escreve
Repete o gesto sem parar

Escreve, escreve, escreve
Até a tinta então secar

Escreve, escreve, escreve
Até o braço então cansar

Escreve, escreve, escreve
Para assim texto afinar

Escreve, escreve, escreve
E assim, de novo começar.

Cantiga de ninar

Embala o neném
Até o sono chegar.
Cantando para quem
Espera por sonhar.

Ninar com carinho
O peito aquecer.
Falar bem baixinho
Para adormecer.

quarta-feira, junho 17, 2009

As flores do jardim

Tão singelo colorido
Cobre o campo, tanta vida.
Ilusório é tecido
Entre rosas, margaridas.
Seus amores tão floridos
Pela terra tão garrida.
É tão grande a beleza,
Tão sublime natureza.

Soneto da estrela

Luz tão serena, ilumina o céu.
Tão solitária e tão bela, brilha
No ar, postada sem ninguém, ao léu.
Do rei celeste, valorosa filha.

Palco soturno e consagrador
Ela desfila em passos sutis,
Ato sereno, despertar amor,
Ao desferir movimentos ardis.

Raro esplendor, estrela divina,
Musa, inspira as eternas paixões,
É cintilante, a princesa quina.

No alto, guia as navegações.
No alto, gera a ilusão, sina.
No alto, cria as quimeras razões.

Os passos da caminhada

Seja qual for a distância,
Começa com um passo.
Precisa de constância,
Sem esforço escasso.
Traz raiz na infância,
Cada agir um traço.
Não muda a jornada
Correr na caminhada.

Soneto da fé

De um coração, o sincero crer,
Ato solene, virtuoso ser.
Nunca desiste da batalha dura,
Sempre persiste, do agir bravura.

Inabalável inspiração sagaz.
Só acredita na vitória limpa.
Sempre carrega no coração a paz,
Pela memória solução garimpa.

Então supera os obstáculos
Que são impostos pela vida sempre.
E se liberta dos tentáculos
Que encontramos ao sair do ventre.

O pensamento sem limites então
Faz parecer tudo satisfação.

Tarde serena

Claridade vespertina
Estremece o coração.
Tão serena, desatina,
Soa como inspiração.
Do crepúsculo a sina,
Traz consigo escuridão.
O suave anoitecer
No soturno entorpecer.

terça-feira, junho 16, 2009

Gélido outono

Abandono das cores,
Amarelo, único tom.

Amenizar das dores,
Gemido de ausente som.

Viver como atores
Dizendo sempre estar bom.

A maturidade do sentir.
O grito a engolir.

Viagem sem rumo

A estrada desconhecida
Dita o ritmo da viagem.
Sem sofrer com a despedida,
Sem a saudade na bagagem.
Chega sempre em partida.
Da permanência, estiagem.
Anda sem rumo e sem parar,
Ainda não achou seu lugar.

Não há sentimento profundo
Ou do apego, qualquer classe.
Está sempre a cair no mundo,
Procurando novo disfarce.
Desejo antigo, oriundo
Da dor, exposta na face.
Sua busca é dar algum sentido
Que há muito, já tinha perdido.

Dor inebriante

A cabeça comprimida
A cura no comprimido.

A dor tão estendida.
Leva meu sentido.

Milagre da efervescência.
Num gole sanar.

Milagre da ciência.
Num gole voltar.

Soneto para meu grande amor

Da vida o sentido mais belo,
Traduzido por um sentimento
Que é tão intenso, tão sincero.
Demonstração de carinho intento.

É musa das minhas inspirações,
Encanta minha alma com seu olhar.
Desperta-me tão puras sensações.
Embriago-me com tanto amar.

Contornos de perfeita harmonia
Levam-me a completa insensatez,
No enérgico clímax da paixão.

Sua voz é desejada sinfonia.
Seu corpo toma-me a lucidez.
Seu amor arrebata meu coração.

Soneto da paixão ardente

Toque de pele que faz delirar,
Ardente combustível da paixão,
Tão intensa quanto o quebrar do mar.
O súbito impulso do coração.

O controle da mente perde-se
Quando dois corpos se encontram.
Deslizar suave da mão que desce,
Delírios febris então despontam.

