sexta-feira, julho 31, 2009

A extensão do meu amar

Só enquanto meu coração bater
Levando da vida o elixir
Todo este meu amor por você
Irá continuar a existir

Enquanto o ar meu corpo banhar
Nesta tão vívida respiração
Irá perdurar este meu amar
Que de minha existência é razão

Mesmo após o eterno dormir
Minha paixão irei lhe ofertar
Para ao seu lado sempre estar

Mesmo após desta vida partir
Todo este meu amor por você
Para sempre irá permanecer

Rito vazio

Como venda que rouba a visão
Em negror que revela o espanto
Entorpecente da casta razão
Este vago cultuar é tanto

Celebração ao ídolo ausente
A deturpação da alva crença
Corrupção da alma inocente
O vil berço da desavença

Rito de tamanha ignorância
Que com os sentidos tripudia
Tem origem na chula ganância
Sem pudor a ordem desafia

As falas do poema

O discurso do poeta
Expõe da vida as faces
A verdade não decreta
Apenas cria disfarces
Entre palavras escondido
Está o seu sentimento
Por espesso véu envolvido
Invisível como o vento
Mas ao invés da pele tocar
Faz a alma arrepiar

As notas da melodia

Aos ouvidos a carícia
O suave toque do som
Às vezes carrega malícia
De sabor tão doce, tão bom
A alma unge de prazer
Pela aura embalada
Faz a pele estremecer
Em plena noite calada
A voz que desliza sutil
Contornando por inteiro
O frágil corpo tão febril
Sob o tal ritmo faceiro

O berço das respostas

Até a mais inexplicável questão
Localiza-se próxima ao saber
Viajando em plena imensidão
Sob os castos véus a se esconder

Aos garimpeiros mais talentosos
As respostas mostram-se serenas
Ignora os seres virtuosos
Aos sábios revela-se apenas

Da sabedoria os detentores
Homens pela pureza encobertos
Que não agem como vis atores
Que não fingem estarem sempre certos

E assim encontram as respostas
Nas humildes perguntas expostas

quinta-feira, julho 30, 2009

Às vezes o sentir é tragado pelo tempo, mas não absorvido pela alma.
Todas as respostas encontram-se escondidas na pergunta correta.

Dúvidas

A dúvida contemporânea
Perde-se entre vagos valores.
Será essa vida momentânea,
Um berço de prazeres e dores?

Questões que os anos atravessam
Ocupando pensantes mentes
Avaliações que nunca cessam
Criando mistérios envolventes

Será a justiça deturpada?
Será o poder melhor solução?
Será a vida encarcerada,
A esta fria e vil condição?

Rubor celeste

As rubras nuvens viajam pelo céu
Sob proteção e benção da noite
Talvez carregando todo o fel
Para despejá-lo em açoite
Talvez levando consigo paixão
Para libertar volúpias tantas
Viajam sem destino, direção
Recheadas com as águas santas

Anoitecer

O delicioso toque solar
Ao chegar até o horizonte
Triste e alegres nos faz ficar
Dos tantos sentimentos é fonte
Traz a bela noite aos amantes
E leva mais um dia consigo
Fruto dos momentos delirantes
De todas as volúpias abrigo
Cobertas pelo estelar manto
De intenso sonho e encanto

Reencontro do viver

Distante e bucólico local
Que as lembranças tantas desperta
Das raízes à forma atual
Ainda expõe ferida aberta

Nas mais profundas águas
Cai desta embarcação pequena
Afoga-se nas próprias mágoas
Ante a esta súbita cena

Ao lutar para a vida manter
Em meio à tamanha tormenta
Reflete e começa a perceber
O que estar vivo representa

O sorriso

Traz novos traços aos semblantes
Feitos com exímia perfeição,
Como as obras deslumbrantes
Compostas por hábil artesão
Que a bruta pedra transforma
Com tão sutis toques de arte.
Semelhante a bela forma,
Luz que irradia e parte.
Radiante sorriso faz-se
É o cintilante adorno
Que ilumina o contorno
Desta obra prima, a face.
O absurdo é o berço e o sepulcro da lógica.

Reconquistar

Vívido sabor iluminado
Que invade-nos intensamente
Que parece sonhar acordado
Como um sorriso tão envolvente

É a doce paisagem exposta
Que tanto embriaga o olhar
Rompe a tênue ordem imposta
Para a liberdade conquistar

A mortífera batalha vencer
Mostrar-se o digno merecedor
Aos tantos entraves jamais ceder
Da vitória o límpido olor

O espírito reconstruído
Pela perseverança possuído

Prelúdio da tempestade

Luz rasga todo o céu
E estrondoso bradar,
De tão intenso decibel,
Viajam a anunciar
A água que está por vir,
Benção divina a terra,
Que pode também destruir,
Todo orgulho enterra.
Espetáculo celeste
Efeitos áudio visuais.
É a festa do agreste,
A cura para os mortais.

O som do trovão

O tão duro estrondo
Que atravessa o ar
Parece tirano impondo
Seus desejos a bradar
Rasga toda a pele
Com seu púrpuro som
Que a todos repele
Com seu pesado tom

As cores da vida

O rubor do nascimento
Tinge o corpo e o olhar
O alvo toque do sacramento
Dizem nos abençoar
Os dourados momentos
Atribuídos ao conquistar
Os púrpuros sofrimentos
Sobre a pela a mostrar
O negror da vida
É destinado ao medo
A celeste lona colorida
Dita da vida o enredo
E tantos outros tons de luz
Que a retina reproduz
Podem ter outro valor
Dependendo do temor

Renascimento

Para o mundo acordar
Um novo modo de viver
Aprender a apreciar
Belezas, o sol ao nascer
O céu e as águas do mar
Todo o ingênuo prazer
Que a vida nos oferece
Curam as dores da alma
O sofrer desaparece
E o coração acalma

terça-feira, julho 28, 2009

Cumplicidade

Lágrimas e sorrisos compartilhar
Cúmplices do sentir
Ser como o rio que toca o mar
Das águas o colidir
Convertidas em única, sensações
A plena melodia
Tornam-se uníssonos corações
Sepulcro da arritmia

Infinito sentimento

O infinito sentimento
Que os séculos atravessa
É sobrevivente rebento
Sempre pulsante, nunca cessa
Da alma é o alimento
A felicidade expressa
É de tamanha imensidão
Que preenche o coração

Baile de máscaras

Em meio ao salão bailam
Com suas faces encobertas
Os dois mascarados se calam
Em suas fantasias desertas
O exímio compasso seguem
Sem perder essa compostura
Cada passa errado que neguem
Desfalecem mais a lisura

As verdades do espelho

Ante ao espelho reflete
Analisando cada detalhe
Que a sua vida repete
Transformando o belo entalhe
Em simplório confete
Com medo que falhe
A imagem antes criada
Para a vida ser levada

Deficiência visual

A constante escuridão
Presente em seu dia
Esconde a imensidão
A luz que irradia
Que ilumina o coração
Que traz tanta alegria
Absorvida pela alma
Não pela carnal visão
Traz acalento, acalma
Preenche a vaga solidão

