sábado, outubro 31, 2009

Sobressalto da ira

E é quando a ira sobressai
Que o peito é devastado
Sobre os ombros então recai
Um sentimento dilacerado
Por este ato que subtrai
Seguirá sempre abandonado
Caído por qualquer esquina
Colhendo frutos da própria sina

O cantar dos fantasmas

Os fantasmas tão sombrios
Em seu cantar platônico
Despertam os arrepios
Sempre sutil, lacônico

E num passo lancinante
O som espalha-se no ar
Neste grito discrepante
Vagar sem rumo, ecoar

É quando a mente cala
Que as dores despejam
Na solidão desta sala
O que os medos almejam

O alto do pedestal

No pedestal mais alto permanece
Sem sair do seu estado real
O sentir dos outros apenas esquece
Espera dos súditos sem igual
Não se entrega, não desfalece
Por ser ação tão trivial
O ponto mais valioso, o centro
Seus olhos apontam pra dentro.

As flores

Se o jardim é regado por flores
O perfume e as carícias voam pelo ar,
Exalando a sensação suave das cores
Que fazem o íntimo então despertar.

Cada pétala que rola pelo chão
É fruto das investidas do vento,
Que aos poucos dilacera em vão
Este tão belo e florido rebento.

Resta às flores os espinhos
Que ferem quem se aproxima
Mantendo todos ali, sozinhos.

E assim desfazem-se todas as rimas
Fechando do peito os tantos caminhos
E por fim ignora a arte de cima

As dúvidas da noite

A noite traz surpresas tantas
Que roubam a cena, o olhar
Levam ao delírio as gargantas
Vibrando as cordas ao vociferar
Será a resposta tão esperada
Pela mente agora dilacerada?

sábado, outubro 17, 2009

O devaneio das horas

Este efêmero desejo que nasce
No clímax voa pelo ar das auroras.
Marcado, transpor do momento, na face,
Guiado pelo devaneio das horas.

O tempo segue sem ter rumo vagando,
Escorre entre os dedos, desatino.
Em lágrimas partem as gotas, rolando.
Areias caem, atravessam, destino.

O grito, eco do relógio, difusão.
São números, apenas correm sem parada,
Segundos que passam sem ter direção,
Os dias neste vil cair, madrugada.

Futuro, passado, tão curto presente,
Rolar eterno destas púrpuras águas.
Do peito cessam as feridas da mente.
Perder, sentidos são rasgados, as mágoas.

Se foi, crepúsculo, tão tinto o sabor.
O sino, último reviver da fala.
Semanas, meses, anos perdem-se na dor
E outra vez este agora se cala.

Os segredos da minha amada

É algo no olhar
Que tanto me satisfaz.

Exala pelo ar,
Paixão em gestos, vivaz.

É em seu sorriso
Que encontro o encanto.

Amor que preciso
Que me alegra tanto.

Do corpo, contornos,
Entorpecem meu sentir.

Seus belos adornos
Que despertam meu sorrir.

Descansa serena
Deitada em meus braços.

Magia da cena,
Estreitar destes laços.

É dona do torpor,
É musa, minha canção.

É razão, meu amor,
Meu bater do coração.

Os mistérios do caminhar do tempo

A gente sente o caminhar do tempo
No puro contemplar do olhar infantil
Que começa tão perdido, desatento,
Que aos poucos se torna hábil e sutil.

O que apenas a mãe reconhecia
Agora o mundo todo quer descobrir,
Encantando-se com toda a magia
Contida dentro de um singelo sorrir.

O tempo avança diante do olhar,
Um mundo se apresenta aos pequenos.
São mistérios que os fazem rir ou chorar,
Que preenchem estes olhos tão serenos.

O fundo do poço

Estar no fundo do poço,
Onde vivem tantos temores
E o escuro dá o tom ao lugar,
Desperta até a ferida escondida,
Sob os véus dos diversos sorrisos,
Porém expostas no calar do olhar.
Amargo é o toque no peito,
Tristeza é a forma do sentir.
Refém dos próprios monstros, delírios,
Segue procurando uma saída.

Lições do viver

O mestre chamado viver
Traz tantas lições tão sutis
Que às vezes não dá para ver,
A razão que nos contradiz.
O tempo nos faz entender
Apenas nas horas febris.
Então se abre a mente
E olha a dor ausente.

Escolhas

Nas encruzilhadas do intenso viver
Às vezes perdemos o ponto, a noção,
E pecamos ao não conseguir entender
Que toda e qualquer vívida sensação
Brota do nosso livre ato, escolher,
Depende do que nutrimos o coração.
É a escolha entre sofrer e amar
Que muitas vezes nós fazemos sem pensar.

Aprender a viver

Do cárcere foge rumo ao sorriso,
Da dor ele escapa com o imaginar.
Lições que viveu o guiam como aviso,
Serão o motivo da lágrima calar.

E olha o passado sem qualquer rancor
Apenas lembranças que ditam o rumo
Agora ele sente o doce sabor
Que enche de forças, que dá o aprumo.

Então aprende o sentido do sorrir,
Caminha feliz nas esquinas do viver
E cada nova rua não teme sofrer.