Perdem-se em meio aos sentidos
Que se chocam em busca do prazer
Momentâneo, enérgico, carnal.

Instinto primitivo, animal.
Viril chama do amar se faz arder.
Completa combustão da libido.

Pasmaceira

Em plena harmonia,
Sob a sombra, descansa.

Guarda com alegria
A tão bela lembrança.

É luz que irradia.
É fio de esperança.

Momento de agir

Sabe ser paciente
E o erro evitará.

Não tentar ser vidente
E prever o que virá.

Basta ser persistente
E levantar do sofá.

Ter desejo sincero
E agir com esmero.

Estudo

Para se fazer poesia
É preciso mais do que magia.
É regra elementar
O idioma dominar.

Para se fazer poesia
Não basta viver de inspiração.
Cria-se arte vazia
De infantil construção.

Para se fazer poesia
Técnica não é suficiente.
Pode ter harmonia
Mas só agrada a mente.

Para se fazer poesia
Não basta escrever com maestria.
Deve despertar emoção,
Cativar o coração.

Momento eterno

Não precisa ser longa a hora
Para ser eterno o momento.
Pode ser breve como agora
Para se gravar um sentimento.

Mas para que sempre permaneça,
Este detalhe nunca esqueça:
Sinceridade e intensidade
São as chaves da eternidade.

Revisão

Os detalhes avaliar
Para a obra melhorar.
O bom permanece assim
E exclui-se o ruim.

Afina-se a arte
Para perfeita torná-la.
Conferir cada parte.
É momento sem fala.

Além da inspiração
É processo importante.
A tão longa revisão
Dura mais que um instante.

Linguagem dos sons

No trânsito a buzina,
Do choque o estrondo.

A voz que desafina
No grito hediondo.

Singela melodia,
Estúpida britadeira.

Som que alegra o dia
Ou cessa a pasmaceira.

O chamado da sineta

Vibra o pequeno sino,
Avisando a hora certa.

Chama a casa o menino,
Esperto e sapeca.

O almoço à mesa
Não prende a atenção.

Mas sim a sobremesa.
- Quero doce refeição!

A fala do poeta

Do mundo, global visão,
Eficaz em traduzir.

Sentimentos, explosão,
Dose certa, medir.

Sutilezas da paixão
A dor enfim, exaurir.

Entende o coração,
Ao gozar ou ao partir.

O enigma do som

O tão grande mistério desvendar,
Auditivo dilema resolver.

Para que assim possa despertar
O tal gozo sonoro, o prazer.

Som suave e vívido do mar
Com embalo tenaz, satisfazer.

Beleza do sincero entoar,
Em canto pleno, mágico dizer.

O brilho de um sorriso

É o das portas abrir
Para receber amor.

Quando se põe a sorrir
Em tão sincero clamor,

Brilho autêntico se faz
Se completa a alma.

Que a nós, satisfaz
Em repleta calma.

Quebrar as regras

As regras são a forma,
Receitas para guiar a ação.
Absorvê-las o transforma
Em um novo artesão.

Mas se tentar quebrá-las
Sem ter domínio pleno.
Caíra em profundas valas,
Afogado pelo sutil veneno.

Para o limite superar
E criar novo padrão,
É preciso estudar
Para entender a imposição.

Sem o total aprender
Sempre irá ceder.

Pedaço de giz

Com um pedaço de giz
Faz um desenho, o sol.
Grata lembrança feliz,
Rir e jogar futebol.

Fácil sorriso se faz,
Toco que risca o chão.
Mundo incrível de paz,
Traz inocente emoção.

Respeitar o ciclo

Não há evolução
Que transcenda o limite.
É avanço em vão
É vazio palpite.

Um novo aprendizado
Torna o ato consciente.
Movimento automatizado
Atitude tão fluente.

O saber superficial
Traz duras consequências.
Faz obra trivial
Baseada em aparências.

Soneto à minha bela

Ao vê-la, radiante como o sol
Tão brilhante estrela me seduz
Entrego-me a ela, girassol
Pareço ao encarar toda sua luz.

Rendo-me a tão bela emoção,
Meu coração alegra ao olhar.
Tomado por intensa vibração
Da fascinante musa a brilhar.

Guiado por singela sensação
Que essa moça tão linda faz surgir
E consegue afastar toda a dor.