Nova luz

É como luz que atravessa a janela
E ilumina todo o quarto
Traz sensação tão pura, tão bela
Que alegra o coração farto
Esperança, desde a mais singela
Até a concedida pelo parto
Parece liberta desta minha cela
Das grades do meu quarto
Para então a liberdade sentir
Para a nova vida seguir

Tempo livre

A ausência do ofício
Como é conhecido
Traz dor e sacrifício
Como inútil é parecido
Parece constante desperdício
De tudo que é oferecido
À loucura pode conduzir
Estagnado sem progredir
Deixa a roda da fortuna
Parece vida gatuna
Pois toma de quem trabalha
O seu próprio sustento
Corta como navalha
A honra em detrimento

Mundo invisível

Nunca visto o ar que toca as faces
E os corpos de pequenos seres também
Escondidos sob os tantos disfarces
Da nossa limitada visão vão além
Alguns têm a comprovada existência
Outros ainda vivem sob resistência
Ao ficar preso a esta carnal visão
Muitos detalhes da vida irá perder
Pois o sentimento que há no coração
Pelos olhos é impossível de se ver

Palavras

Esta tinta que mancha o papel
As tão pequenas formas contorna
Às vezes doce sabor, outras fel
São falas que a vida adorna

Algumas traduzem o tal sentir
Expõem o sofrer, fazem sorrir
Outras trazem abstração apenas
Interpretando confusas cenas

Gostas de tinta geram sentido
Quando unidas em formas tantas
Da alma o mistério trazido
Cortam o ar rasgando gargantas

Dádiva do amor

Risonho torna-se o olhar
Ao contemplar tão belos traços
É o entorpecente amar
Que envolve em firmes laços

Do coração é a aurora
Que tinge novos sentimentos,
Saciar quer sempre agora,
Beijá-la em todos os momentos

Cruel dor que o peito fere,
Por muitos chamada saudade
Afiados golpes desfere

Respira com intensidade
Todo ar que ela profere,
Paixão para eternidade
Diante dos destemperos diários que apreciamos o sabor do viver

segunda-feira, julho 27, 2009

Voo livre

Abrir as asas, decolar,
As mais intensas alturas
Subir, subir e alcançar
Para tornar as almas puras
Para o céu então conquistar
E retirar as ataduras
Que nos impedem de voar

Monólogos

Será a vida um eterno monólogo
Presos às próprias palavras então
Anunciando em constante prólogo
A tão temida, porém, presente solidão
Será de fato algo tão vazio
Repleta apenas de conquistas pessoais
De sentimentos puros em estio
Em busca de recompensas tão triviais
Será o homem uma ilha deserta
Uma porção de carne pequena
De orgulho e repugnância serena

Dramas da vida

Bradam das ruas sensações tantas
Algumas tormentas, tamanha dor
Outras tão alvas, tão castas, santas
Revoluções em momentos, torpor
Chocam-se em tão brutas colisões
Que confundem a humana mente
Em um mar tórrido de emoções
Que convivem tão intensamente
A lutar contra o tal opróbrio
Para quem sabe, manter-se sóbrio

Viver

A vida é uma série sem fim
Composta de encontros e partidas
Uma coleção de ruas, avenidas,
Alamedas que rumam assim
Sem destino proposto, incerto
Uma estação de um trem
Ora vívido, ora deserto
Parte veloz rumo ao além
Tentando horizonte alcançar
Uma nova realidade talvez
Ou apenas o repouso do lar
Para entrá-la outra vez
Assim finalmente descansar

A pasmaceira

Doce como o toque da seda
De t ao suave sabor
Como carícia de face leda
Encanta com seu torpor
Envolve com olor cintilante
Que tinge todo o ar
Entorpece todo o instante
O bálsamo do olhar

Sentimentos

Tinge de rubro o medo
Quando somado a ira
Que assusta em segredo
Mas só agressões expira
A química do sentir
Confunde os elementos
Às vezes o belo sorrir
Expressa tantos sofrimentos

Morte anunciada

A pálida facada
Perfura veias vazias
De uma alma dilacerada
Que sente em economia
O golpe tenebroso
Não tem sabor hostil
Finda ciclo tedioso
Cura o coração febril
Que desprendeu-se da vida
Muito antes desta partida

As correntes do tempo

Como eras avançando
Segue o tempo em espera
Cada segundo definhando
Uma luz? Que me dera
Desespero convalescente
Ora cai, ora levanta
Consome nossa mente
A sanidade espanta
Loucura, caminho sem fim
Guia para temor profundo
Prende, acorrenta assim
Como transgressor imundo

Idolatria

Mais um ídolo venerado
E aos seus pés estão caídos
Cai o público desesperado
Por um bis, sincero pedido
Ávidos por mais uma vez
Apreciar sensação divina
Da cena tão bela que se fez
Dizem ser da alma medicina
Que entorpece a razão
Como vela em meio à escuridão

A nova moda

São dores vociferando
Em gestos ecumênicos
A todos desesperando
Meio cínico, cênicos
Do medo pandemia
A fuga, solução talvez
Terror, a nova mania
É a tal moda da vez

sexta-feira, julho 24, 2009

O cinzento olhar

Essa tão pesada visão
Carrega tristeza tanta
São lágrimas postas ao chão
Tinge de cinza a manta
Que cobre a imensidão
Cobre luz que não levanta
Espalha negror afora
Traduz opaca aurora

O tal negro firmamento
Priva-nos do sabor da luz
Reluzente toque bento
Que nosso astro rei reluz
Encoberto, por momento
Acinzentado se traduz
De manhã em gotas finas
Gélidas e assassinas

Letras

As letras agora unidas
Ao sentido tentam servir
Às vezes seguem munidas
De sensações a intervir
Na construção da fala
Que carrega a mensagem
Porém ao entregá-la
Em meio à viagem
Toma outra tradução
Talvez ludibriada pelo coração

Relógio

O cruel relógio que avança
Avança veloz, sem piedade
E onde a vista não alcança
Leva nossa jovialidade

Preguiçoso relógio que não vai
Não sai do lugar, estacionado
Nem o solo o ponteiro atrai
Por eras somos mortificados

Esse vil relógio entrega-se
Aos caprichos do bruto tempo
Que esconde-se sob tantas faces
Que dissolve-se como o vento

Videntes

Para muitos destino carregam
De acordo com sua posição
Todo nosso futuro entregam
Será sina ou será proteção?

Então o paradoxo forma-se
Como o amanhã é mostrado
Se toda a luz que delas nasce
É exposição de um passado?

Espetáculo

Do inacessível palco brotam
Momentos de pura fantasia
De histórias envolventes e tão
Loucas, são sonho em pleno dia

Vozes tão doces, tão coloridas
Geram as visões entorpecentes
Despertam sensações antes tidas
Como de varridos pertencentes

Tensos instantes de rubro sabor
Traduzem-se por tantos olhares
Tão quentes, precioso esplendor

Cenas tragadas pelos olhares
Que choram por amor, riem da dor,
Venerando-os como altares

Próxima semana

Essa próxima semana
Às vezes é tão distante
Será o tempo que engana
Ou nós somos tão farsantes?
Não somos capazes de ver
Esses dias avançando
Às vezes fazemos correr
Outras ficamos olhando
Não conseguimos nem sentir
O que pode nos atingir
Tão indefesos às vezes
Presos na roda do tempo
Dias, horas, anos, meses
Semanas, dor ou acalento?
Será o tempo ilusão
A obra da mente, ficção?