Encara de frente o que está por vir,
Os medos todos foram deixados pra trás,
Assim segue cercado pela pura paz.

Apenas viver

O óbvio às vezes não acontece,
Surpreende por sua audácia.
Faz da previsão concreta
Um mistério cego, surdo e mudo.
Para livre viver
Às vezes é bom o futuro esquecer
Não olhar para o passado
E apenas sentir a vida correr.

sábado, outubro 10, 2009

Os mistérios

O universo, tantos mistérios,
Fascínio no ar.

Como nos versos, vívidos toques,
Suave brilhar.

Vários encantos nestas estrelas,
No alto, raiar.

As constelações cantam serenas
No sacro calar,

Que silencia nossos olhares,
Que fazem chorar.

Gélida noite, pobres palavras
Que vagam ao mar.

As dores do caminho

Encontro pelo caminho
Perguntas tão fascinantes.

Me perco, fico sozinho,
Sentido dores berrantes.

Tão tintas como no vinho,
Eternas como instantes.

O gosto desta solidão
Sufoca toda a canção.

A própria prisão

Os caminhos da vida nos levam a lugares inóspitos,
Às encruzilhadas que entalham aos poucos o ser
Com as barreiras e espinhos que rasgam a pele.
O gélido crepúsculo que irá alvorecer,
O destino mais perigoso, mais incerto,
Que detém mistérios, enigma e tantas questões
Atormentam nossos olhos quando abertos.
Estar preso na própria mente às vezes traz tanto temor.

Águas serenas

As águas que rolam tão serenas
Levando consigo as histórias
De grandes conquistas ou apenas
Singelos sorrisos das memórias
Derramam em gotas tão pequenas
As lágrimas, perdas e vitórias
O peito despeja sentimentos
Provindos de todos os momentos

A visão da vida

A única visão exata da vida
É aquela pelo espelho mostrada.
É clara, exatamente refletida,
Sem ser pelas tolas paixões ilustrada.
Tão direta, nem um pouco distorcida
E sem trazer qualquer cena maquiada.
Sincero, autêntico ato de viver
Que está expresso neste transparecer.

Sempre imune às distorções do olhar,
Tão límpida é sua apresentação.
Dos fatos a realidade vai mostrar,
Os detalhes verdadeiros da sensação.
Sem a neblina para o atrapalhar,
Sem a máscara usada pela canção.
O mundo de verdade irá conhecer
Refletido no cristalino descrever.

As voltas do viver

As voltas presentes no viver
Obrigam o mundo a mudar.
A glória sonhada, o querer,
Também se transforma no olhar,
O pranto que rola, o sofrer
Será o alento, o curar.
As dores conduzem ao sorrir
Nas cores da rosa a luzir.

Lições para vida, aprender,
A pétala vívida no ar.
As dores do peito a dizer:
A mente precisa avançar.
Os olhos que sofrem ao perder,
Orgulho da alma arrancar.
Um passo que leva ao sorrir,
Espaço aberto ao sentir.

A outra verdade

As verdades parecem escondidas
Para quem não ouve a intuição
Sempre desatentas e distraídas
Ignoram a mensagem, sensação,
Entregam-se às volúpias das vidas
Não sentem mais o bater do coração
Desejam apenas o acumular
Esquecendo de também aproveitar

Escravos da mentira

Hoje escravos das tendências
Ditam ritmos, atitudes

São as regras das aparências
Roubando do ser a plenitude

Graves, drásticas consequências
Morte das velhas altitudes

Geram homens sem vontade
Sem caráter, realidade.

A razão dos temores

Talvez estes temores sejam só drama
Restos, gestos pequeno, tolos, infantis
Traços vívidos desta vida profana
Birra, mimo de uma criança feliz

Sim, feliz, mas também egoísta, cruel
Quer o mundo curvado aos seus caprichos
Quer as coisas à sua vontade, o fel
E nos olhos alheios, dores são lixos

Própria dor é a única preocupação
Deste ser, desumano é o coração.

sexta-feira, outubro 02, 2009

Desejos febris

Noite à dentro segue o sonho, se faz
Gestos intensos, ardem carícias, paixão
Corpos então colados, delírio, tesão
Beijos tão quentes cravam na pele vivaz

Grava na mente vívidos toque, prazer
Sem na alma este pedido carnal
Brotam loucuras, novos sentidos, nascer
Este carinho faz a sensação real

Seguem o rumo destes desejos febris
Tornam a vida prazer intenso, feliz

Presença real

O temor pela barreira invisível
Que brota do interior como trauma
E torna a confiança tão sensível
Nos rouba a esperança e a calma

O medo da tal presença material
Invade a alma, súbito, intenso
Não quer perder a felicidade real
Não quer deixar o sentimento suspenso

As lágrimas rolam do peito à face
Por dentro da carne, caminho sutil
Querendo apenas que isso parasse
O sangue correndo pelas veias, febril

Sereno gosto do teu beijo sincero
Presente em meus lábios, tudo que quero

O crescer do sentir

A cada dia, a cada gesto
Aumento o sentimento sem fim
Expressa o amar, manifesto
Supera todo sentir de festim

Carícias, até as tão pequenas
Do peito, o sorrir alimentam
As cenas alegres são centenas
Os medos todos se afugentam

O toque é então combustível
Que sempre arde na pele, paixão
É sonho que se torna possível
A vida que nasce do coração

O tal entregar-se

O toque é profundo, intenso,
O vívido e belo reluzir.
Num céu entorpecido, suspenso,
Um beijo que desperta o sorrir.