Embala meu carente coração
Mais pura alegria, faz sorrir.
O meu significado do amor.

Casa abandonada

Aquele beco tinha uma casa
Que era tão sombria.

Diziam ter um louco fantasma
Em noite turva, fria.

Gritava falas soltas, compridas,
Que o cético fugia.

Cortar o vento

Máxima velocidade
Atravessa a estrada.

Usina de eletricidade,
Energia carregada.

Estímulo, atividade.
Mente acelerada.

Ao som do violão

Sob o vibrar da corda
Exponho meu coração.
Do fundo para a borda,
Dos lábios sai a canção.

Embalada pelo sentimento
Expressa o que alma sente.
Carinho singelo, intento,
Paixão tão ardente.

Eterno canto

Canto para todos os ventos,
Alegre poema de magia.

Expondo intensos sentimentos,
Repletos de fantasia.

Preenchem o coração,
Motivo de eterna comemoração.

O nome do pai

Pensava apenas ter seu nome
Quando encarei o espelho

Traços, gestos, atos
Semelhantes ao extremo

Achei ser diferente
Mas sou dele reflexo.

A pipa

Tinha uma pipa quando criança
Que para o alto subia... subia...

Belas histórias na lembrança,
Gestos singelos de alegria.

Tanta magia levava consigo,
Travessuras, descobertas, amigos.

O último ato

O grande final
De quero mais o sabor.

Ato tão especial
Com impressionante teor.

Envolve e não satisfaz.
O pedido por bis.

E o artista sagaz,
Deixa o palco feliz.

À distância no lar

Os casulos pessoais
Que envolvem as almas.

Dores individuais
E solitários traumas.

Estão enclausurados
Em um próprio sofrer.

Parecem condenados
A nunca se envolver.

Tomar as rédeas

Para vida, rumo apontar
Sem temer pelos obstáculos.

Seja por terra, água ou mar
Realizar espetáculos.

E dono das vontades ser,
Guiar-se por seus pensamentos.

E assim, sempre enaltecer,
Livres e puros, sentimentos.

Vontade que nasce

Súbito impulso aciona
Força tão avassaladora.

Seja pelo que emociona
Ou com a cena inspiradora.

Então arrebata o coração,
Intensa vontade de ir além.

E derruba qualquer contradição
Imposta à contra gosto por alguém.

Soneto de reencontro

Da longínqua viagem, enfim retorno,
Ou o simples fato de a casa chegar
Deparar-me com o sonhado contorno
Da bela musa que me encanta olhar.

Unidos pela mais perfeita magia,
Momento de tão sublime harmonia.
Encaixe dos corpos envolto de prazer.
É o fogo chamado paixão a arder.

E assim, ao estado de graça voltar,
Permanecer em constante alegria,
Tomado pela pura felicidade

Que brota no coração ao a encontrar.
É minha tão desejada fantasia,
Meu sonho que se torna realidade.

segunda-feira, junho 15, 2009

Raiva instantânea

Em fúria desfaz-se
Sem qualquer motivo.
O rancor que nasce
De modo alternativo.

Não compreender a razão,
Entregar-se sem relutar.
Agora é a sensação
É só o interno queimar.

Dia confuso

Tudo fora do lugar,
Sensações em colisão.

Nada consigo encontrar,
Em meio à confusão.

O que deveria ser
Agora não satisfaz.

O não compreender,
A ausência da paz.

Casulo pessoal

Preso ao insosso certo,
Em profundo sofrimento.

O doloroso enxerto
Do penoso sentimento.

Saída equivocada
Para a dor se afastar.

Casca deve ser quebrada
Para, assim, se libertar.

Piscar de olhos

O feixe veloz
Expande no ar.

Do tempo, algoz.
Súbito voar.

Esvai ao vento,
Desaparece.

Curto momento,
Logo esquece.

Olhar distante

Todo horizonte, atravessa,
Em tão profunda cumplicidade.
Afasta-se de tudo depressa.
Gesto de tanta simplicidade.

E em meio aos montes, perde-se.
Segue carregado pelo vento.
Em sutil júbilo, estremece.
A viagem em curto momento.