Segredos obscuros

Tantos mistérios carrega
Tão profundos como mar
Privacidade sempre alega
Para nunca os revelar
Como ondas em tormenta
Traga-o como veleiro
Afunda-o tão sedenta
Consome-o por inteiro
Como pedra desfaz-se
Após tamanhas colisões
Que atingem sua face
Suas secretas intenções

Mar em fúria

Os gritos do mar
Em suas tormentas
Fazendo barcos virar
Com ondas sedentas
E não satisfeito
As terras invade
O prato perfeito
A tanta vontade
Só vai saciar
Quando tudo tragar

Sentimentos em colisão

A vida guiada pela fúria
Move-se com força tanta
Às vezes atrai lamúria
Às vezes as dores espanta
Mistura-se com sua rival
Chamada de paciência
Conjunto para muitos anormal
De impossível convergência
De tato tão brando
Releva os obstáculos
Aceita e segue lutando
Sob os passos dos oráculos
Talvez equilíbrio seja
Entre os dois a harmonia
A fúria a força que despeja
Paciência a constante sinergia

Renovação do credo

A esperança que reacende
É como aurora matinal
Que as trevas noturnas transcende
Brindando-nos com brilho sem igual

Purifica nossos sentimentos
Como casto orvalho da manhã
Líquidos tão sagrados, bentos,
Liberta-nos da prisão do divã

Luz vibrante, incandescente
Os corações sinceros incendeia
Chama tão intensa, tão ardente
Atos e pensamentos alteia

E quebra as barras dessa prisão
Que tanto sufoca o coração

Urgência da saudade

Afeto é vívido clamor
Encontro é o regalo
Pedido explícito de amor
A quem ser quer entregá-lo
Momento que tanto anseia
Rouba-lhe a paciência
Imaginário corpo tateia
Expondo toda a carência
Dos sentimentos todos
Saudade é o de mais urgência
Atraídos pelos engodos
Saciar é sua emergência

quarta-feira, julho 22, 2009

Culto à imagem

Às vezes a imagem supera a fala
Com a intensidade de uma cena
E dos ouvidos a voz então se cala
Ante ao fato que redime, condena
Todas as afônicas imagens porém
Podem gerar diversas interpretações
Com tantos tipos de visões que vão além
É esse tão vago cultuar estético
Torna o mundo, às vezes, patético

O violeiro

As mãos que acariciam
O rústico instrumento
Em toques que arrepiam,
O tão suave e bento.
Percorrem sua extensão,
Em belo corpo deslizam,
Das cordas nasce a canção
Singela dança, alisam
Ouvidos que encantados
Pela beleza, tocados,
Sonoro gozo desfrutam
Da música que escutam.

Tantos desejos

Várias coisas já sonhei
Porém poucas conquistei
Muitas vezes desisti
De tanta coisa que quis
E assim não permiti
Que eu fosse mais feliz
Na vida os percalços
Talvez um teste sejam
Para tirar os falsos
Que tão pouco desejam
Tornando merecedor
Quem suportou essa dor

Lunático

Além do seu tempo
Avança a visão
Presente tormento
Futura gratidão
À frente da vida
A nova concepção
Não compreendida
Não tem aceitação
O doido varrido
Assim é chamado
Do hoje banido
Amanhã coroado

Persistir

Um sonho perseguir
É egoísta ser?
Em rumo prosseguir
Mesmo ao perder
É persistência?
É teimosia?
A insistência
Se cansaria
Com quedas tantas?
E tu? Levantas?

Outra vida

É outro lado da vida
Que ignora os sofrimentos
É como a terra prometida
Exposta nos testamentos
Onde é dor é comprimida
Dissolvidos são os tormentos
A paz envolve o coração
A esperança em comunhão

Levanta a aura, anima
Para as inacessíveis alturas
Somos levados, para cima
Terra de amores e ternuras
É o sentir a obra prima
De toque suave, doçuras
A alma em estado de graça
Livre da dor, a ameaça

Angústia da espera

Ansiedade que me arrebata
Tomando toda sanidade
Que flagela como chibata
Que bate com vontade

É mortífero veneno
Que executa aos poucos
E de modo sereno
Torna a todos loucos

Angústia da espera
Confunde e assusta
É como besta fera
Tão feroz, tão robusta

Questões

Aceitar ou não a proposta
Esperar ou não a resposta
São perguntas que faço
Para dar próximo passo

O que tenho a perder?
O que tenho que fazer?
Tomar correta decisão
Não perder a direção

Talvez parar e esperar
Mas posso ser atropelado
Talvez tentar outro lugar
Por tantas dúvidas tomado

Ter fé

Dúvida sobre o futuro
São curadas com a fé,
Cândido sentimento puro
Que nos mantém em pé.

Mas quando ela falha
Desfalece a confiança.
Que rasga como navalha,
A ausência de esperança.

Coração é esmagado
Pouco a pouco, morto
Por dores é despedaçado,
Do amor é o aborto.

Estranho medo

É dor que me atormenta,
Corrói e rasga o peito
De forma fulminante e lenta,
Devastador é seu efeito.

O raciocínio paralisa
Em lamento tão passional
Que corta a pele como brisa
De inverno tão infernal

Toma-me por inteiro,
Derrubando cada defesa,
Atinge como morteiro
Parecendo uma certeza.

Desatino domina a mente,
Desespero toma lugar
De tudo o que sente
Como tormenta em pleno mar.

terça-feira, julho 21, 2009

Sonho ruim

As noites de sonho ruim
Trazem dias de reflexão
Será a vida triste assim,
Será apenas ilusão?
Ecoa pela cabeça
Essa pergunta ecoa,
É realidade avessa.
É vida que destoa.

Fatos da semana

Quando os acontecimentos
Tornam-se frequentes, constantes,
Fazem da vida sofrimentos,
Resumida a meros instantes.
Trazem à tona a rotina,
O sepulcro da sanidade,
Parece ser cruel sina
Da atual sociedade.

O elixir

E segue pelos ventos, ecoar,
Atravessando terra, céu e mar.

Navega pelos tempos a crescer,
Se contemplando segue, vão viver.

Até agora, tempo para trás,
A preciosa chance de agir.

A prece benta que tanto satisfaz,
Da esperança é o elixir.

Grades do jardim

As grades do jardim
As belezas aprisionam,
Destinadas a um fim
Que ao menos questionam.
São flores isoladas
Do convívio do mundo,
Caem então desoladas
Em sofrimento profundo.
O egoísmo é fruto,
A liberdade roubar
É afeto tão bruto,
É tão estranho amar.
Isso seria privar,
O ato de prendê-la,
Extorquir do ar
Tão bela estrela.

As letras do texto

O charme compõem
São belos adereços,
Os homens dispõem,
Tão grandes os apreços
Atribuídos a elas,
Para despertar emoções,
Sensações tão belas,
Embalar corações.
A lágrima correr
Do intenso viver.

