terça-feira, maio 05, 2009

O piano que queria cantar

Estava farto de sua condição de piano tocado. Queria usar novos talentos, nunca antes explorados, nem sequer notados.
Decidiu que suas teclas não iria mais mover, independente do som, fosse ruim ou bom, recusava-se a tocar. Não aguentava mais a parceria de pianista e piano, ser um mero instrumento na mão de um ser humano. Seu desejo era carreira solo e, por isso, resolveu segui-la cantando.
Alertaram-no sobre o fato de não possuir cordas vocais, mas ele protestava, dizendo que possuía cordas, só que de outros materiais. Eu posso adaptá-las. Segui com sua nova ideia. Cantaria sozinho e ecantaria a plateia, como faziam os grandes solistas.
Tanto insistiu que aprendeu a cantar, porém seu estilo era tão peculiar, que o público não se sentia atraído a apreciar. Sua voz metálica e martelada não fazia nenhum sucesso.
Não compreendia o porquê da recusa de sua nova condição. Ao delírio foi levado por seu desejo de ilusório de glória individual. Assim, atingiu o fundo do poço e caiu na miséria total.
Como uma roda, a vida dá voltas. Mesmo esquecido ele encontrou sua essência no momento que foi induzido a uma nova parceria. Numa humilde residência, acompanhando uma pequenina menina em suas aulas de música, compreendeu a importância e reviveu o orgulho de ser um piano.

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