sexta-feira, maio 29, 2009

Interação

É, até certo ponto, estranho o desejo de fazer parte de algo. Principalmente, quando este algo dá certo.
A sensação de dever cumprido de quem sequer participou, é tão contraditório. O valor atribuído a um trabalho é tão ilusório, parece valer mais para quem nada, ou quase nada, fez, do que para aquele que, intensamente, se dedicou. Talvez pelo fato de que quem o fez ache ato banal, comum.
Ato realizado é ação consumada, passado, já foi, já aconteceu. E quem nada fez, ao ver o resultado final, surpreende-se ao deparar-se com “tamanho feito”, em sua limitada percepção de ausente participante.
O grito da multidão, mesmo que em sua fantasiosa visão diga o contrário, não faz parte da música. São apenas os músicos que a fazem e ponto. É particularidade deles, desde o semear o trabalho, até a comemoração pelas glórias. É satisfação pessoal e não orgasmo coletivo.

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