Semana em um ato

Ele acorda e se levanta
Cuida da higiene pessoal
Com o café fome espanta
É sua rotina semanal
No almoço alimenta-se
Descansa sua distração
Deseja que a hora passe
E avança a tarde então
A noite se aproxima
E assim o dia se vai
Os outros dias são rima
Deste sol que cai

Regalo da arte

Artísticas manifestações
De traços peculiares
São místicas distrações
Que atraem os milhares
De ávidos corações
Mais intensa que Antares
Em suas vibrações
Aquecem gente tanta
Em atos de destreza
E a plateia se encanta
Com tamanha beleza
Aplausos, combustível da arte
Sem remuneração então parte

Mínimo pensamento

É como cela da prisão
De grades tão grossas
Que cobrem a visão
São profundas fossas

Pensamento encarcerado
Pela ausente liberdade
De criar novo legado
Talvez pela incapacidade

Balé das cordas

Sobre as cordas passeiam os dedos
Bailando em tão finos passos
Despertando amores e medos
E também sentimentos devassos

Cada nota que tateiam eles
Ouvidos são acariciados
São tocados como por aqueles
Tecidos suaves, emplumados

Seguem sem o compasso perder
Exposição de histórias, cantos
Que fazem sorrir ou sofrer
Trazem sorrisos e prantos

A rosa mais bela

Das plantas do jardim
Destaca-se a mais bela,
De encanto sem fim
Os olhares para ela
São atraídos, tragados,
Contemplação o estado.
A ver da vida regalo,
Ante a beleza tanta
Fico estático, me calo,
Traços divinos, santa,
Assim é chamada
A flor de pétalas vivas
De cores preciosas, rosadas
E presença altiva.

segunda-feira, julho 20, 2009

Ser humano

É ser consoante,
Falho, incompleto.
De cura distante,
De sofrer repleto.
Assim é ser humano,
Viver procurando sentido
Buscando ano a ano
O tal elo perdido,
Para o vazio preencher
Que desde o berço traz,
Que solução para o viver
Mas nada o satisfaz.

Ideologia

É fruto da crença deturpada,
É causa que foi banalizada,
Brincar com a ignorância
Criando monstros como terror,
Aproveitando a circunstância
De desespero e clamor.
Por qualquer resolução
Entorpecendo com ilusão
Alguém a procura para viver
Mas a ideologia só traz sofrer.

Tolas citações

Palavras alheias são
Como escudo da razão

Segurança tão vaga
Que aos tolos traga

É falso conhecer
Exposto em citação

Um curto trecho ler
Não traz a solução.

Legítimo sentimento

Sentir que floresce no coração,
Como vívido botão de rosa
Que brota na singela estação
Que a poesia ocupa a prosa.
É tão sincero que transparece,
Alma exposta permanece,
Como uma pérola desnuda
Dentro de uma ostra carrancuda.
É um amar sem qualquer fronteira
Nem mesmo ciúme e vaidade
Que assassinam a pasmaceira,
Legítimo, amor de verdade.

Íntimo desejo

Escondido sob o véu das aparências
No frasco mais profundo da alma
Torturando como vil penitência,
Como adaga que presa à palma
Rasga o peito pouco a pouco,
Perde-se assim a sanidade, louco
Louco por insistente reprimir,
Pelo tão firme desejo afogar,
Como móvel velho a ruir
Desfaz-se para se livrar.

Compor vaga poesia

Sensações em palavra escrita,
Ah palavra, maldita, bendita,
Que nasce da tinta que escorre pela pena
Tão densa, tão intensa, como sangue
Que se esvai em gotas de porção pequena,
Forma lamacento pântano, o mangue
Compostos de vegetação primitiva
Cultivada sob sentimentos
Impuros ou de castidade altiva,
Das alturas aos excrementos.
Assim nasce a vã poesia,
Para muitos rito, liturgia,
Quando é apenas expressão
Provinda de moribundo olhar
Afogado pelas lamúrias do coração
Tão turva, tão profundas quanto o mar.

Novos horizontes

Da realidade, às vezes, fico farto,
Desta falsidade exposta assim
Sem pudores, sem amores, parto
Para outro lugar enfim,
Pois lá posso ao menos
Imaginar coisas boas acontecendo,
Sem esses pensamentos pequenos,
Sem viver me entorpecendo.
Lá posso viver na plenitude
Sem medos, obscuros temores,
Sem o peso da eterna juventude,
Entregar-me por inteiro aos amores.

Insanidades da vida

Mais vale ter um milhão
Do que em família viver

Mais vale obter uma promoção
Do que amigos colher

Mais vale dinheiro acumular
Do que a própria vida aproveitar

Mais vale ter o carro do ano
Do que ajudar um ser humano

O preço do sucesso

Do que vale uma hora de glória,
Seja no palco ou exposição,
Se ignora a própria história
Para tão pobre realização?
De lado a família deixa
Mãe, pai, irmã, irmão,
E assim afogar a queixa
E outras mazelas do coração.
Sem ninguém para vida dividir
Casamentos, namoros, relacionamentos
Nunca poderão existir
Pois sua vida resume-se a momentos
Acordar, trabalhar e, às vezes, dormir.

Soberba

A inferioridade ignorada
O problema escondido
A tal cura arranjada
Permanecer entorpecido
Assim a dor é enganada
E o sofrer é reprimido
Pois o ser superior
Não pode sentir dor

Música urbana

A freada o suspense gera
E a buzina as marcações,
O grito do carro que acelera,
As vozes das multidões,
O choque, o tiro, a batida,
A sirene esbravejando.
As máquinas na avenida,
Misturados sons ressoando.
Sem a dádiva silenciosa
O constante burburinho humano,
É a música que grita chorosa
Sob regência do caos urbano.

quinta-feira, julho 16, 2009

Sobre o tempo

O que é o tempo senão um mero devaneio.
Às vezes da dor acalento, às vezes parte ao meio.
Ao tentar segurá-lo, esvai-se entre os dedos,
Fugindo pelo ralo, cercado pelos medos.
Ao tentar despistá-lo, agarra-nos,
Aprisiona no calabouço dos pensamentos profanos.
Apenas lamentações ouço, apenas gestos insanos,
Considerações pequenas da vil filosofia
Humana, que trata apenas da hemorragia
Exposta no olhar delirante
Que perde-se no tempo a todo instante.

Delírios de um homem

Perdido em meio aos pensamentos
E mesmo com sua sabedoria,
(Agora motivo de seus tormentos)
Afunda, mais e mais em sua fobia.

Pelo certo, pelo errado,
Os tais princípios da vida,
Segue sempre atormentado
Em busca da terra prometida.

E as pressões da vida moderna:
O dinheiro, o tempo, a juventude, envelhecimento,
Feridas abertas em dor eterna,
Tão latente, tão fulminante naquele momento.

Alimenta seus medos:
Traição, abandono, solidão,
Entre tantos outros, segredos
Que não revela nem na confissão.

Assim, pelo sofrer é tragado
Nem poço sem fundo,
Pelas lamentações, afogado,
Caído, parado, moribundo...