À procura de algo mais

Não quero apenas dinheiro,
Embora seja uma necessidade.
Quero o realizar por inteiro
E, quem sabe, a felicidade.

Não quero apenas acumular,
Embora signifique prudência.
Quero a vida aproveitar
Com intensidade e potência.

Não quero ser milionário,
Isso não me satisfaria.
Teria sabor temporário,
Quero viver com alegria.

Tudo pode ser

São muitas as possibilidades,
Depende de como se portar.
Pode achar facilidades
Ou motivos para chorar.

Torcer por boa ventura,
Pois, não há eterna alegria
Ou tristeza que sempre dura.
Agir sem qualquer covardia.

Persistente, destemido,
Sempre se levantar.
Às vezes ser atrevido
E as regras, quebrar.

A angústia de esperar

Não saber o que vai dar,
Nem ao menos a hora certa.
A angústia a dominar,
A ferida, então, aberta.
Resta apenas esperar
Com toda atenção, alerta.
Para nenhum detalhe perder.
Para ninguém te surpreender.

Acorda para mais um dia
Sem saber qual a resposta.
Não sabe se age com rebeldia
Ou se aguarda pela aposta.
Esperar pela luz que irradia
Ou encarar regra imposta.
Sem saber o que fazer
Talvez não veja acontecer.

Viagem celestial

Subir e subir,
Atmosfera atravessar.
Novos mundos descobrir,
Novas formas encontrar.

Aproximar-se da estrela
Para tão perto vê-la.
Quem sabe então tocá-la,
Intensa emoção se cala.

A rota das nuvens

Atravessam toda extensão
Cortando os caminhos do céu.
Perdendo-se na imensidão,
Cobrindo o mundo como véu.

Se risonhas, enfeitam o ar
Com suas tão belas esculturas.
Quando tristes, caem a chorar,
O pranto que vem das alturas.

Transformam o sertão em um mar.
Compõem a celeste gravura.
Estão sempre a viajar,
Com muito charme e lisura.

terça-feira, junho 09, 2009

Transfiguração dos costumes

Não segue o mesmo caminho,
Desvia daquela esquina.
Joga dentro do moinho
Aquela dolorosa sina.

Não toma rumo costumeiro,
Procura por alternativas.
Espírito aventureiro
Abandona posturas altivas.

E muda, pois ao renovar-se
Chegará a outro estágio,
Onde a alegria nasce
Com o mínimo contágio.

Evolução gradativa

Do alicerce, a afirmação.
A base tão sólida construir.

É resistente a qualquer tufão,
Sem possibilidade de ruir.

Protege o puro coração,
Então no medo não mais imergir.

Proporcionar crescimento
Que não cai em nenhum momento.

Em poucas palavras

Consagra-se o canto
Finda o momento

Machuca-se tanto
Mata o sentimento

Consola-se o pranto
Em sonoro acalento.

Triste é o fim

O final que entristece
É aquele que não acrescenta,

Que apenas aborrece
E não alivia a tormenta.

Que não faz com que a dor cesse
E a calma, arrebenta.

Medo do escuro

Quando a luz se faz ausente
Há quem, então, experimente
Intensa, estranha sensação,
Provinda da imaginação.

Exposto, torna-se enredo
Coberto pelo sombrio véu,
Assim, tomado pelo medo,
Sente-se tão perdido, ao léu.

Tudo por não compreender
O que o escuro representa.
Pois aquilo que atormenta
Está sempre dentro de você.

Histórias infantis

O alvo toque de magia.
O sono infantil embala.
Belo mundo de fantasia,
Inocentes olhares, regala.
Pequena face, alegria
Estonteante a tomá-la.
Transporte à terra dos sonhos
Com passageiros tão risonhos.

À beira da cama, observa
Atentamente cada detalhe.
A felicidade conserva,
E o pai segue a contar-lhe.
Laços de união, preserva.
Dos princípios, o entalhe.
Da vida, os ensinamentos
Unindo, pais e os rebentos.

Períodos

O ardente toque, verão.
Calor futuro que impera.
Seu passado, imensidão,
Suave laço, primavera.

Próximo passo amarelado,
Maturidade em vigência.
Precede gélida carência
Da alma, sob frio, hibernado.