A luz que a janela recebe,
Um brilho, alvoradas singelas.
O gosto deste gole que bebe
Exala as diversas quimeras.

Mergulha neste vale tão certo,
Espera as respostas encontrar.
Deseja o estar sempre perto,

Seu sol no horizonte a raiar.
Que deixa este peito aberto,
Dizendo as promessas do amar.

Nuances do ser

Contida esta voz na melodia
Viaja pelo ar até o peito
Voraz sentido que nos contagia
Desperta doce emoção, efeito

Que dita o ritmo da batida
Embala, arde dentro do coração
Motivo, energia para vida
Torpor que vaga, plácida a canção

Por ela seguem dominados enfim
Entrega vívida a este prazer
Luar, o brilho límpido sem fim

A bela, benta música a dizer
Vivendo lá dentro, em você, em mim
Nuances todas são contidas no ser

Encontro com o íntimo

O olhar para dentro às vezes traz dor.
Deparar-se consigo confunde tanto.
Os sentidos carregam apenas olor,
No escuro se perde o tal encanto.

Esta fúria que nasce veloz, sem causa,
Sentimento que gera profundas dores.
Harmonia dissolve, amor em pausa.
O perfume no ar não provém das flores.

Estendido no chão finalmente chora,
Neste pranto apenas implora perdão,
Nestas lágrimas pede qualquer solução.

E agora perdido caminha fora.
E espera que possa a calma achar,
E deseja um dia poder se curar.

quinta-feira, outubro 01, 2009

Os segredos daquele olhar

Neste esverdear há volúpias a nascer,
Me tragam, tão intenso, vívido amar.
Mergulho nestas águas pra enlouquecer,
Profundo torpor brota deste sonhar.

Sentidos vagam, seguem firmes sem pensar
Entrega tão sincera, toque de paixão,
A mente quer apenas este olhar,
Vagar sem rumo nesta bela sensação.

Embriagado só desejo saciar,
Tamanho prazer neste encontro sutil.
Tanta vida naquele cândido raiar,
O sangue ferve, corpo arde tão febril.

Entrego minha alma para esta luz,
Segredo do olhar que tanto me seduz.

sexta-feira, setembro 25, 2009

Momento perfeito

Alegra tanto meus olhos ao abrir
Esta certeza de te encontrar.
Tristonho coração passa a sorrir,
Tão belo motivo para sonhar.

Mais radiante que o sol ao nascer
Permanece minha alma então
Ao sentir-me tão amado por você,
Intensa, prazerosa sensação.

Tragado pelas nuances do tempo,
Cheias de medo e esperança.
Só quero que voe como o vento
A distância que não te alcança.

É fruto do meu sorriso sincero.
É cor que dá vida ao meu peito.
É a hora que eu tanto espero,
Encontrar-te, momento perfeito.

Distância

O gesto agora lacônico,
O sorriso é tão comedido.
Paixão em estado irônico
É sopro da intensa libido.

Os olhares apontam distantes
Um horizonte tão comprimido.
As horas que eram instantes,
Apenas um sonho perdido.

É desejo do outro tocar,
A tal chama parece ausente.
Apaga aos poucos este amar,
Sentimento único, carente.

As peles que antes atraídas
Afastam-se, estão distraídas.

O vagar sem destino

A busca às vezes incessante
Rasga o peito, fere a alma
E o desprezo pelo instante
Perfura com furor, pobre trauma

Pelo viver é viril amante
A quem entrega-se sem as questões,
Sem pensar, só segue adiante
Ao deparar-se com os turbilhões

A avançar em seu desatino
Não valoriza sua história
O buscar apenas ao destino
É ignorar a trajetória

Os temores da queda

O medo da perda faz-se
Quando não se sente capaz
Insegurança que nasce
A montanha que se desfaz

Não encara mais a vida
Tenta fugir, tenta correr
É a coragem perdida
Que gera tormento, sofrer

Não sente suficiente
O que pode oferecer
A fraqueza aparente
Toma então todo poder

Sem rumo segue o viver
Tentando, talvez, esquecer

Sempre além

As barreiras todas derrubar
Em frente é sua direção
Ante ao cair, o levantar
Sentir a força do coração
Os temores então enfrentar
Com fé, confiança e devoção
A persistência para seguir
A eterna busca do progredir

Os tantos obstáculos superar
O desafia é sua motivação
Sem desistir, nunca se entregar
Sua energia é sua paixão
Para assim glória encontrar
Conquistar, a consagração
Satisfazer-se a cada vitória
A cada capítulo da história

quinta-feira, setembro 24, 2009

Concentrar-se no destino é ignorar a trajetória.