O novo ofício

O antes dignificante labor,
Agora sob nova face:
Dos homens o separador,
Assim o trabalho faz-se.

Ocupando-se cada vez mais
Com a ilusão do acúmulo,
Que ao ego nunca satisfaz,
Do convívio o túmulo.

Trabalha, trabalha, trabalha,
Mesmo além do expediente,
Mesmo em casa ainda trabalha,
Ato compulsivo, doente.

Sem trabalho não sou nada,
Com ele, às vezes, menos ainda.
Assim a vida é levada,
Em meio a essa berlinda.

Escolher entre a família e o ofício,
Eis o contemporâneo sacrifício.

Tormento noturno

Pela rua vagando,
Sob a luz da lua,
Os passos iluminando
Da mente tão nua
Que é tomada, dominada
Pelo impetuoso transtorno,
Essa dor recriminada
Escondida sob o contorno
Da mais falsa risada
Que testemunha as estrelas,
Cúmplices da encenação,
Para assim entretê-las.
(As pessoas da multidão)

Inspirações

Pela dor?
Pelo amor?
Uma é súbita, intensa.
Um é acalento, alegria.
Uma pode nascer de uma ofensa.
Um faz nascer tanta magia.
Um é violenta explosão.
Um é carícia e prazer.
Ambos tocam o coração
Pois habitam todo ser.

Palpite

Entre tantos palpites sobre o viver
O que mais me anima é o de estar
Por toda minha existência com você
E por toda a eternidade te amar.
Pressentimento que me anima tanto,
É meu sonho de tão intensa beleza.
A cada dia aumenta meu encanto,
Pois esse palpite é minha certeza.

Lapsos de ilusão

Exausto do reles viver
Cria a própria ilusão,
Que serve para entreter
E enganar a solidão.
Durante a travessia,
Ante aos obstáculos
Que surgem todos os dias,
Contrariando oráculos,
Ludibriando a razão
Com os lapsos de ilusão.

Equilibrista etílico

As pernas agora trançadas,
Bailando pela avenida.
As ruas antes agitadas,
Silenciam ante a lida
Daquele artista urbano
De habilidades circenses
Que segue se equilibrando.
Encenando grande suspense,
Vai para frente, vai para trás
E se recompõe novamente.
Sempre a dúvida se refaz
Sobre a queda iminente.
E o público se satisfaz
Com o bêbado indigente.

Flores murchas

Estas flores na sala expostas
Já tiveram vívido esplendor,
Eram tão vibrantes, dispostas,
Altivo símbolo do amor.

Agora murchas encontram-se,
Em cada pétala moribunda,
Tão pálidas apresentam-se,
Sensação mórbida profunda.

Antes sinônimo de paixão,
Hoje do sofrer são tradução.
As lembranças agonizantes
Daqueles prazerosos instantes.

Delírios

O ardente delírio
De tanta fantasia
É tão belo lírio.
É a pele que arrepia
Sob brilho do círio,
A luz que irradia
Consigo a ilusão
De tão latente paixão.

terça-feira, julho 14, 2009

Um soneto para dizer

Para expressar toda magia
De um sentir tão belo, tão sincero,
Que desperta tanta alegria,
Que se faz com tamanho esmero.

Para mostrar este sentimento
Que ao tocar a pela arrepia,
Que torna eterno o momento,
Que encanta como poesia,

Que é das artes a mais singela,
Prima pobre da literatura,
De uma simplicidade tão bela.

Que traz consigo tanta doçura
Para dizer meu amor por ela,
A dona do beijo que me cura.

Mistérios

Mistério que vagam
Sem ter rumo.
E pela mente divagam
Cercado, eu sumo.

Aos poucos embriagam,
Como trago de fumo.
E as almas naufragam,
Caminho sem rumo.

Capítulos da vida

Começo, meio e fim,
Separados por fases.
A vida é assim,
Narrada por frases.

Pelo canto do trovador,
Versos eficazes,
Destacam toda dor
E sorrisos tenazes.

Histórias se confundem,
Unidas pelo destino.
Duas vidas que se fundem
Em prazeroso desatino.

A fonte

Do ponto a partida,
Do rio a nascente
Que flui como a vida,
Levada pela corrente.

Do todo o início,
O primeiro passo.
A ponta do precipício
Quando é escasso.

Momento ruim

É ausente a destreza
Para isto realizar.
Não é como deseja,
Não adianta lapidar,
Pois não tem realeza
Para se consolidar.
Será o meu fim
Ou apenas momento ruim?

Pela vida inteira

Pela vida inteira permanecer
E pela eternidade te amar.
Para todo sempre ficar com você,
Ao seu lado o tempo todo vou estar.

É esse tão imenso sentimento
Que cresce e cresce a cada dia,
Que te deseja a todo o momento.
Estar com você, minha alegria.

É minha tão bela estrela,
Que ilumina todo meu caminhar.
Ao meu lado quero sempre tê-la
E pela eternidade te amar.

As juras de amor

Nunca canso de dizer
Quão grande é meu amar.

Nunca vou me arrepender
Do meu total entregar.

Sempre insisto dizer
Quão grande é meu amar.

Para sempre vou querer
Ao lado dela estar.

Ressaca

E as forças são tragadas,
Levando à exaustão.
A mente embriagada,
Perde a exatidão.
Não sente, não vê,
O corpo em trapos
Sem saber por que
Encontra-se em farrapos.

Confiança

Com os olhos vendados
Enxerga com o coração.
De virtudes, tomados,
De nobre distinção.

Transborda sinceridade
Em laços de confiança.
É a profunda verdade
Que preenche a esperança.

De um mundo encontrar
O tão puro abençoar.

Equalização

Os sons em harmonia,
Não em competição,
Para compor a magia,
O lírio da audição.

Distribuir as sonoridades
Em total igualdade.

Propósito

De propósito por quê?
A propósito de quem?
Há propósito em você?
Há propósito em alguém?
Talvez esse propósito
Seja tão profundo,
Seja o imenso depósito
Das dores do mundo.

Correções

Talvez estilo mudar,
Talvez o português,
Talvez para arrumar,
Talvez para talvez...
Sempre que releio
Encontro erros tantos.
Por isso fico alheio
E, às vezes, me espanto
Com esse tal bloqueio,
Com esse meu pranto
Que nasce ao rever
Aquilo que criei.
Não consigo conceber
Que um dia melhorarei.

Auto leitura

Não gosto de me ler
Seja no espelho ou folha.
Prefiro outros conhecer,
Libertar-me da bolha.
Para tudo, uma exceção.
E o meu reler
Eu uso como correção
Para depois me desprender.

Não gosto do meu texto antigo,
Prefiro o que está por vir,
Que ainda não está comigo.
Dos prontos, procuro fugir.

Tudo mudando

Mudadas atitudes,
Pensamentos mutantes.
Enfrentar vicissitudes
Agora tão intrigantes.
Agora livre escrevo,
Mesmo ruim,
Liberto, descrevo
O mundo para mim.
Aos poucos perco
Os tais pudores,
Transponho o cerco
Que me prende às dores.