O marejar dos olhos

Primeira gota a brotar
Trazendo dor ou felicidade.
A nascente vai determinar
Qual a sua finalidade.

Lava o coração e a alma.
Pode ser lamento ou canto.
Celebrar glória, afogar o trauma,
Esta é a sina do pranto.

A queda do mito

É comprovar pela ciência.
Racionalizar a mitologia.
Acabar com a dependência.
Exorcizar toda a magia.

Há quem diga: é libertador.
Verdade trazida à tona.
Porém, desperta tamanha dor
A esperança cair à lona.

O elo

Da corrente, a parte
Que o todo é composto.
E basta arrebentar-te
Para queda do imposto.

Pedaço do fortalecimento.
Da prisão, o elemento.
Tanto pode libertar
Quanto pode aprisionar.

segunda-feira, junho 08, 2009

Atividades dominicais

O descanso matinal,
Em família, o almoço.
Costume tão tradicional
Às vezes causa alvoroço.

O passeio vespertino.
A igreja, alguns frequentam.
Doze badaladas do sino.
Carrasco dos que lamentam.

Limpeza interior

Virar ao avesso
Impurezas, expelir.
A quebra do gesso
Que insiste em cobrir.

De alma lavada,
A límpida mente.
A cura encontrada,
Libertador agente.

Aparências

O rubro do olhar
Nem sempre é entorpecido.
Da dor, o encontrar,
Pode ser choro reprimido.

O homem confuso
Nem sempre é embriagado.
O sentir recluso
De um coração inflamado.

Formalidades

Dos estados o nomear.
Os verbos do idioma.
Namorar, casar ou beijar,
Dos sentidos são a soma.

Ditos da sociedade
Determinam começo, fim.
A mera formalidade
De toda relação, o gim.

À espera

Pára e observa apenas.
A pele tocada pela brisa.
Procura pelas coisas pequenas,
Encontrar algum sentido visa.

Do viver, quer somente a arte
Do estável humor, temperado.
Sempre esperando encontrar-te,
Para permanecer ao seu lado.

Problemas com a visão

Turva sensibilidade.
Entendimento sem foco.
Sente na proximidade.
É a percepção em bloco.

Espesso véu da vaidade,
A cegueira do coração.
É a inatividade.
É a ausência da visão.

Mutações

Da água para o vinho,
A estranha transformação.

Outra opção de caminho,
Divergência de direção.

Desejar algum carinho,
Um pouco de compreensão.

O contato controlado.
Encontro cronometrado.

Insatisfeito

De talento limitado.
Esdrúxulo argumento.
É o infantil ditado
Exposto como invento.

As palavras tão vazias,
Cheias de pretensão.
As construções são tão frias,
Não possuem qualquer sensação.

É o tal fálico texto.
Insiste em exibi-lo.
Para falha o pretexto:
Incompreendido estilo.

Ansiedade

Desejo pelo final
A conclusão tão veloz
Espera pelo irreal
Tempo, o cruel algoz

Quer o logo chegar
O seu sonho dourado
Quer realizar
O ato obrigado

O clico, não respeita
O momento certo
O destino mais perto
É a hora estreita

O que você faria?

O que você faria
Se o fim descobrisse?
O não surgir do dia,
Como alguém lhe disse.

Seus desejos realizaria
Ou aguardaria em romaria?
Entregava-se à loucura
Ou manteria a alma pura?

O último raio solar
Como iria aproveitar?
Com as pessoas que ama
Ou chorando pelo drama?

Percepção aguçada

Olhar ao redor e nada ver.
À procura, em toda parte.
E sem qualquer êxito obter.
Esperar para encontrar-te.

À espreita pela solução
Em uma busca interminável.
À espera da aparição
Da resposta inquestionável.

E nada irá entretê-lo
Até a sensação saciar.
Para arrepiar o pêlo
Basta apenas aproximar.

Sonho

Ontem sonhei que iria viajar
E o destino, não me lembro ao certo.
Parece que era próximo ao mar.
Porém não sei se é longe ou perto.
É estranho não saber onde vai dar.
Devaneio, pensamento aberto.
Enquanto dormia parecia tão real
Agora não passa de caso trivial.