Lugar ao sol

Não sei onde está.
Como é?
Não imagino.
Continuo a procurar.
Minha fé?
Eu me ensino.
Diante das trevas
Ou apenas ao lado?
No fim do arco íris?
Delírio apontado.

sábado, julho 11, 2009

Imensidão

Eu tenho tanto para lhe dizer
Mas essas palavras às vezes são
Tão pobres, tão vazias e sem poder
Para descrever essa emoção
Tão intensa que sinto ao te ver.

Tudo que carrego no coração,
Tudo que me alegra o viver,
Tudo que me traz a imensidão
Desse amor que sinto por você.

Romance

Separados, distantes
Os olhos se buscam
Em todos os instantes.

Enfim aproximam-se
As bocas se buscam
Tão logo, beijam-se

De novo separados
Em mente se buscam
Laços atrelados.

Para sempre unidos
Amor eterno buscam.
Os laços mantidos.

O caos do sentido

A visão é turva
A mente confusa
Caminhos em curva
A ação obtusa
Explosão, o surto
Caos proibido
O gozo tão curto
É prazer permitido.

Sentido do mundo

Embora muitos pensem assim
Sobre o viver para sofrer,
Sobre o padecer sem ter fim,
Pela dor se deixar corroer,
O mundo tem outro sentido.
O ensino é a sua função.
É o resgate ao perdido.
É revigorar o coração.
É recorrer ao sorriso
Sempre que for preciso.

Olhar com novos olhos

Novos valores atribuir
Abandonar o choro
Vangloriar o sorrir
Juntos, em coro
Sem desistir.

Longínquo horizonte

Está sempre a diante.
Está sempre distante.
Parado, além mar,
Parece nunca chegar.

Ao seu encontro tento ir
Sem nunca obter sucesso
Parece sempre fugir
Em constante regresso.

Primeiros traços de loucura

O surto...
O estado de pânico,
Da sanidade furto,
É como rito satânico.
É delito tão curto,
O distúrbio orgânico.

No cérebro ausente
Todos os sentidos expostos,
Perdidos dentro da mente,
Indispostos...

Viagem tão profunda
Em meio à loucura
Em desespero afundo
Em busca da cura.

Momento de espera

Sentado ou em pé,
No relógio o olhar.
Com medo ou com fé,
Segue a esperar.

Sem ao menos saber
Até onde irá.
Não pode nem prever
Se algo virá.

O toque de pele

Dos corpos a procura,
Desejo veemente.
Da atração, a cura
Intensa e ardente.

Enérgica combustão
Que a mente embriaga.
É tão ardente paixão,
Como o mar, nos traga.

É o único querer,
O da pele o tocar.
Aos instintos responder,
Ao prazer se entregar.

A troca de olhares

O encontro de olhares
É a faísca da paixão,
Mais brilhante que Antares,
Ilumina o coração.
Dois corpos entre milhares
Procuram-se em atração,
Do amor é a nascente,
Tão charmosa, envolvente.

O beijo

Tão intensa energia
Dos lábios, o encontro.

É tão grande a magia,
Como de fadas o conto.

A força que contagia,
Que deixa um pouco tonto.

É a tal chama da paixão,
A libido em combustão.

Autocontrole

As rédeas da vida, tomar.
Segurar todos os impulsos.
O instinto animal domar,
Manter a firmeza dos pulsos.

Apontar um rumo, direção,
O caminho que é correto.
É ser guiado pela razão.
É seguir rígido decreto.

Desvio de personalidade

Possuído parece estar,
Transformado e transtornado.

Só deseja ferir e brigar,
Pelo ódio é dominado.

Pela raiva deixa-se levar,
Arredio e transviado.

Controle então é perdido,
Pela fúria é possuído.

A dor de magoar

A palavra que foi atirada
O tão frágil peito atravessa,
Deixando a alma flagelada,
Do que se espalha tão depressa.

Para o caos perfeito guia,
Ódio, assim ele é chamado.
Fruto da horrenda covardia,
Derrama sofrer por todo lado.

Que rouba toda a paciência,
Que fere tanto a consciência.

Amor necessário

Toda forma de amar
É uma necessidade.

Do berço familiar
Até a sociedade.

É modo de transformar
Qualquer realidade,

Elevar a vibração,
Preencher o coração.

Olhar enfurecido

Pelo sangue percorre
Em total ebulição.
E a paz então morre,
Perfura o coração.

Nos olhos o tal rubor
Que causa sofrimento,
Que alimenta toda dor,
Que se torna tormento.

A fúria se liberta,
A grade é transposta.
É ferida aberta.
É tragédia exposta.

Magoa e causa dor.
É sepulcro do amor.

O inexplicável

A dor sem tradução.
O medo da morte.
Não ter explicação.
É azar ou sorte?

Além do entender,
Distante resposta,
Irá sempre temer
Toda a aposta.

Triste

Já não há mais tantas cores,
Tonalidades pequenas
Que pinta todas as dores
Em único tom apenas.
Tingindo todo meu sofrer,
Tomando forma tão dura.
Começa desaparecer
A minha chance de cura.
Arco-íris foragido,
Sob as nuvens escondido.

Incontrolável

Súbito, impetuoso
Domínio da mente.

É caminho suntuoso,
Parece tão envolvente.

E na primeira distração
Todo o controle se vai.

Perde então a direção,
Para o fundo ele cai.

O teste

Saber até onde se pode ir,
Quem sabe até o limite chegar,
Para encarar o que está por vir
Ou para o tão vazio superar.

Talvez para erro redimir
Ou para o caminho encontrar.
Será prova ou é penitência?
Será para medir paciência?

Andar descalço

Com os pés desnudos, solo tocar,
E sem intermediários sentir
Por entre os dedos areia passar,
Como criança de novo sorrir.

A liberdade ao tato dispor,
Libertando as tantas sensações
Escondidas nos puros corações,
Num ato de tão sincero amor.

Tão simples, tão alvo e tão belo
Sentimento que irá arrebatar,
Envolto por gesto tão singelo,
Como é o descalço caminhar.

Assim tornar-se livre para ser
Feliz, para assim permanecer.

Histórias recontadas

O conto repetido
Ao pé do ouvido,
No rádio ou telona,
Traz o drama à tona.
O triste arrependido
O feliz sorridente
O vilão reprimido
A dama inocente
O herói destemido,
Na trama envolvente.

terça-feira, julho 07, 2009

O tão longo caminho

Muito já foi percorrido
E muito ainda há de ser.
No caminho escolhido
Há muito para ocorrer.

O percalço tão sofrido,
A hora de tanto prazer.
O erro já esquecido
Faz essa dor prevalecer.

Angústia tão dolorosa,
Lágrimas de alegria,
Felicidade penosa,
Sorriso que contagia.

Tanta lembrança chorosa
Ou ter fé noite e dia.
A ação pecaminosa,
A luz que se irradia.

Muito já foi percorrido
E muito ainda há de ser.
No caminho escolhido
Há muito para ocorrer.

Fúria adormecida

É força tão intensa,
É sempre sufocada.

Confunde o que pensa
Pela dor, animada.

Só desfere ofensa,
Ação descontrolada.

A fúria tão imensa
Deve ser evitada.

Novos valores

Um novo olhar para o viver
Deve ser utilizado.

Com a criança aprender
O que vai ser valorizado.

Com esperança se envolver,
De amor sempre cercado.

E nunca irá esquecer
Tão belo aprendizado.

A grande mudança

Nada irá valer,
Nem a revolução,
Se não compreender
Que a transformação
Deverá ocorrer
Dentro do coração.

Valores numerais

A casa decimal
O quanto determina,
Se é bom ou mau,
Numeral sinal.
É a quantidade
Não a qualidade.

No embalo da paixão

Entoa-se a melodia
Do ritmo chamado paixão,
Que a pele arrepia,
Que embala o coração.

Os corpos em harmonia,
Em veemente atração.
Libido se contagia
Com essa ardente canção.

E ao toque dos contornos
Perde-se toda lucidez,
Deseja-se mais uma vez.

Do amor são os adornos.
É tão enérgica chama
Que o corpo tanto clama.

Em cima da hora

O último prazo
É hora da ação.
Rito do atraso
Persiste-se então.
Sem ao menos pensar,
Pois muito embora
Pareça-se tentar,
Em cima da hora
É estranho prazer,
Sempre estar a correr,
Parece ser valor
Único do labor.

Multicultural

Ver todas as crenças
Sem ter a colisão
Sem ter as ofensas
Sem ter a discussão
Pois não há a pior
E nem a mais certa
Encara-se melhor
Com mente aberta.

O bar

As mesas dispostas,
O som ambiente,
As tantas respostas,
Povo sorridente.
Nas faces expostas
O ar envolvente.
Alegria do bar
Pode contagiar.

No copo cerveja,
Displicente papo.
O casal se beija,
O sorriso nato
Para que se veja
Todo fino trato.
Alegria do bar
Vai te contagiar.

Viagem surreal

Transportar-se a outras esferas
Para buscar o conhecimento,
Deparar-se com tantas quimeras
E dominar o discernimento.
Acabar com todas as esperas
E saciar com novo invento.
Aproximar-se da evolução,
Da sabedoria, irradiação.

segunda-feira, julho 06, 2009

Balada de amor

A viola dita o tom
Com melodias de amor.
A paixão embala o som,
A sinfonia de torpor.

O casal apaixonado
Pelo ritmo é levado,
Perdem todos os sentidos,
De amar entorpecidos.

E só desejam o bailar,
Insanos, embriagados.
Intensa chama a queimar
Pelo desejo são tomados.

A harmonia de prazer
Faz a libido acender.

Doce lar

É o refúgio do amor,
Às vezes, recanto de dor.
Assim é o doce lar,
Com cenas de amargar.
Se sempre feliz fosse
Seria como doce
Que de tanto degustar
Poderia enjoar.

Café da manhã

À mesa sentados,
Eles degustam o pão.
No princípio calados,
Trocam olhares então.

Enfim aproximam-se,
As palavras trocadas,
E assim abraçam-se,
A paz reencontrada.

Os dois lados da ponte

É chegada ou partida,
Do transeunte depende.
É o legado da vida,
E há quem se arrepende
Pela opção escolhida.
Ato de quem não entende,
A chance oferecida
Pois com a dor se ofende
E abandona a vida.

Regressar

Após longo período distante
Prepara-se para o seu retorno.
Deixara os pais e a amante
Em busca de vazio adorno.

Nas malas traz lembranças apenas,
Pelo desejo de enfim reencontrar
Supera todas as dores pequenas
E todo o cansaço de viajar.

Todos reunidos na porta do lar.
Pais, amigos, filhos e amante,
Pacientemente a esperar
O encontro, o tão sonhado instante.

Juventude eterna

É o medo de morrer,
Resulta na cobiça
De jovem permanecer,
Vontade que atiça.
Corpo artificial,
O “botox”, a plástica.
Juventude virtual,
Viagem fantástica.
Mas o medo de viver
Resulta no desejo.
De jovem permanecer,
Reaver o ensejo.
Se a vida quer mudar
Não soube aproveitar.

A grande novidade

O novo “design” exposto no museu
É chamado por nós de moda “retrô”,
A outro tempo distante pertenceu,
Foi usado antes do meu avô.
É a falta de criatividade,
É o fruto da pressa em produzir,
Que sacrifica a autenticidade,
É no “clichê” o eterno imergir.

Estado de espírito

Possui a vida duas opções,
A felicidade, a tristeza,
Dois extremos, duas dimensões,
Traços de nossa natureza.
Para fazer a escolha certa
Basta manter-se alerta,
Pois todos os gozos e dores,
Sempre presente estarão,
Mas os verdadeiros valores
Estão guardados no coração.

Passado, presente e futuro

O antes, o mérito
O feito pretérito.
É o sonho, o após,
Atos distantes de nós.
Estados divergentes,
Traços comuns possuem.
Ambos vivem na mente,
Ambos do viver excluem.
Entre eles o presente,
A dádiva divina,
É a vida vigente,
Do tesouro a mina.

Viver o momento

Cada instante
Cada momento
Hora minguante
É acalento
Ao ser errante
Tentar, o intento,
Estimulante
Discernimento.

sexta-feira, julho 03, 2009

Período transitório

Não é começo
Muito menos fim.
É endereço
Bem confuso sim.
Não é partida
Não é chegada.
Sem despedida
Condecorada.

Apoio de mãe

Auxílio incondicional
De um amor tão sincero,
Às vezes é irracional,
Mas sempre muito esmero.
E no mento crucial
É por ela que eu espero.
Para consolo encontrar,
Basta a ela abraçar.

Inferno pessoal

Esses monstros pessoais,
Nossa própria criação,
Tornam-nos irracionais,
São como assombração.
Parecem ser tão reais,
Esmagam o coração.
São os medos triviais,
Nascem na escuridão,
Confundem nossa mente,
Assustam toda gente.

Aversão

Deseja distância manter
E prefere a reclusão,
Para que sabe esquecer,
Livrar-se da assombração,
Para que possa livre ser,
Para abrir o coração.
Dos traumas de outros tempos
Libertar-se por um momento.

A gota de sangue

A gota de intenso rubor
Brota na pele a manchar,
Tecido de alvo esplendor
Que agora passa a tocar,
E converge em outra cor,
A pura aurora imitar.
Provinda da súbita dor
Que fez a pele rasgar,
Líquido de tanto vigor
Do peito, a derramar.

A dor agridoce

É intensa, suave,
Aos poucos entorpece.
Não traz mazela grave,
Apenas aborrece.
É tão sutil entrave,
Saúde que estremece.
O agridoce sabor
Da inocente dor.

Voltar atrás

O erro reparar,
Saber reconhecer.
O tempo recuperar,
Saber agradecer.
Hora de reformar,
Tanto aprender.
Poder reconquistar,
A chama acender,
A paz encontrar,
Feliz então viver.

Reconciliar

Os laços reatar
Para enfim ser feliz.
Um irá perdoar
Como o outro quis
E assim redesenhar
A vida com um giz,
Traços de esperança
Forma a confiança.

Agitação noturna

O corpo adormecido
Move-se para os lados,
Parece entorpecido,
Parece alucinado.
Agita-se ao dormir,
Tanto incômodo sente.
Dá cama vai cair
Para voltar ao presente.
Pesadelo tão real
Atormenta sem igual.