Lembro-me de as malas arrumar,
Muito apressado, com hora marcada.
As pessoas queriam visitar.
Parecia ser bastante aguardada;
Todos ansiosos pelo lugar
Pela cidade tão desejada.
E eu só queria permanecer.
Mas assim iria me perder.

quinta-feira, junho 04, 2009

Sensação térmica

O marcador de temperatura,
Que calcula pelo ambiente,
Mede o grau de envergadura.
Exibe o quão frio ou quente.

Mesmo na numeral exatidão
Não determina com precisão.
A pele que tanto arrepia
Em meio a aragem tão fria.

Auto-estrada

Os carros vão
Os carros vêm
Uns como avião
Outros como trem

Rasgam a estrada
Seguem em linha
Velocidade exagerada
Ou apenas caminha

Seguem em viagem
O trabalho é a direção
Maleta de bagagem
Ou carta de admissão

Viver sem poesia

A vida sem um poema
Torna-se duro dilema.
É sentir sem a sensação.
O não bater do coração.

O viver sem poesia
É ignorar a magia.
É ser tragado pela dor.
Não compreender o amor.

Mundo sem fantasia
É amargo o seu teor.
Um sol de ausente calor.

Sorriso sem alegria.
É o afônico cantar.
É o sem lágrimas, chorar.

Nem tudo que está escrito é tesouro

Gravadas no papel
Um mar de bobagens.
Sem motivos, ao léu.
Vazias mensagens.

Palavras sem valor.
O texto à toa.
O nome do autor
Torna obra boa.

Falsa erudição.
Covarde respeito.
Venera criação
Por antigo feito.

Ajuda estendida

Mútuo o benefício
Muitos os contemplados.
Diminui o sacrifício
Aumenta os agraciados.

O egoísmo prestativo
O próximo, ajudar
Tendo um motivo
Próprio, particular.

O chá

De ervas pode ser,
Talvez com naturais.
Com folhas a ferver
Ou artificiais.

Na xícara pôr
E servir bem quente.
Variado sabor.
Relaxa a mente.

Levar a vida leve

Não dar mais tamanha importância
Para aquilo que não se deve.
E em qualquer tola circunstância
Ter irritação nula ou breve.

Ignorar a vazia fúria
E celebrar o companheirismo.
Não se envolver com a lamúria
E estimular o otimismo.

Não se entregar a algum rancor,
Pois nenhum problema é tão grave.
Compartilhar carinho e amor
Para levar a vida suave.

O aspirante

O ainda inexperiente
Com o talento adormecido.
Aguarda chance atentamente.
Sem cair, mesmo sendo ferido.

Aguarda a oportunidade
Para tudo o que sabe, mostrar.
Não se importa com a quantidade
Que um dia possa vir a conquistar.

Busca o seu sonho realizar
Para acender sua alegria.
A sua espera é por trabalhar
E se sustentar com poesia.

Técnica x Inspiração

Viver de inspiração
É estar com a magia
É criar com o coração
Beleza que contagia

A técnica como missão
Traz ótimos resultados.
A mais lógica solução.
Os saberes explorados.

Técnica é consistente.
Inspiração, fantasia.
Uma se apóia na mente.
E a outra arrepia.

Inspiração sem conhecer
É expressão tão vazia.
A técnica sem o arder
É sorrir sem alegria.

Destempero

É como bomba-relógio.
É o fogo no estopim.
É o rápido contágio.
É da contagem o fim.

É o controle ausente.
Emoções em ebulição.
É a fúria tão ardente.
O disparo da explosão.

terça-feira, junho 02, 2009

É ela

A pétala rosada
Que aquela moça tem.
É minha tão amada.
Do meu querer é o bem.

Meus olhares, encanta.
Meus desejos, desperta.
Tem fala que canta.
É minha cura certa.

Tira-me de toda dor.
É meu eterno amor.

Longo caminho

Tenho muito a aprender.
Mais ainda a equivocar.

Até que consiga tecer.
Como as estrelas no ar.

Tecem manto celestial.
Tão simples e tão natural.

Noite fria

Aquela noite tão fria
Congelava a bela flor.
Porém, de tanta magia,
Despertava puro amor.

E o rasto da geada
Que cobria todo chão.
E a pétala rosada
Coloria a branquidão.