Quantificar

O mundo numeral
Contando um a um
Para aumentar o total
E sair do comum.
Quanto mais, melhor,
O acúmulo é a regra.
Tem destino de dor
Que a ela se entrega.

quinta-feira, julho 02, 2009

Minha redentora

Entre as mulheres milhares
Desse mundo, destaca-se.
Digna dos alvos altares,
Mas conosco coloca-se.
É protetora dos lares,
Santidade evoca-se.
Para todos os lugares
Esse amor desloca-se.
Desde a minha infância,
Sem importar a distância,
É minha mãe protetora,
É eterna redentora.

Cultivar o respeito

Carrega no peito
Nobre sentimento,
Chamado respeito,
Grande crescimento.
Se guardar no peito
Outro sentimento,
Chamado despeito
Viverá em tormento.

Um gesto

Pode ser bendito,
Às alturas leva.
Pode ser maldito,
Arrasta para as trevas.
Fruto da postura,
Da forma de falar.
Pode ter lisura,
Pode até matar.

Monólogo

Falar sem ser ouvido,
Falar sem poder ouvir,
É grito reprimido
Prestes a explodir.
Fala em sua solidão
E não quer escutar
A voz do coração,
Tentando se expressar.

Reconstrução do ser

Tijolo por tijolo colocar
Sem pressa alguma de concluir.
Para a base sólida se formar,
Para o caráter se reconstruir.

Aos poucos, segue lapidando
Aquele bruto interior.
E assim se concretizando,
Sobre o alicerce do amor.

A ferramenta caridade
Embeleza a firme construção,
Repleta de felicidade
Que arrebata o coração.

A era do resumo

Com breve pensamento
Garimpo a solução,
Sem aprofundamento,
Apenas informação.
Sem ter conhecimento
É tempo posto em vão.
Para que amadurecer?
Só quero aparecer.

Amor para a vida inteira

Será por toda a minha vida,
Será por toda eternidade.
Amarei sem qualquer medida,
Amarei com intensidade.

Mesmo sem a plena lucidez,
Mesmo quando não mais respirar,
Este amor que por ti se fez
Para sempre irá te amar.

Seja esperança perdida
Ou qualquer dor a me sufocar,
Eu sofro mais na despedida.

Minha cura é te encontrar,
Permanecer por toda vida
Ao teu lado para te amar.

Em síntese

Em síntese viver
E logo chegar,
Sem tempo a perder,
Sem poder parar.

Em síntese sentir,
Superficial,
Para alma mentir
E ser racional.

Em síntese pensar
Para resolver.
Breve ponderar,
Tão rápido ser.

Em síntese amar
Sem se envolver,
Sem apaixonar,
Enfim, sem viver.

A melodia do piano

Pelas teclas deslizam as mãos,
Belas melodias a entoar.
Dançam em passos de ilusão
Que fazem a plateia bailar.
Segue sob o ritmo da paixão,
Tantos delírios a despertar,
Nem embalsamado coração,
Feliz, pelo salão a rodar.

A caixa de surpresas

Caixa tão pequena
Daquela criança
Que guarda apenas
Sonhos, esperanças.
Singelas, serenas,
Belas lembranças.

quarta-feira, julho 01, 2009

Meu medo

Causa-me terror
O reles pensamento.
Temo pela dor
Também por sofrimento.
Tamanho horror
Tornar-se um tormento
Sem explicação,
Parece ser um trauma.
Tanta aversão
Rouba-me toda calma.

Inocência

No sorriso infantil
Vive a inocência.
Gesto tão gentil
De tanta influência.
Torna o arredio
Em poço de paciência.
Fonte de inspiração
Que alimenta o coração.

Expressões

Expõem o desgosto,
Mostram satisfação,
Os traços do rosto
Desenham a expressão.
Sorriso disposto
Olhar de presunção.
O falso deposto,
Morre a difamação.

Força do hábito

Mais forte que a vontade,
O costume repetido.

É ato de sinceridade
Às vezes incompreendido.

Transparece a verdade,
O sentimento escondido.

Pela força que invade
A mente do desprevenido.

Sala de espera

Sentados em fileira, um a um, esperam, pacientemente, chegar a respectiva vez. Uns são mais exaltados, sempre andando para os lados, outros são mais contidos e aguardam parados.
À medida que o tempo passa, a fila, como se tivesse vida própria, move-se em constante metamorfose, ora grande, ora pequena.
As vidas se encontram e as histórias se misturam. Pessoas que nunca se viram antes, por instantes, tornam-se membros da mesma família de sobrenome, Espera. O relógio avança, impiedoso para uns, acalentador para outros, enquanto o “senta, levanta”, de gente que chega para ficar, parar, sorrir, chorar, conversar, lamentar, e tantos outros verbos que embalam um centro de saúde público.
Nascem amizades instantâneas, homens, mulheres, crianças, que por um momento eterno, dividem um segundo ou eternidade, escala determinada pelo tamanho da dor ou grau de importância do próximo compromisso.
Teresas, Cristinas, Anas, Joãos, Robertos, Paulos, entram e saem do consultório, até que finalmente, como em toda família, brota o desejo de sair e viver a própria vida. Chegou minha hora, fui chamado para ser atendido.

Minha felicidade

Ao lado dela permanecer
Até o dia amanhecer,
Me traz tanta alegria,
Meu coração contagia.

Com ela até o sol partir
Me faz ficar sempre a sorrir.
Torna minha vida feliz,
Me faz desejar sempre bis.

O gosto do beijo

Mais doce que o mel,
Tão suave sabor.
Me leva ao céu
De intenso amor.

Bela sensação
Que desperta paixão
Lábio a tocar
No ato de amar.

Desejo

Impulso fulminante
Que domina a mente
Em um curto instante,
Em estado demente.

É súbita vontade
Que rouba a sanidade.
E só quer satisfazer
E só pensa no prazer.

Estar com ela

Da minha felicidade o fruto
Que brota ao simples ato de olhar
Da minha alegria o tributo
Que para sempre irei celebrar.

Tão belo, único, especial
É o momento de encontrá-la.
Tão intenso, raro e sem igual,
É melodia que me embala.

A esperar por um longo dia
E quando enfim posso tocá-la
O mundo todo então se cala.

É sentimento que contagia,
Um instante de tanto esplendor
Que vivo ao estar com meu amor.

Pobres devaneios

Antes sonhava ser astronauta
Para aproximar-se das estrelas.
Agora deseja ter renda alta
E cada vez mais enriquecê-la.

Ser herói ele também já sonho,
Ser corajoso e desbravador.
Mas o tempo as poucos apagou
Os sonhos do menino sonhador.

Agora ele é homem feito
Que não perde seu tempo sonhando.
Ocupa-se com a dor no peito
Que aos poucos o vai definhando.

Pois quando deixou de ser criança
Deixou também de ter esperança.

Aprendiz de feiticeiro

Os segredos da poesia
São compostos de magia
Do sábio mago das letras,
Que domina as canetas.
Num rito de fantasia
Busca a forma perfeita,
A emoção que contagia
Escondida sob a receita.