O vento arrepiante,
Pretexto para união.
Colados a todo instante,
Aquecendo o coração.

Interpretar

As leituras antes ignoradas
Trazem-nos importantes lições.
Páginas que nunca foram viradas
Apresentam grandes revelações.

São caminhos que nunca trilhamos.
A novidade em ebulição.
Verdades com que nos deparamos,
Acalentam a mais dura visão.

Tragicomédia

Povoada de cenas ecumênicas,
Trazendo tão únicos desdobramentos.
Provindos das pessoais artes cênicas
Que se modificam em tantos momentos.

Nos palcos da vida, tornam-se os atos
Das ações perdidas, incompreensíveis.
Vistas banidas que são inconcebíveis,
Interpretação egoísta dos fatos.

O espetáculo de ódio e amor,
Repleto de libertinagem e pudor.
Sentir o gosto do riso e do pranto,
Lições vividas que nos ensinam tanto.

segunda-feira, junho 01, 2009

Corrida do ouro

A maratona desenfreada
Pela busca da realização.
Corre, corre, sem qualquer parada.
Sem saber ao certo a direção.

E escasso torna-se o tempo.
Superficial o relacionar.
O toque carinhoso do vento,
O único que irá encontrar.

O primeiro a cruzar a linha,
Louvável ato de superação
Da pessoa, que de tão sozinha,
Não divide a comemoração.

Vive pela corrida do ouro.
Glória do tolo, o falso louro.

O tango

Os passos da sensualidade
De compasso extremo, visceral.
Drama de tanta intensidade
Conduz a viagem teatral.

Dois corpos pela pista, bailando.
O homem e a mulher, união.
Duas almas à dança se entregando.
O tão ardente fogo da paixão.

Em um tango, um conto de amor,
Em tom enérgico e trágico.
Relata os prazeres e a dor.
Momento lírico e mágico.

O toque do beijo

Fechar dos olhos para se perder.
O cenário ao redor, ignorar.
Apenas esperar acontecer.
O momento mágico do amar.

Abraçar firme para aquecer.
Cobrir por inteiro, dar proteção.
Pelo corpo o total envolver.
A proximidade, a união.

Da pele, o intenso contato.
Prazeroso encontro labial.
Consumar o desejado ato.
Tão arrebatador, passional.

Anseio pela carnal vibração
Que toma por completo a razão.

Transporte coletivo

Pessoas enlatadas
Que cortam a cidade.

Histórias são contadas
Pelas várias idades.

A compacta multidão.
Espaço limitado.

Sem ter outra opção.
Com destino traçado.

Ponto de ônibus

O ponto de partida
O ponto de chegada.

Hora da despedida
É a hora marcada.

O ponto de encontro
Ponto de separação.

Com o braço, aponto,
Para chamar atenção.

O silêncio da magia

Se para o lado, às vezes, não olhar
Pode pôr a perder toda a direção.
Sem qualquer saída para se apontar.
Pode não restar alternativa então.

Na solidão, se cala a melodia,
Sem a atenção, perece o encanto.
No abandono se vai a alegria.
Na tristeza, afoga-se com o pranto.

Sem o alimento, morre a semente.
Sem calor, congela-se o sentimento.
Se a preocupação, não há corrente.

Só precisa de sincero acalento.
Só alguns atos firmes e contundentes.
Apenas a entrega ao juramento.

Quebra do encanto

Qualquer falta de compreensão
É maior no prejudicado.
O beneficiado então
Sente-se o injustiçado.

A dificuldade em ceder
No nunca querer se anular.
Pode sim, pôr tudo a perder.
O encanto todo se quebrar.

Única realização

A ordem dos compromissos
Divergem com a agenda.
Tornam-se mais submissos
Aos que querem mais oferenda.

Substitui o encontro.
Mesmo com o ser amado
Se tiver em outro ponto,
A chance de ser coroado.

À distância

Tudo é mais fácil à distância.
A vida é tão simples de fora.

E nada tem muita importância
Para aquele que vai embora.

Tão berrante é a discrepância,
Entre o depois e o agora.

Para muitos não tem relevância
A lágrima daquele que chora.

Compreensão

Sempre será longa a espera.
E crescerá com a importância.

Súbito desejo que impera.
Era mais maduro na infância.

Com o alimentar, a quimera,
Ganha força e exuberância.

A tudo engole, dilacera.
Egoísmo em toda instância.

Deixo tudo a minha espera
Com minha máxima importância.

Maria fumaça

A extensa estrada de ferro
Corta o modesto lugarejo.

A locomotiva com seu berro,
Cala o pequeno realejo.

A fumaça que cobre todo ar,
Deixa fino rastro de saudade.

O tenso estrondo a ecoar,
Desperta a singela cidade.

Pátria amada

Das grandes navegações portuguesas,
Origem do instinto conquistador.

Presente no imo das naturezas.
É o nativo acatar sem propor.

O gélido poder de questionar.
O acúmulo em estado febril.

A outra história da terra varonil
Em livro algum irá encontrar.

Descrição fiel de ato tão hostil.
Apenas o tão bom recepcionar:

Bem vindo ao circo chamado Brasil!

Descontrole

Das sensações a miscelânea
De proporções incabíveis.

Clamor pela cura instantânea
Ignora ajudas imperceptíveis.

Das dores, a vil coletânea.
União dos erros incorrigíveis.

Cravado na aura cutânea.
Gera atos inconcebíveis.

Invisível aos olhos

Ignorados pelos visores carnais
Trazem a verdadeira essência.

Não brilham tanto quanto os cristais,
Mas são belo fruto de vivência.

São os tais milagres celestiais
Desprezados com tal veemência.

Que as preocupações tão banais
Nos tomam toda clarividência.

Apontam apenas rumos boçais.
Na descartável experiência.

Olhar externo

Discrepância na percepção.
O toque pouco fraterno.

Provindo de uma opinião
Daquele olhar externo.

Que se pronuncia em vão.
Gélido como o inverno.

Que crucifica tal ação,
Condenado ao inferno.

O último raio de sol

O feixe tão solitário
Que corta aura celestial.
Segue triste itinerário.
Numa viagem surreal.

Que embarca esquecido,
Com o sorriso ausente.
É mais um dia adormecido.
Em seu berço, se faz poente.

O silêncio da noite

Como um leve sussurro, nascem.
Sem o tal escândalo diurno.
Suaves melodias se fazem
Sob regência do maestro soturno.

É o do sutil silêncio, quebrar.
O vívido gemido de prazer.
Orgasmo sonoro corta o ar.
Chama da paixão que se faz arder.

Estribilho do intenso amar.
Insaciável desejo atender.
Na calada da noite saciar.

E ao da cidade emudecer.
Pele com pêlo, o arrepiar.
Embriagar-se até o sol nascer.

A taça de vinho

O reluzente tom a vibrar,
Dentro da bela taça de cristal.

Intenso sabor que faz delirar.
Experiente fruto do vinhal.

Súbitos desejos faz despertar.
Embala como coro musical.

E dos instintos surge o clamor.
Pede o vívido toque carnal.

O violento sereno

O fino toque do sereno
Agressivo, rasga a pele.

O que parecia ameno
Sem qualquer piedade, fere.

Age como sutil veneno
Que contra a vida desfere.

Escolhas

Responsabilidade e prazer
O choque em estado constante.

Obrigatoriedade, fazer.
Concentrar-se a todo instante.

Ignorar o desejado lazer.
Abdicar adorado amante.

Cada passo

A prática leva à perfeição
Diz o tal conhecido ditado.
Mas o segredo da repetição,
Em muitos casos é ignorado.
Por quem não aprender a lição
E sim apenas ser aclamado.

Aprendizado

A morte pode ser o início
E o fim, tornar-se a partida.
Basta ignorar o sacrifício
E olhar para dentro da vida.

A queda pode ser o tal impulso
Cheio de força, arrebatador.
Basta evitar o cortar do pulso
E tomar como lição essa dor.

Sem o término não há começo.
Não existe viver sem o morrer.
Não se levanta sem o tropeço.
Sem erro não há como aprender.

Essas nuances da vida nos dão
Dádiva chamada evolução.

Revoluções

Parte da súbita vontade
Que clama por realização.

É o ponto, a unidade
Em estado de ebulição.

É a queda da virgindade.
O aprender da nova lição.

Sobrepor da insanidade
Que precisa de compreensão.